Weleda cresce 20% na pandemia com medicamentos e cosméticos naturais

Aumento de 50% na venda de produtos contra estresse e ansiedade revela maior interesse do consumidor por tratamentos naturais

O ano de 2020 foi desafiador para a Weleda, líder mundial em medicamentos antroposóficos e cosméticos naturais. Com a pandemia de Covid-19, cresceu a preocupação das pessoas em cuidar mais da saúde física e mental. Nesse período, os medicamentos para estresse e ansiedade, carros-chefes da marca, deram um salto nas vendas, com aumento de 50%, impulsionando o crescimento total da empresa da ordem de 20%.

“Tivemos duas ondas de crescimento: em março e em abril, houve um aumento enorme na venda do Previgrip, que estimula o sistema imunológico e é indicado para a prevenção de gripe e resfriados. Em dez dias vendemos o equivalente a três meses”, afirma Maria Claudia Villaboim Pontes, diretora regional da Weleda na América Latina e CEO Brasil. “Nos meses seguintes, houve um estouro de vendas de produtos para a saúde mental (Ansiodoron, Bryophyllum e Stressdoron), com crescimento de quase 50%”, completa.

O médico José Roberto Lazzarini, com formação antroposófica, afirma que, com a pandemia, as pessoas perceberam a importância de cuidar da saúde e focar na prevenção. “Elas entenderam o perigo que as doenças crônicas representam e a necessidade de cuidar da saúde mental e emocional.”

A medicina antroposófica usa os recursos que a natureza oferece para devolver a vitalidade e o equilíbrio da pessoa, explica. “Quando está em equilíbrio, o sistema de defesa natural do organismo funciona bem e a imunidade aumenta. Quando estamos em desequilíbrio, surgem as doenças”, afirma.

Os números revelam um aumento do interesse por medicamentos naturais para melhorar a imunidade e controlar a angústia, a ansiedade, o estresse e a insônia. Para a executiva, essa preocupação com a prevenção e com a saúde mental retrata uma mudança do olhar das pessoas em relação à saúde como um todo.

“Os consumidores têm buscado soluções que não agridam o organismo, não causem dependência ou ocasionem outros efeitos adversos. As pessoas estão aprendendo a ler rótulos, a questionar e passaram a valorizar mais nossos produtos”

Maria Claudia Villaboim Pontes, diretora regional da Weleda na América Latina e CEO Brasil.

“Os consumidores têm buscado soluções que não agridam o organismo, não causem dependência ou ocasionem outros efeitos adversos. As pessoas estão aprendendo a ler rótulos, a questionar e passaram a valorizar mais nossos produtos”, afirma Maria Claudia.

No último ano, a Weleda registrou aumento de 40% nas prescrições de medicamentos e 55% em número de prescritores. “O interesse dos médicos tem crescido, impulsionado principalmente pela própria busca dos pacientes por medicamentos com menos efeitos colaterais e sem risco de dependência. Outra grande vantagem é que não temos relatos de interação medicamentosa e a maioria dos nossos produtos serve para a família toda, desde as crianças até os idosos”, enfatiza a CEO da Weleda.

TENDÊNCIA NATURAL

Mais da metade do crescimento do setor de bens de consumo no último ano está relacionada a produtos naturais embalados, como alimentos e cosméticos, de acordo com estudo da consultoria BCG. Esse interesse do consumidor por produtos com formulação natural traz mais força aos negócios da Weleda.

“O mercado de produtos naturais cresce cerca de 5% ao ano. A Weleda cresce de 30% a 50%, dependendo do produto. Estamos nos tornando referência na categoria de natural”, afirma a CEO.

“Em quatro anos, a marca dobrou de tamanho. E vamos dobrar de novo nos próximos cinco. Isso sem incluir a produção de cosméticos no Brasil, que está nos nossos planos. Quando incluirmos, dobraremos de novo. Tem muita oportunidade para a Weleda.”

100 ANOS DA MARCA

A Weleda é uma empresa suíça que completa 100 anos neste ano. Presente em mais de 50 países, está no Brasil desde 1959. Ela foi fundada pelo filósofo Rudolf Steiner, criador da antroposofia, e começou como um laboratório farmacêutico que cultivava plantas medicinais em um jardim biodinâmico próprio.

“A antroposofia é uma filosofia que busca despertar o que há de melhor em cada pessoa por meio do desenvolvimento da autoconsciência e da conexão com a natureza, para que ela possa contribuir com a evolução da humanidade”, define Maria Claudia.

Um princípio muito importante na antroposofia norteia a empresa até os dias de hoje: o de que o ser humano é parte da natureza e, portanto, há semelhanças entre ambos. “Por isso, nossos produtos são feitos apenas com ingredientes naturais. O respeito, o zelo e a retribuição a tudo o que a natureza nos oferece faz parte do nosso DNA. A sustentabilidade, tão valorizada nos últimos tempos, faz parte de tudo o que fazemos desde 1921.”

No Brasil, o portfólio da Weleda conta com mais de 60 produtos, sendo 22 medicamentos fabricados em laboratório próprio no país e 42 cosméticos, importados da Suíça e da Alemanha. Além disso, a empresa produz remédios manipulados de acordo com a indicação e receita do médico com formação antroposófica. Esses medicamentos são manipulados nas farmácias Weleda e autorizadas. No total, são 15 pontos de venda pelo Brasil.

“Os carros-chefes são o Ansiodoron, auxiliar no tratamento da insônia que restaura o equilíbrio no organismo, e o Bryophyllum, indicado para reduzir a angústia e irritação”, conta a executiva. Em cosméticos, os campeões de venda são o BabyCreme de Calêndula para a prevenção de assaduras de bebês e a linha de hidratantes Skin Food, famosa por ser queridinha entre celebridades como Victoria Beckham, Rihanna e Julia Roberts.

Fora do Brasil, a Weleda é mais conhecida pela linha de cosméticos. Aqui a balança se inverte: 80% do faturamento vem de medicamentos e 20% de cosméticos. Mas o princípio de produção, tanto de medicamentos como de cosméticos, é o mesmo: feitos com plantas cultivadas pela agricultura orgânica e biodinâmica, sem fertilizantes, defensivos químicos nem sementes transgênicas. Os cosméticos também são livres de corantes e conservantes artificiais, e derivados de petróleo. Não é à toa que os cosméticos mais vendidos da marca no mundo são da linha Calêndula, para bebês, e os produtos para gestantes.

A relação com a natureza e com o produtor faz parte dos pilares fundamentais para a Weleda. A produção leva em consideração a preservação dos recursos naturais de maneira responsável: sem destruir o entorno, sem poluir ou explorar o meio ambiente. “Para preservar a vitalidade e a qualidade que a natureza nos oferece, promovemos a biodiversidade, a recuperação do solo e cultivamos plantas nos locais de origem”, diz Maria Claudia.

Ela afirma que a empresa busca construir relações de longo prazo com os produtores, baseada em ética, confiança, respeito e troca de conhecimento. “Ensinamos a eles técnicas de cultivo que fazem a diferença na qualidade dos nossos produtos e respeitamos o conhecimento que eles têm da terra. Somos reconhecidos por essas relações justas e éticas através da certificação UEBT, emitida pela União para o BioComércio Ético.”