Painéis solares: captação de energia eficiente e limpa |
Fazendas captam luz do Sol para convertê-la em eletricidade; estado abriga maior usina solar latina
O norte de Minas Gerais abrigará 17 usinas de geração de energia solar fotovoltaica, entre elas a que será a maior da América Latina e a terceira em capacidade no mundo. Essas usinas são fazendas, com painéis de captação solar enfileirados, lado a lado, para converter a energia solar em eletricidade. A região tem características geográficas que a colocam entre as mais propícias do mundo para geração fotovoltaica.
Além da alta irradiação permanente ao longo do ano, que chega a ser o dobro da registrada na Espanha e na Alemanha, os países europeus que mais investem nessa tecnologia, a topografia plana não produz sombras. Isso permite uma alta eficiência na captação pelos painéis solares que utilizam o silício.
O norte de Minas fica ainda próximo das torres do sistema nacional de distribuição, que leva energia para os consumidores do Sudeste e Centro-Oeste. Para estimular a construção de usinas solares, o governo de Minas Gerais e as prefeituras deram incentivos fiscais, como redução de ICMS e ISS. O governo federal entrou garantindo a compra da energia que será gerada nessas usinas. A previsão de faturamento está estimada em R$ 6,8 bilhões em 20 anos.
O financiamento é feito com recursos próprios das concessionárias e de linhas subsidiadas para infraestrutura do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Antes dos leilões, a Sede (Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado) e a Cemig fizeram estudos de viabilidade técnica das regiões mais apropriadas para receber usinas fotovoltaicas.
O estado também atuou para atualizar as regras das licenças ambientais. O processo seguia o mesmo trâmite de aprovação de uma hidrelétrica, que tem impacto ambiental mais complexo por envolver alagamento de grandes áreas e mexer com diversos ecossistemas.
Minas elaborou um programa de incentivo a energias renováveis. Não são apenas incentivos fiscais, mas também apoio para obter as licenças ambientais, trazer outros fornecedores e preparar mão de obra para a cadeia de energia, informou a Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
Para explorar a geração fotovoltaica, a espanhola Solatio Energia, que venceu os leilões de 2014 e 2015 de concessão da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), investirá R$ 3,4 bilhões no estado, em parceira com algumas das maiores empresas de tecnologia solar do mundo.
A usina de Pirapora, a maior do grupo, começou a ser construída em junho e deve gerar 2.000 empregos na fase de instalação. Quando entrar em operação, prevista para agosto de 2017, deve empregar cerca de 150 pessoas. Ainda neste ano começarão as obras da Solatio em Vazante, cujas usinas deverão entrar em operação também em 2017.
As obras das usinas de Guimarânia e de Paracatu devem começar no início de 2018. Essas usinas entram em operação apenas em 2018. Ao todo, a estimativa é que as obras empreguem 3.000 pessoas nessas cidades.
Todas as obras estão dentro do cronograma previsto nos contratos e não há hipótese de atraso, afirmou Pedro Vaquer, presidente da Solatio no Brasil.
FORNECEDORES
Junto com a empresa chegam diversos fornecedores da cadeia de energia solar. É o caso da Canadian Solar, fabricante dos painéis que serão usados em Pirapora. Na usina da Paracatu, a fornecedora será a francesa Solairdirect. As demais parceiras ainda estão sendo definidas.
Pedro Vaquer diz que a Solatio detém 31% do mercado de energia solar. A empresa espanhola pretende participar da próxima leva de concessões, prevista para ocorrer em outubro.
"Estamos apostando alto no potencial do Brasil para geração solar. O país é muito competitivo e ainda explora muito pouco a energia solar fotovoltaica", disse.
O modelo de negócio da Solatio prevê a participação nas concorrências para obter as licenças. Depois, a empresa se encarrega de construir as usinas e colocá-las em funcionamento. A operação é feita por meio das parceiras estratégicas, geralmente com operadoras de parques solares e fornecedoras de equipamentos de captação e geração de energia.