Participação da mulher é primordial na formulação de políticas públicas

Inclusão deve abranger também outros grupos sociais e minorias da sociedade, pois engajar traz soluções para todos

A participação feminina na formulação de políticas públicas é requisito básico para a criação de cidades sustentáveis e inteligentes. Essa foi a conclusão do painel Sustentabilidade: Cidades Por e Para Mulheres.

"Nada melhor do que ter alguém que sente os problemas na pele e consegue colocá-los no planejamento", disse Iara Negreiros, engenheira civil e consultora da SPIn, especializada em cidades inteligentes. Para ela, mulheres passam por situações desconhecidas até por homens esclarecidos em questões de gênero.

Maria Constantino, do “Maria Virou Eco”, durante painel de mobilidade
Maria Constantino, do “Maria Virou Eco”, durante painel de mobilidade - Lucas Lacaz Ruiz/A13/Estúdio Folha

Tal conhecimento é de enorme relevância para a realização de projetos de acessibilidade, mobilidade e segurança que atendam a todos os cidadãos. Por exemplo: mulheres costumam passar mais tempo cuidando de crianças e idosos do que os homens, então podem ajudar o poder público a construir calçadas adaptadas para carrinhos de bebês e pessoas com dificuldade de locomoção.

Da mesma forma, se sentem mais inseguras ao caminhar por ruas escuras ou usar certas linhas de ônibus, podendo apontar onde é importante mais iluminação, câmeras de segurança e vigilância. "As mulheres têm essa percepção, daí a importância de tê-las na tomada de decisões", disse a engenheira ambiental Maria Constantino, criadora de conteúdo sobre sustentabilidade do canal Maria Virou Eco.

Segundo a geógrafa Nádia Sudário, CEO da Geomutt Engenharia Urbana, na pandemia de Covid-19, as mulheres passaram a ter participação maior e mais enfática em audiências públicas, pois estas reuniões ocorreram de forma virtual. "A inserção das pessoas no planejamento é essencial", afirmou Nádia.

A inclusão vale não só para as mulheres mas para os diversos grupos sociais e minorias. Eles rejeitam políticas de segregação como estratégia de longo prazo, como vagões só para mulheres nos trens. "Engajamento social traz soluções para todos. Segregar não é um caminho para o planejamento de uma cidade que atenda a todos", afirmou Iara.

Mobilidade

Planejar, integrar e inovar devem ser prioridade em novos projetos

Planejamento com foco nas pessoas, ações integradas e inovação formam a base para implementar o conceito de Mobilidade Inteligente nos municípios. Por isso, a participação do engenheiro é fundamental na discussão de projetos. Essa foi a principal conclusão do painel sobre Mobilidade Urbana, no evento do Crea-SP.

A engenheira ambiental Maria Constantino, do canal de conteúdo Maria Virou Eco, que discute sustentabilidade, destacou que o transporte ainda é apontado como um dos principais problemas nas cidades e que inovar nem sempre significa grandes investimentos. "O que não pode ocorrer é copiar e colar projeto de outra cidade, sem estudo e planejamento."

Paulo Roberto Guimarães Júnior, secretário de Mobilidade Urbana de São José dos Campos, concordou. Para ele, as estratégias e políticas públicas devem ser desenvolvidas de acordo com o ambiente e o momento cultural de cada cidade. "É aí que entra o engenheiro. Quando o projeto é bem fundamentado com pesquisas e números, bem planejado, temos como justificar e convencer todos os envolvidos."

Já Rafael Tartaroti, especialista de mobilidade urbana no Turbo, o hub de inovação da Ipiranga, disse que mobilidade inteligente deve ser sustentável e permitir que o cidadão escolha o modal que melhor atenda a sua necessidade momentânea. "Quanto mais tecnologia, mais acesso a modalidades multifacetadas. As pessoas estão cada vez mais multimodais, e a tendência é menos posse e mais compartilhamento."

Duas palestras fecharam a programação do tema mobilidade: a primeira "Mobilidade e o Trabalho", com Tiago Alves, autor do livro "Nem home nem office: Como as mudanças nas organizações convergem para um novo modelo de trabalho com os escritórios do futuro", e, na sequência, "Inovação em Mobilidade", com Aurélie dos Santos, gerente de smart cities da green4T, startup de soluções de tecnologia e infraestrutura digital para empresas e cidades.​