O Ritmo da transformação

Ricardo Borges/Folhapress
Jovens do 'Bom Tom
Jovens do 'Bom Tom'

Aos 20 anos, quando Kenedy Lemos abandonou a faculdade de tecnologia e se mudou da casa da família em Cajati, no Vale do Ribeira (SP), para o Morro do Borel, no Rio, não contou exatamente com o apoio da mãe. "Ela achou que eu estava ficando maluco. Com todo o discurso que se ouve sobre a favela, não era por menos. Hoje, tem orgulho do meu trabalho."

Aos 32 anos, Kenedy é o supervisor de projetos no Rio de Janeiro da Jocum - Jovens Com Uma Missão, instituição que está no Brasil desde a década de 1960 e mantém unidades pelo mundo.

A organização é finalista com o projeto "Bom Tom", realizado há 15 anos. Com aulas de instrumentos, teoria e produção musical, o objetivo é contribuir para o desenvolvimento a partir de aspectos como criatividade, raciocínio e comunicação verbal. Além de música, o Jocum mantém creche, ambulatório e escolinha de futebol. Trabalha também com a terceira idade.

De Londrina (PR) vem outro projeto que usa a musicalidade como ferramenta, o "Batuque na Caixa". Iniciativa do Instituto Cultural Arte Brasil, fundado pelo músico, escritor e jornalista Aldo Moraes, 48, o projeto criado em 1999 foi à semifinal do prêmio por três vezes e agora chega à final.

Sem sede própria, o "Batuque na Caixa" atua em duas escolas públicas da cidade. Moraes calcula que em quase duas décadas já tenha atendido cerca de 8.000 crianças e jovens. "O foco é a formação do ser humano, contribuir para que se torne cidadão."

Alguns pegam gosto. Atualmente, todos os 12 professores que ministram as oficinas são ex-alunos do projeto.

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Turma que Faz', de Alto Paraíso de Goiás
'Turma que Faz', de Alto Paraíso de Goiás

A Força da natureza na educação

A educação ambiental também aparece como linguagem sensibilizadora em projetos finalistas. Exemplos são o "Turma que Faz", da Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, em Alto Paraíso de Goiás (GO), e o "Alianças do Sertão", do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA/NM), de Montes Claros (MG). Como outros projetos, ambos utilizam a arte e o esporte, mas investem na preservação do meio ambiente e dos patrimônios locais.

Iniciado pela arte-educadora e musicista Doroty Marques em 2003, o projeto da organização goiana fica junto à entrada do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Em 2015, passou a oferecer oficinas de capacitação em projetos de gestão e produção cultural para jovens e adultos, pensando também no aumento do fluxo turístico na região.

Já o projeto mineiro é fruto de uma organização que reúne representantes dos povos e comunidades do norte do estado: geraizeiros, caatingueiros, veredeiros, indígenas, quilombolas.

Desde 2015, com o "Alianças do Sertão", que atende 300 crianças e adolescentes, trabalha a questão ecológica. "Nas três escolas em que atuamos, construímos cisterna e fizemos horta. Abordamos práticas agroecológicas sustentáveis, que mostram sobretudo que é possível produzir sem agredir, como no conceito de agrofloresta", diz José Neto, 35, mobilizador social. Segundo ele, o tema é caro aos atendidos e às comunidades, uma vez que a região tem problemas com a seca.

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