Weleda, referência em medicamentos e cosméticos naturais, faz 100 anos

Marca suíça está no Brasil desde 1959 e usa ingredientes orgânicos e biodinâmicos, com foco no equilíbrio e na saúde integral

Produtos naturais e orgânicos, feitos a partir de ingredientes frescos, com produção sustentável e a proposta de tratar o ser humano por inteiro de modo individualizado. Parece projeto de start-up do segmento de saúde e bem-estar, ancorado nas tendências de comportamento do consumidor do século 21. Só que não.

Essa é a essência da Weleda, marca antroposófica de medicamentos e cosméticos naturais que nasceu há 100 anos na Suíça. Os fundadores, entre eles o filósofo Rudolf Steiner, foram buscar na natureza os elementos para estabelecer o equilíbrio da saúde, bem-estar e beleza das pessoas.

Steiner foi o criador da antroposofia no início do século 20. Do grego "conhecimento do ser humano", trata-se de uma filosofia que busca ampliar o conhecimento sobre a natureza humana conectada ao universo e aplicar essa sabedoria de forma prática em todas as áreas da vida.

“A proposta da antroposofia é convidar o ser humano a se conhecer até a essência mais profunda. E conhecer também o mundo que o cerca, percebendo as relações entre ele, a natureza e o universo”, define Maria Cecília Antunes, engenheira química especialista em antroposofia e pesquisadora na área de medicamentos antroposóficos.

Abstrato demais? Pois Cecília afirma que a antroposofia é “muito prática”. Steiner dizia que a sabedoria que não é colocada em prática não evolui. “A proposta da antroposofia é transformar o conhecimento, a sabedoria e o amor em ação prática para ajudar o mundo a ser melhor.”

“A proposta da antroposofia é convidar o ser humano a se conhecer até a essência mais profunda. E conhecer também o mundo que o cerca, percebendo as relações entre ele, a natureza e o universo”

Maria Cecília Antunes, engenheira química especialista em antroposofia

A especialista cita a medicina antroposófica, criada em 1920, como um exemplo de aplicação prática desse conhecimento em uma medicina que vê o ser humano de forma integral. Ela surge como complementar à medicina tradicional e continua assim até hoje.

Junto com a medicina antroposófica surge a Weleda, com farmacêuticos, clínicos e médicos desenvolvendo medicamentos e cosméticos a partir desse conhecimento da conexão do ser humano com a natureza.

MEDICINA ANTROPOSÓFICA

A medicina antroposófica visa o bem-estar físico, mental e individual, afirma o médico antroposófico José Roberto Lazzarini Neves, referência na área. “Ela usa os recursos que a natureza oferece para devolver a vitalidade e o equilíbrio da pessoa”, explica.

“Vejo a medicina antroposófica como uma medicina integrativa. A medicina integrativa conecta as medicinas tradicionais com a medicina científica. E a antroposofia complementa a medicina científica, trazendo uma visão ampliada do ser humano, de saúde e doença”, afirma.

“A medicina antroposófica visa o bem-estar físico, mental e individual. Ela usa os recursos que a natureza oferece para devolver a vitalidade e o equilíbrio da pessoa”

José Roberto Lazzarini Neves, médico antroposófico

Segundo o médico, a Organização Mundial da Saúde (OMS) compartilha desse conceito de que a saúde não é apenas ausência de doença. “Ela define saúde como um estado de equilíbrio físico, mental e social. Se um desses pontos entra em desequilíbrio, há predisposição para doenças.”

MEDICAMENTOS E COSMÉTICOS DA NATUREZA

Um dos princípios fundamentais da antroposofia é de que o homem é parte da natureza, e não um ser à parte. Por isso, a natureza é a referência para o desenvolvimento dos medicamentos e cosméticos da empresa.

Os medicamentos passam por um processo exclusivo de dinamização manual, um método farmacêutico que tem como objetivo liberar as forças energéticas de determinada substância. Dinamizar significa diluir e chacoalhar várias vezes. Quando o medicamento é dinamizado, ele libera a energia, a vitalidade da substância que vai atuar sobre o nosso corpo vital e trazer de volta o equilíbrio que foi quebrado no processo da doença.

Uma outra curiosidade é sobre o perfil do operador de dinamização que trabalha na Weleda. São pessoas calmas, com autocontrole emocional, pois acredita-se que a energia da pessoa também é repassada para o medicamento no momento da dinamização.

