Mielofibrose: câncer raro é foco de discussão em evento internacional

Meet the Professor reúne especialistas mundialmente renomados para discutir o trato da mielofibrose, tipo de câncer no sangue

Cansaço, fraqueza, suor noturno, falta de ar, perda de apetite e dores no abdômen são sintomas comuns dentre as reclamações de pessoas que estão acima da faixa dos 50 anos, que frequentemente consideram o processo de envelhecimento como responsável por essas queixas.

Contudo, com o avanço da medicina e a expectativa de vida cada vez maior, não é possível deixar essas ocorrências passarem em branco. O evento "Meet The Professor" abordou a discussão da mielofibrose, um tipo de câncer raro no sangue, além da jornada do paciente e inovações terapêuticas atualmente disponíveis para o tratamento da patologia.

“O passo número um para contribuir com a melhora da qualidade de vida de pacientes com mielofibrose é a compreensão completa e objetiva de sinais e sintomas vividos pelas pessoas afetadas”, destacou Serge Verstovsek, professor de medicina e hemato-oncologista no MD Anderson Cancer Center (EUA). Verstovsek é considerado referência mundial no tratamento de neoplasias mieloproliferativas, grupo de patologias em que a mielofibrose está inserida.

A mielofibrose é desencadeada pelo mal funcionamento das células-tronco, atingindo a medula óssea e prejudicando a produção de células sanguíneas (1). No Brasil, embora a incidência seja baixa, pacientes relatam que levaram cerca de dois anos (1) para obter o diagnóstico. Pessoas na faixa entre os 50 e 80 (2) anos são as mais afetadas.

“Há, ainda, um desconhecimento da área médica sobre a mielofibrose. Os sintomas, que acabam sendo gerais e facilmente ligados a outras doenças, também são um percalço para o diagnóstico. Os pacientes passam por vários médicos até chegarem no hematologista. Experiências como o Meet the Professor são essenciais para capacitarmos profissionais de saúde, garantindo que as necessidades dos pacientes serão atendidas”, comentou Douglas Vivona, gerente médico sênior de hemato-oncologia na Novartis, ao final do evento.

Embora a doença seja crônica e progressiva, o objetivo do tratamento da mielofibrose consiste principalmente no manejo dos sintomas e qualidade de vida. O evento abordou a importância de estar atento a inovações terapêuticas: “Uma vez que os sintomas sejam compreendidos, só então é possível dar início ao uso de uma terapia de alto impacto, com as doses ideais, alinhada com o controle dos sintomas”, adiciona Verstovsek.

O encontro também foi um momento para discutir estudos de vida real, que são realizados após aprovação regulatória de um medicamento e que focam na rotina da prática clínica e almejam apontar resultados de verdadeira eficácia e segurança para diferentes perfis de pacientes. Para a mielofibrose, esses estudos confirmaram que o manejo de medicamentos inovadores impactou em uma sobrevida (3) de longo prazo em pacientes, com redução de risco de morte em 73% (3).

“O nosso objetivo como profissionais de saúde deve ser controlar de forma otimizada a mielofibrose, fazer uso de uma terapia eficaz e prolongar a vida do paciente pelo maior tempo possível, sem perda de qualidade de vida e autonomia”, completa o médico. “O envolvimento da família e cuidadores, que estejam atentos a apresentação incomum de sintomas e sinais, e o diálogo constante com os profissionais de saúde também auxiliam na detecção e cuidado precoce do paciente. O bem-estar deve ser uma constante prioridade”, finaliza.

Referências:

  1. O que é mielofibrose – ABRALE: http://abrale.org.br/mielofibrose/o-que-e-mielofibrose.

  2. Diretrizes Oncológicas – Mielofibrose. Disponível em: https://diretrizesoncologicas.com.br/wp-content/uploads/2019/12/Diretrizes-oncol%C3%B3gicas-3_Mielofibrose.pdf

  3. EHA 2021. Guglielmelli, Ghirardi, Carobbio, Masciulli, Maccari, Mora, Rumi, Triguero, Finazzi, Pettersson, Paoli, Mannelli, Vanni, Rambaldi, Passamonti. Impact of Ruxolitinib on Survival of Patients with Myelofibrosis in Real World – Update of ERNEST (European Registry for Myeloproliferative Neoplasms) Study.