Estudo apresenta soluções para os principais problemas urbanos

Colégio Estadual de Inspetores do Crea-SP entrega diagnóstico e elabora propostas dentro dos conceitos de cidades inteligentes

O Colégio Estadual de Inspetores do Crea-SP apresentou nos dias 18 e 19 de março, em São José dos Campos, um diagnóstico de problemas dos municípios paulistas e 160 soluções para enfrentá-los com base em conceitos de cidades inteligentes. A iniciativa inédita teve início em setembro de 2021 e contou com a participação de quase 1.700 inspetores, profissionais que colaboram voluntariamente com a entidade.

Foram realizadas 10 etapas regionais, com a aplicação de workshops sobre cidades inteligentes para constituição de um levantamento que inclui problemas detectados nos 645 municípios do estado. Entre os 276 indicadores de cidades inteligentes que constam das regras ABNT-ISO, 28 foram selecionados por terem maior alinhamento com a engenharia.

Durante a capacitação os inspetores deram suas impressões sobre a aderência dos indicadores à realidade de seus municípios. Depois, foram orientados a escolher um tema prioritário entre saneamento, mobilidade inteligente, conectividade, iluminação e segurança. Os temas que mais se destacaram na escolha dos profissionais foram: saneamento, iluminação e segurança.

Por fim, eles foram convidados a pensar em soluções, tanto com base em exemplos existentes como em iniciativas próprias. O estudo mostra grande diversidade de demandas entre municípios. As propostas apresentadas são também diversas, pois o que é bom para uma cidade pode não ser ideal para outra.

"O relatório mostra que dá para melhorar a vida nas cidades com base em soluções de engenharia", declarou o presidente do Crea-SP, Vinicius Marchese. Outra constatação é que a adoção de práticas de cidades inteligentes independe do tamanho do município.

Segundo a engenheira Iara Negreiros, da consultoria em cidades inteligentes SPIn, que coordenou o trabalho, entre as soluções mais elaboradas e disruptivas apresentadas estão a construção de pequenas centrais hidrelétricas em cidades com demanda por energia; elaboração de Plano Diretor de Tecnologia para Cidades Inteligentes; instalação de sensores na rede de distribuição de água para evitar desperdícios; monitoramento integrado de tráfego e enchentes; e fibra ótica para todos (veja quadro abaixo).

Marchese disse que o relatório deve ser transformado em artigo científico. Para ele, o trabalho mostra que não é preciso esperar que a administração pública tenha a iniciativa de projetos. "Como profissionais, precisamos estar nestas discussões nos municípios."

Fiscalização

No 19º Sefisc (Seminário Estadual de Fiscalização), o Crea-SP divulgou números recordes. Em 2021, foram realizadas mais de 291 mil ações de fiscalização. De acordo com a superintendente de fiscalização da entidade, Maria Edith dos Santos, antes da atual gestão eram realizadas cerca de 25 mil por ano.

"Para mudar essa realidade, decidimos trabalhar com o modelo de força-tarefa, levando de 10 a 20 agentes fiscais para um município ou região. Isso permitiu ampliar as ações e a cobertura das diversas áreas da engenharia", disse Maria Edith. Para 2022, a meta do Crea-SP é chegar a 400 mil fiscalizações em São Paulo.

As operações têm como principal objetivo coibir o exercício ilegal da profissão. "Nós tentamos extirpar da sociedade o leigo. Trabalhamos para proteger pessoas, evitar que aconteçam catástrofes", afirmou a superintendente. A força de fiscalização do Crea-SP conta com cerca de 130 agentes fiscais, 12 gerentes regionais e 36 chefes de unidades em todo o estado.

Tecnologia

APP com múltiplas funcionalidades otimiza rotina de agentes fiscais

Aplicativo Fiscaliza permite agilizar as atividades dos agentes de fiscalização
Aplicativo Fiscaliza permite agilizar as atividades dos agentes de fiscalização - Lucas Lacaz Ruiz/A13/Estúdio Folha

O Crea-SP iniciou há um ano um processo de transformação digital que tem melhorado a rotina dos profissionais da entidade e a experiência de engenheiros e instituições que utilizam seus serviços. Uma das iniciativas é o aplicativo Fiscaliza, que teve seus dois últimos módulos apresentados no 19º Sefisc (Seminário Estadual de Fiscalização).

"Nosso objetivo é gerar valor para os profissionais do Crea-SP e para toda a sociedade", disse Israel Macedo, superintendente de tecnologia e inovação. O desenvolvimento das plataformas partiu de um trabalho colaborativo. "Ouvimos as necessidades de todos os envolvidos, conhecemos o fluxo de trabalho de cada unidade do Crea-SP no estado. Depois, desenhamos as soluções. A partir do feedback dos usuários, vamos implementando melhorias."

O App Fiscaliza otimiza a rotina dos fiscais e foi lançado em setembro de 2021 com um módulo de serviço: Consultas de ART (Anotação de Responsabilidade Técnica, de Profissional e de Empresa). Depois, surgiram mais três: novos filtros de consulta, cadastro de tarefas e upload de imagens – permitindo ao fiscal anexar fotos e documentos. Já o quinto e sexto módulos incluem novas consultas, inserção de formulários, relatório de obra e visita. "Quanto mais funcionalidades no aplicativo, mais atividades os fiscais podem realizar nas ruas, dando mais agilidade às ações de fiscalização", disse Maria Edith dos Santos, superintendente de fiscalização da entidade.

Processo Digital

Em 15 de dezembro de 2021, o Crea-SP instaurou o último processo físico (em papel). Desde então, todos os processos gerados pelos fiscais seguem em formato digital para câmaras especializadas – órgãos de primeira instância de julgamento no âmbito da jurisdição da entidade, exceto no caso de foro privilegiado.

Antes, o processo lavrado na unidade era enviado à Superintendência de Fiscalização por correio e depois encaminhado ao colegiado. Os integrantes precisavam acessar o processo em papel para analisá-lo. "Os autos demoravam cerca de 30 dias para chegar ao presidente do colegiado. Agora, com dois cliques, ele recebe o processo digital para análise. Poderemos dar uma resposta rápida à sociedade", concluiu Maria Edith.