Atleta do nado sincronizado, Érica Machado, 17, utiliza estrutura do CTE da UFMG, que vai virar o QG britânico em BH |
Durante Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, Minas Gerais receberá delegações de 18 países
Antes de buscar medalhas na Rio 2016, atletas Olímpicos de 16 países serão premiados com o jeitinho mineiro de receber hóspedes. Minas Gerais capitaliza a estratégia de se destacar como anfitrião de apoio no período de preparação e treinos para os jogos Olímpicos e Paraolímpicos.
Os maiores destaques são as delegações completas do Team GB -como se autobatiza o time olímpico do Reino Unido-, da Irlanda e da Bélgica, além da equipe brasileira de canoagem. Os britânicos trarão à Olimpíada 366 atletas para disputar 23 modalidades esportivas, a maior delegação nos últimos 24 anos.
O trabalho elaborado pelo governo de Minas Gerais para a atração de países participantes da Olimpíada virou exemplo até no Japão e rendeu acordos de intercâmbio acadêmico com universidades britânicas para troca de conhecimento científico no esporte.
Dentro do foco de receber as delegações olímpicas, Minas se preparou adequadamente. Procurou tirar o melhor proveito possível do momento único na história, com a realização dos jogos pela primeira vez no Brasil, conforme projeto da Secretaria de Estado de Esportes.
Coube a ela coordenar o Núcleo de Articulação Minas 2016, grupo composto por 16 secretarias e órgãos do governo criado exclusivamente para o estado atrair as delegações, organizar-se como uma das sedes do torneio olímpico de futebol e gerenciar o tour da Tocha Olímpica.
Minas Gerais é a unidade da Federação com o maior número de municípios no tour. A Tocha Olímpica passou por 34 cidades mineiras entre 7 e 16 de maio passado.
Como um dos palcos do futebol olímpico, o estádio Mineirão, em Belo Horizonte, receberá dez jogos da Rio-2016. Serão seis partidas do futebol feminino, entre elas uma das semifinais, e quatro do masculino, tendo a disputa do bronze como ápice.
O estado se tornou o anfitrião oficial do Team GB em 2013, quando os comitês Olímpicos e Paralímpicos do Reino Unido assinaram protocolo de intenções em Belo Horizonte.
Em 2014, durante a Copa do Mundo, o príncipe Harry esteve na capital mineira para participar de vistorias em instalações do Minas Tênis Clube, uma das bases de treino do Team GB durante o período de preparação em solo mineiro.
Considerando atletas e estafe, 397 pessoas formam a delegação olímpica britânica, que já começou a chegar a Belo Horizonte, sede inglesa por quase cinco semanas. A delegação paralímpica terá 300 integrantes. O inglês já é idioma corrente no moderno Centro de Treinamento de Esportes da Universidade Federal de Minas Gerais, que tem a marca Team GB pintada em letras garrafais na arquibancada do campo e da pista de atletismo. Foi um pedido dos britânicos, de acordo com o diretor do centro de treinamento.
O hóspede de peso abriu as portas mineiras para outras delegações. O governo percebeu que poderia ir além em termos de visibilidade e negócios na Olimpíada. Para atrair mais delegações, o grupo Minas 2016 fez um mapeamento de espaços esportivos com padrão olímpico distribuídos no estado. Foram catalogados 25 centros de treinamentos - chancelados pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) - em 12 municípios (veja infográfico).
Compilado em cartilhas ilustrativas e outros materiais de suporte, o levantamento foi distribuído a corpos consulares em eventos promovidos pela Comitê Organizador Rio 2016. O estado abordou diretamente 100 comitês Olímpicos e Paralímpicos, pelo menos, nessas ocasiões. Como resultado dessa estratégia, Minas receberá o time de canoagem do Brasil e equipes de outros 12 países: Canadá, Qatar, China, Egito, Eslováquia, Estados Unidos, Estônia, Índia, Marrocos, Polônia, Sérvia e Tunísia.
O atletismo da Argélia foi o último a negociar com o estado. Tornou-se assim o décimo sétimo hóspede estrangeiro. Além da Grande BH, Juiz de Fora, Uberlândia, Viçosa e Lagoa Santa são os municípios mineiros anfitriões nesta Rio 2016.
Caso de referência
O trabalho do grupo Minas 2016 virou exemplo. Representantes da província de Yamanashi, vizinha a Tóquio, sede da Olimpíada em 2020, procuraram o governo mineiro para conhecer o projeto e tentar ampliar a participação da região nos próximos jogos.
Outro legado da experiência é a troca de conhecimentos com pesquisadores britânicos. Um congresso de ciência do esporte, realizado em junho passado na UFMG, em parceria com o governo de Minas Gerais e o Minas Tê- nis Clube, reuniu pesquisadores brasileiros com representantes das universidades de Nottingham, Kent, Loughborough e Anglia Ruskin.
A partir do evento iniciou-se uma cooperação de intercâmbios acadêmicos entre essas instituições e a UFMG. Outros projetos semelhantes foram executados Com a projeção na olimpíada, Minas quer firmar-se ainda como sede de grandes eventos esportivos.
Em 2015, Uberlândia recebeu quase 5.000 atletas universitários para a disputa dos Jogos Universitários Brasileiros. Sediou também, em parceria com a vizinha Uberaba, o 20º Campeonato Mundial Júnior Masculino de Handebol, com a participação de 24 países.
Esse tipo de ação desperta, naturalmente, o interesse dos jovens para o esporte neste momento olímpico, de acordo com a Secretaria de Esportes. O estado avalia que haverá aumento da projeção turística, cultural e gastronômica de Minas Gerais no exterior, com a vinda de quase 1.500 integrantes de delegações estrangeiras, entre atletas e estafe, fora os turistas, em número ainda não estimado. É resultado a ser comemorado como se fosse medalha olímpica.