Os extratos usados nos cosméticos também passam por processos exclusivos de extração com álcool, água e óleo vegetal para retirar as substâncias químicas da planta.

Maria Claudia Villaboim Pontes, diretora regional da Weleda na América Latina e CEO Brasil, afirma que os produtos são formulados com ingredientes naturais de cultivo orgânico e biodinâmico. “Hoje, mais de 80% dos ativos têm origem orgânica ou biodinâmica”.

Os medicamentos são 100% produzidos no Brasil e os ingredientes são cultivados no estado de São Paulo, em regiões próximas à capital, onde se encontra a fábrica. Dessa forma, o processo entre a colheita e o processamento não ultrapassa 24 horas. “O frescor das plantas é um dos critérios para manter a vitalidade delas”, afirma Maria Claudia.

O mesmo cuidado com a produção dos medicamentos se aplica aos cosméticos porque os produtos usados na higiene pessoal, no cuidado com pele e cabelos também determinam a saúde, colaborando para a vitalidade das pessoas. Por isso os cosméticos da marca não contém ingredientes artificiais como corantes, conservantes e derivados de petróleo.

AGRICULTURA ORGÂNICA E BIODINÂMICA

Pesquisadora na área de medicamentos antroposóficos, Maria Cecília conta que a agricultura biodinâmica foi desenvolvida na Suíça em 1924, como uma resposta ao questionamento antroposófico de como aplicar o conhecimento adquirido em uma agricultura responsável, que levasse em conta o ser humano e a natureza

Tanto a agricultura orgânica como a biodinâmica são livres de agrotóxicos. Mas o cultivo biodinâmico está um passo além.

“A agricultura biodinâmica olha para o cultivo de maneira integrada, respeitando os ciclos da natureza. O agricultor trata a terra com preparados biodinâmicos para revitalizá-la. Esses preparados são diluídos e dinamizados, produzidos de modo semelhante aos medicamentos antroposóficos.” O ecossistema se fortalece pelas suas próprias riquezas naturais, por isso a biodiversidade é fundamental. Além de não utilizar agrotóxicos, as sementes também são orgânicas.

Os ativos biodinâmicos são um diferencial da Weleda e uma das formas da empresa de devolver à natureza o que retira dela, de forma responsável e regenerativa. “Essa relação estreita com a natureza coloca a sustentabilidade no centro de tudo o que fazemos. E, desde a nossa origem, nos dedicamos à saúde e bem-estar das pessoas e do planeta. Para nós, não existe cuidar de um sem cuidar do outro”, afirma a CEO Maria Claudia.

Maria Claudia comenta outras práticas sustentáveis da empresa. O tratamento ético, justo e transparente com fornecedores e clientes faz parte das diretrizes da Weleda. “Um agricultor que perde sua safra por motivos de força maior ou até mesmo erros no processo de colheita, tem pelo menos 50% da safra reembolsada. É uma política que acolhe o agricultor, pois sem eles nosso negócio não existe”, afirma. A empresa foi reconhecida em 2016 pelo governo alemão como a empresa mais sustentável daquele país e, desde 2011, tem a certificação UEBT (União para o BioComércio Ético) pelo respeito às pessoas e à natureza, e uso responsável dos recursos naturais na produção de cosméticos.

“Essa relação estreita com a natureza coloca a sustentabilidade no centro de tudo o que fazemos. E, desde a nossa origem, nos dedicamos à saúde e bem-estar das pessoas e do planeta”

Maria Claudia Pontes, diretora regional da Weleda na América Latina e CEO Brasil

VALORIZAÇÃO DA SAÚDE E DA VIDA NATURAL

Segundo Maria Claudia, apesar de pioneira no segmento de medicamentos e cosméticos naturais, a Weleda sempre se posicionou como uma empresa de nicho, direcionada para a comunidade antroposófica. Esse posicionamento está mudando.

“Nos últimos anos, as pessoas passaram a valorizar mais a natureza, a se preocupar com o planeta, a buscar saúde, equilíbrio e a ver a necessidade de discutir esses temas mais profundos. Hoje isso não é só interesse da comunidade antroposófica. O assunto está em pauta: todo o mundo está falando nisso.”

Ela afirma que, com a pandemia, esse interesse se ampliou. “A importância da busca do equilíbrio físico e mental e dos cuidados de prevenção já está comprovada. O ambiente mundial atual é fértil para falar de produtos que são bons, eficientes e que cuidam das pessoas como um todo, de uma maneira integrativa”, conclui.

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