Medicina de precisão e diagnóstico precoce aproximam pacientes da cura do melanoma

Tratamentos personalizados são mais eficazes na luta contra tipo agressivo de câncer de pele

Mão segura placa com solução de proteína para cristalização
Mais severo devido ao alto risco de propagação para outros órgãos e menos comum dos cânceres de pele, melanoma dispõe de tratamentos cada vez mais efetivos - Novartis BrandLab

Com os frequentes avanços da medicina, a maioria dos cânceres já têm tratamento e, principalmente quando diagnosticados precocemente, podem até ter cura. Apesar disso, a percepção pessimista sobre a doença ainda domina o imaginário das pessoas. Pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) em 2017 revelou que quase metade da população (41%) afirma ter muito medo da doença. “Vencer o estigma é tão importante quanto vencer o câncer. No caso do câncer de pele, as campanhas de conscientização são importantíssimas para que mudanças de hábitos se tornem realidade, como realizar exames preventivos e se proteger do sol”, comenta dr. Rodrigo Munhoz, médico oncologista especialista em melanoma do Hospital Sírio Libanês e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).

O melanoma, menos comum dos cânceres de pele, mas o mais severo devido ao alto risco de propagação para outros órgãos, dispõe de tratamentos cada vez mais efetivos. Desde que o câncer seja descoberto em estágio inicial, é possível impedir sua progressão e melhorar a qualidade de vida do paciente. “É fundamental que a sociedade crie consciência sobre prevenção e entenda que, para aumentar as chances de cura, o diagnóstico precoce faz a diferença. O melanoma, apesar de agressivo, em muitos casos pode ser contido com terapia-alvo, que já se provou muito eficaz”, pontua dr. Rodrigo Munhoz.

A terapia-alvo age diretamente na mutação que causa a doença, no caso a mutação BRAF encontrada em metade dos casos de melanoma e que pode ser considerada um biomarcador para estes pacientes. Diferentemente da quimioterapia, radioterapia e imunoterapia - que exigem internação e deslocamento às clínicas e aos hospitais – os medicamentos da terapia-alvo são orais e podem ser tomados em casa, conforme orientação médica.

De acordo com o dr. Rodrigo Munhoz, a descoberta que mudou o panorama do tratamento de câncer melanoma foi compreender como a doença funciona e suas variantes. “O melanoma é um dos tipos de câncer com a maior frequência de mutações, podendo variar de pessoa para pessoa. Por isso, testes moleculares para identificação de biomarcadores são fundamentais para garantir um tratamento mais eficaz e personalizado para cada paciente”, defende.

Nesse cenário, a aprovação pela Anvisa da combinação de inibidores de BRAF para tratamento adjuvante é uma das inovações no tratamento do melanoma nos últimos anos. A partir de uma análise estatística dos dados clínicos obtidos com essa combinação, foi possível estimar que uma parcela de pacientes pode nunca experimentar uma recidiva. A terapia adjuvante é o tratamento adicional administrado após o tratamento primário, que geralmente é uma cirurgia. O seu objetivo é reduzir o risco de retorno do melanoma, já que 1 em cada 3 pacientes de melanoma apresentam recidiva.

Esta combinação de inibidores de BRAF é uma terapia-alvo que comprovou sobrevida livre de recaída para pacientes com câncer melanoma de estágio 3 com uma mutação BRAF. Indicada como tratamento adicional administrada após tratamento cirúrgico, tem como objetivo reduzir o risco de retorno do melanoma e apresenta taxa de sucesso em mais de metade dos casos, evitando metástases.

ATENÇÃO AOS SINAIS

“Se detectado no início, as chances de cura do melanoma são mais altas. Por isso, é importante realizar exames preventivos e se atentar aos sinais que o corpo dá”, afirma o dr. Rodrigo Munhoz.

A regra do “ABCDE” é adotada internacionalmente como forma de detecção de sinais sugestivos de tumor de pele do tipo melanoma, são elas: Assimetria: uma metade da lesão é diferente da outra; Bordas irregulares: contorno mal definido; Cor variável: presença de várias cores em uma mesma lesão (preta, castanha, branca, avermelhada ou azul); Diâmetro: maior que 6 milímetros; Evolução: mudanças observadas em suas características (tamanho, forma ou cor). “Na maior parte das vezes, essas alterações não são causadas por câncer, mas é importante que elas sejam examinadas por um médico”, finaliza.