A entrada dos medicamentos genéricos no Brasil, a partir de 1999, representou uma revolução no setor e permitiu à população o acesso a produtos mais baratos. O aumento da concorrência fez cair também o preço dos medicamentos de referência. Movimento similar pode ocorrer no setor agrícola. Nos primeiros sete meses deste ano, foram liberados no Brasil 262 novos pesticidas, mas somente sete marcas apresentam moléculas novas (no total são duas as moléculas novas em sete nomes comerciais diferentes);255 produtos são genéricos de substâncias já autorizadas no país.
"Para o setor agrícola, a chegada desses produtos é bastante positiva, pois significa mais concorrência comercial e tendência a preços mais competitivos. Esses produtos devem ajudar na redução do chamado custo Brasil", afirma Paulo Amaral, advogado da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).
Na cultura do Algodão, os adubos e defensivos são responsáveis por cerca de 30% dos custos. "O mundo dos negócios busca, incessantemente, a redução dos gastos, e no setor agrícola não é diferente. Há muita desinformação em relação à liberação dos novos produtos. Posso afirmar que absolutamente nenhum agricultor passará a usar mais pesticida porque foram liberados genéricos de determinados produtos no mercado. Essa possibilidade não existe. O que se busca é gastar menos, e a chegada de novos genéricos e moléculas mais modernas só ajudam o setor", disse Amaral.
PLATAFORMA EDUCATIVA
Para ampliar o conhecimento e reduzir os efeitos das fake news sobre o uso de pesticidas, como a de que o Brasil seria o campeão mundial no uso desses produtos ou que foram liberadas centenas de novas moléculas, foi criada uma plataforma que agrega informações técnicas e científicas. A plafatorma pode ser acessada no endereço https://agrosaber.com.br.
"Sentimos a necessidade de esclarecer a sociedade sobre o tema dos pesticidas. Há muita informação incorreta, desinformação e fake news circulando nos mais diversos canais e meios. Daí, criamos essa plataforma, que pode ser acessada por qualquer pessoa. O trabalho foi iniciado neste ano e queremos ajudar a propiciar um debate com base na ciência, não em ideologia", afirma o presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (AMPA), Alexandre Schenkel.