A obra de duplicação da serra da Rodovia dos Tamoios contou com mais de 2.500 trabalhadores, entre funcionários diretos da construtora Queiroz Galvão e da Concessionária Tamoios, e indiretos, ligados às prestadoras de serviços.
Grande parte dos colaboradores foi recrutada na região e treinada em diversas funções específicas da obra. Os que atuaram nos limites do Parque Estadual da Serra do Mar receberam treinamento dos monitores ambientais do parque sobre a importância de preservar e até para conhecer as espécies de plantas nativas da região.
"Grande e desafiadora, a duplicação foi uma ‘faculdade’ de engenharia a céu aberto, com ênfase em estruturas, geologia, meio ambiente e gestão de pessoas. Todos os que por ali passaram saíram maiores do que entraram", afirma Bergson Araújo Cajueiro, diretor de operações da Construtora Queiroz Galvão.
A complexa engenharia da Tamoios contou com profissionais como o Bota Fora, apelido do mestre de túneis Anderson Pereira, 47 anos, um especialista em perfuração e construção de túneis que chegou à obra no seu início, em 2017.
Baiano de Paulo Afonso, Bota Fora levou para a Tamoios sua experiência de 27 anos com perfuração de túneis, como os do metrô do Rio de Janeiro, onde trabalhou. Mas na serra ele se deparou com uma realidade bem diferente. "Na escavação do túnel 1, de 2,9 quilômetros, logo vimos que o material era diferente, com rocha boa nos primeiros metros, e depois muita água e lama", conta. "O usuário que vai passar pelos túneis da Tamoios não imagina as dificuldades que enfrentamos nessa construção."
Em uma atividade como essa, riscos não faltam. Mas com os rígidos protocolos da construtora Queiroz Galvão e a gestão focada em acidente zero de Fábio Silva, Bota Fora ainda se surpreende por ter passado quase cinco anos na obra sem nenhum acidente. "Nunca vi isso na minha carreira. Todos abraçaram a ideia de acidente zero e a gente conseguiu. Foi um grande aprendizado", afirma.
"As pessoas são as peças fundamentais. Não adianta só ter equipamentos de última geração, é preciso ter gente motivada para enfrentar um desafio desse tamanho"
Fábio Figueiredo Silva, gestor da obra da Tamoios
Além da segurança e dos treinamentos para a preservação da vegetação nativa, o que mais impressionou o também mestre de túneis Fernando Medeiros, capixaba de 42 anos que trabalha na Queiroz Galvão desde 2001, foi a topografia da região. Medeiros lembra que durante a montagem do teleférico de cargas cable crane, o acesso era feito por escadas. Os trabalhadores precisavam vencer mais de 500 degraus na mata. "Isso foi bem no início da obra. Depois, passarelas foram montadas e com o funcionamento do cable crane tudo melhorou", diz.
Medeiros começou a trabalhar na Queiroz Galvão como ajudante de produção e foi crescendo na carreira até chegar a mestre de túneis. "As oportunidades apareciam e eu ia aprendendo com as pessoas e crescendo na empresa", afirma. Hoje ele estuda Engenharia de Produção, mora em Caraguatatuba e gosta do que chama de "vida do trecho", por estar sempre em pontos diferentes de uma obra.
ATENDIMENTO AO USUÁRIO
Na retaguarda da Rodovia dos Tamoios, mas também envolvido com os desdobramentos das obras do trecho de serra, está Eduardo Lossavaro, 33 anos, supervisor de operações do Centro de Controle Operacional (CCO).
Formado em logística, Lossavaro começou na Concessionária Tamoios em 2015, como atendente dos usuários da rodovia que precisavam de ajuda. Logo foi promovido e não parou mais. Hoje seu maior desafio é estruturar e liderar as equipes de atendimento aos usuários. "Pelo contrato de concessão, 90% dos resgates precisam ser feitos em até 10 minutos. Mas temos equipes muito rápidas, que chegam em 5 ou 6 minutos, o que faz com os usuários se sintam seguros", afirma.
Os socorros não são poucos. Em fevereiro, foram quase 1.000, entre resgates, remoções e problemas mecânicos. Mas com a entrada em operação do novo trecho de serra da Tamoios, a segurança para o usuário deve aumentar. "A serra antiga era um ponto crítico de acidentes. Com a duplicação, isso vai diminuir. Colisão frontal, por exemplo, não vai mais acontecer", afirma Lossavaro.
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