Líder de P&O da Novartis fala sobre preconceito e a importância de representar a comunidade LGBTQIA+ na liderança

Nicolas Franco compartilha sua história e fala da importância de grandes empresas abrirem espaço para minorias

Nicolas Franco, líder de Pessoas & Organização no Brasil

Nicolas Franco, líder de Pessoas & Organização no Brasil

A diversidade é um tema muito importante a ser discutido em grandes empresas, já que são elas que empregam boa parte da população, além de ditarem tendências de mercado. Em junho, o assunto ganha destaque com o Mês do Orgulho LGBTQIA+, movimento que surgiu após protestos nos EUA pelo fim da violência contra homossexuais. Na Novartis, o tema diversidade é prioridade há anos e faz parte dos pilares estratégicos de Pessoas na companhia. O líder de Pessoas & Organização da Novartis Brasil, Nicolas Franco, compartilha sua trajetória como liderança LGBTQIA+ em multinacionais, e fala sobre o pioneirismo da Novartis em ações de diversidade e a importância de promover ambientes psicologicamente seguros. Confira a conversa a seguir.

Quais desafios você vivenciou na sua trajetória profissional relacionados a sua orientação sexual?

Tenho quase 20 anos de carreira e por 12 anos eu não pude falar abertamente sobre minha orientação sexual e minha vida particular no mundo corporativo. Nas conversas casuais ou em apresentações globais quando as pessoas se apresentavam usando fotos com suas famílias, eu sempre precisava esconder meus relacionamentos ou inventar que tinha uma namorada, por exemplo. Além disso, trabalhei em lugares que não combatiam a homofobia, era uma prática comum entre as pessoas, elas teciam comentários homofóbicos como forma de diminuir os colegas de trabalho, mesmo que eles não fossem homossexuais, e isso me causava ainda mais insegurança. Situações como essa têm uma carga emocional e um peso muito grande no nosso cotidiano, impactam a forma como nos relacionamos com nossos colegas e como vemos as nossas potencialidades enquanto profissionais. Quando mudei de emprego e passei a trabalhar para uma empresa que valorizava a diversidade, senti um alívio tremendo apenas por falar abertamente sobre quem eu sou e ser respeitado por isso, sem medo de discriminação ou retaliação. É uma liberdade que nunca havia vivenciado antes e que mudou para sempre as minhas escolhas profissionais.

Você acredita que líderes diversos são um estímulo para diversidade nas empresas?

Como líder, entendo a inspiração que posso trazer para a vida das pessoas. Quando você vê exemplos como o meu em um cargo com poder de decisão dentro do negócio, você entende que também pode chegar lá sendo exatamente quem você é. Hoje, vejo minha orientação sexual como uma fortaleza que me diferencia das outras pessoas, não mais como uma barreira. Hoje, sou muito orgulhoso da pessoa que sou, da família que estou construindo e de estar aqui na Novartis levantando essa bandeira, ajudando a dar visibilidade a questões tão importantes. Quando abraçamos nossas diferenças e encontramos um terreno comum em nossas aspirações e valores compartilhados, ajudamos a moldar um futuro melhor para nossa empresa e para a sociedade.

Quais são as iniciativas da Novartis para a comunidade LGBTQIA+? Quais são os principais projetos, programas e ações em curso?

A Novartis já tem compromisso com diversidade e inclusão e a questão é uma prioridade para a companhia. Inclusive, esse foi um dos motivos pelos quais decidi, no fim de 2020, trabalhar na Novartis. Globalmente a empresa tem três pilares estratégicos, que são: equidade, inclusão e sociedade, e dentro de cada um existem ações bem estabelecidas para contribuir com a missão de tornar a Novartis uma empresa mais inclusiva e deixar, cada vez mais, o ambiente corporativo psicologicamente seguro.

Somos a primeira empresa farmacêutica global a assinar o compromisso sobre os Padrões de Conduta para Negócios das Nações Unidas, combatendo a discriminação contra pessoas LGBTQIA+, em junho de 2018. Também nos comprometemos com a inclusão de pessoas com deficiência (PCDs), pessoas de diferentes raças e etnias, e promovemos a equidade salarial independentemente do gênero.

Este ano, em junho, mês do Orgulho LGBTQIA+, a Novartis promove o “Pride Month”, uma série de discussões e ações que dão visibilidade para a diversidade por meio de diálogo aberto e histórias reais. Entre os destaques estão uma série de episódios de podcast com temas como “O que é Diversidade e Inclusão” e “Pessoas LGBTQIA+ no mercado de trabalho”, além de campanha para as redes sociais e rodas de empatia online com participação de diferentes palestrantes, entre eles, a Casa Florescer, centro de acolhida especial para mulheres trans e travestis. A data marca também o lançamento global do Guia Para Pessoas Transgênero da Novartis, que orienta lideranças e colaboradores sobre o processo de transição de gênero para aqueles que já passaram por ele ou que pensam em passar. Também estamos desenvolvendo e educando líderes para que formem times mais diversos e que isso seja replicado. Além disso, temos repensado maneiras para contribuir com a sociedade e como ter maior diversidade em estudos e pesquisas clínicas, além de conectar essas ações com comunidades mais carentes.

Na sua opinião, qual o principal desafio da diversidade LGBTQIA+ no mercado de trabalho atualmente?

O maior desafio continua sendo o preconceito, dentro e fora do mercado de trabalho. As empresas são desafiadas a preparar um ambiente psicologicamente seguro para que os colaboradores possam trabalhar com tranquilidade e liberdade. Porém, considerando que o Brasil é o país que mais mata pessoas transexuais no mundo; que dentro da comunidade LGBTQIA+ eles sofrem ainda mais discriminação; e conseguir um emprego formal é um desafio enorme para essa população, precisamos buscar soluções para acolher e garantir oportunidades iguais “a letra T”. Ainda estamos muito atrás nesse sentido, mas acredito que essa urgência vem ganhando espaço na agenda de prioridades das iniciativas de D&I do mercado como um todo.

Qual o futuro das questões de D&I na Novartis?

Além de conquistas importantes que já são realidade dentro da companhia, como mais de 51% da liderança de mulheres, temos uma estratégia bem estruturada, com indicadores, compromissos, recursos dedicados e prioridades bem claras para 2021 e 2022. Agora é hora de contar histórias de dentro para a fora, com consistência e credibilidade. No Brasil, nosso foco principal em D&I é a inclusão racial, pessoas pretas representam mais da metade da população brasileira, mas elas não ocupam esse espaço dentro das empresas com cargos de alta liderança, por exemplo. Além disso, quando fazemos o recorte racial, todas as outras pautas estão também representadas ali - mulheres, PCDs, LGBTQIA+. Acredito que o nosso papel e o de todas as empresas é o de garantir representatividade e as mesmas oportunidades a todos, e, aqui na Novartis, estamos atentos e caminhando nesse sentido.​