A ESCOLA EM TRANSFORMAÇÃO

Diego Padgurschi/Estúdio Folha
Laboratório de química

Com conteúdos reorganizados, conceitos deverão ter aprofundamento contínuo

A Base Nacional Comum Curricular altera os conteúdos trabalhados em toda a educação básica. Isso significa que os alunos aprenderão menos? Para especialistas em educação, acontecerá justamente o oposto. O documento elimina matérias muito específicas, que hoje são estudadas apenas visando o vestibular, e propõe um aprofundamento dos conhecimentos que terão aplicação nas vidas pessoal e profissional da maior parte dos estudantes.

A base muda a forma como os conceitos serão apresentados. O aprendizado se dará de forma mais horizontal, contínua e progressiva. Um assunto tratado hoje será retomado e aprofundado no ano seguinte, sempre respeitando as expectativas de aprendizagem de cada série.

"A base chama isso de conceito espiralado. No modelo anterior, o aluno passava pelos conteúdos e não tinha uma nova chance de aprendê-los. Agora, terá", diz Marcos Moriggi, diretor de Consultoria Pedagógica do SAS.

Essas alterações obrigarão os professores a construírem uma visão geral do processo de construção da aprendizagem do aluno ao longo dos anos. "O corpo de professores realizará um trabalho conjunto: os anos iniciais e os anos finais do ensino fundamental desenvolverão o entendimento do ciclo completo", afirma Regina Gadelha, diretora de ensino da educação infantil e do ensino fundamental 1 do Colégio Ari de Sá, em Fortaleza (CE).

A base também altera a forma como os conteúdos são organizados e quando entram na vida escolar do aluno (veja quadro nesta página), exigindo mudanças na organização da escola e na atuação dos professores.

Alguns conceitos que só eram trabalhados no ensino médio foram antecipados para o fundamental. A alfabetização terá de acontecer até o segundo ano -a meta anterior era o terceiro- e noções de probabilidade e estatística começarão a ser apresentadas já no primeiro ano do ensino fundamental. Inglês é disciplina obrigatória a partir do sexto ano.

"A barra foi elevada, a base está exigindo mais. Também pede um uso progressivo da tecnologia, de forma intencional e dialogando com a vida e com o mercado de trabalho". diz Ademar Celedônio, diretor de Ensino e Inovações Educacionais do SAS.

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