Imunocomprometidos precisam reforçar atenção e cuidados contra a Covid-19

Pacientes com as defesas do organismo mais vulneráveis, de 2% a 3% da população mundial, têm mais chance de desenvolver a forma mais grave da doença

Vaccination Concept. Portrait Of Black Vaccinated Family Of Three With Adhesive Bandage On Arms, Happy African American Mother, Father And Little Daughter Posing At Home After Covid-19 Vaccine Shot

Imunocomprometidos precisam reforçar atenção e cuidados contra a Covid-19 Getty Images/iStockphoto

As vacinas são a melhor arma contra o novo coronavírus. Salvaram quase 20 milhões de vidas apenas no primeiro ano dos programas de imunização, iniciados em dezembro de 20201. Um grupo de pacientes, porém, sempre preocupou os especialistas. De 2% a 3% da população global seguem altamente suscetíveis à infecção pelo SARS-CoV-2. Com as defesas do organismo debilitadas, os imunocomprometidos não respondem com tanta eficiência aos imunizantes –de qualquer tipo, não apenas contra o novo coronavírus.

Em linhas gerais, há dois tipos de imunodeficiência. As primárias, também chamadas de erros inatos de imunidade, são caracterizadas por mutações genéticas associadas ao enfraquecimento do sistema de defesa do organismo, tornando seu portador mais suscetível a infecções. Com um caso em 2 mil a 10 mil nascidos, compõem um conjunto de cerca de 400 doenças2,3. Entre elas, estão as síndromes de DiGeorge e Wiskott-Aldrich. A imunossupressão secundária, por sua vez, decorre de outras enfermidades ou tratamentos. Portadores do HIV, o vírus da Aids, pacientes em quimioterapia ou submetidos a transplantes integram esse segundo grupo de imunocomprometidos.

A imunodepressão não torna ninguém mais suscetível à infecção pelo novo coronavírus. O risco segue o mesmo padrão da população em geral. Quando contaminados, porém, esses pacientes costumam desenvolver a forma mais grave da doença. Dos vulneráveis, os mais fragilizados são os transplantados de órgão sólido –cerca de 100 mil a 120 mil pessoas, no Brasil, informa a infectologista Ligia Pierrotti, do Grupo de Infecção em Imunodeprimidos, do Hospital das Clínicas (HC), de São Paulo. "No HC, a mortalidade de pacientes internados em decorrência da Covid-19 é de cerca de 25%", diz ela. "Na fase da variante ômicron, essa taxa chegou a 60%." Na virada de 2021 para 2022, poucos já haviam recebido o reforço vacinal contra o novo coronavírus. Quanto mais imunizantes os imunodeprimidos recebem, mais aptos eles ficam para enfrentar a infecção pelo novo coronavírus. "Alguns pacientes só começam a produzir anticorpos a partir da segunda, terceira dose", lembra Ligia.

Se para a população em geral é importante seguir à risca o cronograma de imunização, para esses pacientes é imprescindível manter as vacinas em dia. Segundo um estudo do CDC (Centers for Disease Control and Prevention, dos Estados Unidos), as doses de reforço foram fundamentais para diminuir os riscos de morte e de internações. O trabalho dos pesquisadores americanos mostrou que, durante o surto da variante ômicron, as taxas de hospitalização e de mortalidade foram 7 e 21 vezes menores, respectivamente, entre os imunodeprimidos vacinados, em comparação aos não imunizados.

Os especialistas também recomendam que esses pacientes mantenham o uso de máscara em locais públicos, mesmo que as medidas contra o SARS-CoV-2 tenham afrouxado, e consultem o médico com regularidade. O mesmo vale para todas as pessoas que moram na mesma casa e/ou são responsáveis pelo cuidado dos imunocomprometidos2.