Ambiente de coworking do Seed |
Projeto do governo de MG estimula desenvolvimento de empresas tecnológicas em espaço inspirado no Vale do Silício
Os diálogos nos corredores são em inglês e espanhol, de diferentes sotaques. O ambiente lembra prédios do Vale do Silício, nos Estados Unidos. À volta, estão presentes elementos que remetem à cultura organizacional das empresas que surgiram na região californiana das inovações científicas e tecnológicas. Atmosfera despojada de "coworking", decoração colorida, pufes espalhados pelos cantos, mesa de sinuca, Playstation à disposição.
Mas volta e meia um "uai, sô" permite que o visitante se lembre de que está em Belo Horizonte, no segundo piso do centenário edifício conhecido como "104". Este é o endereço do Seed _ semente, em inglês, mas também sigla para "Start-ups and Entrepreneurship Ecosystem Development".
Em português, com a sigla de trás para diante, significa Desenvolvimento do Ecossistema de Empreendedorismo e start-ups. Em português mais ou menos, porque "start-up" tornou-se palavra intraduzível para qualificar um grupo de pessoas, trabalhando em condições de extrema incerteza, em busca de um modelo de negócios que possa ser reproduzido em escala.
O Seed foi concebido pelo governo do estado para fomentar iniciativas de economia criativa e deixar Minas conectada com a vanguarda da inovação em todo o mundo. É a aposta para transformar o estado no principal polo de empreendedorismo tecnológico da América Latina, de acordo com a Secretaria estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Após duas edições em 2014, nas quais acelerou o crescimento de 53 start-ups do país e 20 do exterior, o Seed encontra-se, agora, na terceira rodada, com 40 empresas selecionadas entre 1.453 inscrições de 48 nações diferentes. Aberto a candidaturas do exterior, o edital público é divulgado em inglês e português. Esta globalização é um dos diferenciais do programa, que, gra-ças a lei estadual de 2013, permite ao Executivo conceder incentivo financeiro à pessoa física, seja ela nacional ou estrangeira.
A atual rodada do programa, por exemplo, conta com selecionados de nacionalidades norte-americana, australiana, chilena, argentina, paraguaia e húngara. O objetivo de criar um programa internacional é atrair empresas de todo o mundo para o ambiente do estado, estabelecendo um ecossistema de integração, troca de experiências e geração de resultados.
Todos os participantes recebem capital semente - que varia de R$ 68 mil a R$ 80 mil - e têm seis meses para acelerar o negócio.
Start-ups de diversos segmentos de atividade, como turismo, finanças, educação, soluções B2B (negociações diretas entre empresas), comércio eletrônico, saúde e biotecnologia, entre outras, convivem em um ambiente de trabalho conjunto, ou "coworking" como se diz no Espaço 104. A proximidade favorece a troca de experiência e o desenvolvimento do produto e do modelo de negócio e comercial de cada uma delas.
"É um ambiente de encontro. Uma espécie de terapia em grupo que traz soluções. O Seed tem sido importante para o amadurecimento do meu modelo comercial", disse o participante da atual edição Eros Viggiano, diretor-executivo da Logpyx, uma empresa focada em gestão de pátio, cujo produto é uma plataforma digital de localização em tempo real.
Além do espaço de "coworking", há salas de reunião, cabines de Skype, miniauditório de palestras e outros ambientes, com destaque para a estilosa cozinha vermelha e o playground, onde se pode tomar um cafezinho e depois jogar sinuca ou videogame, no estilo californiano.
No Seed, os start-upers - ou "startaperos" - recebem formação empreendedora, mantêm contato com mentor personalizado e ficam conectados ao ecossistema global, inclusive às maiores referências do San Pedro Valley, uma comunidade belorizontina de start-ups que ganhou projeção internacional pelo sucesso alcançado pela experiência.