O Brasil é uma referência mundial em transplantes. Temos aqui o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células, sendo que 95% dessas cirurgias são de responsabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS)1.
O transplante de um órgão, como um rim, fÃgado ou coração, é, muitas vezes, o último recurso diante da gravidade de determinadas doenças. O primeiro passo para o sucesso do programa brasileiro de transplantes é conscientizar a população sobre a importância da doação e de como é imprescindÃvel que as pessoas conversem com sua famÃlia e amigos sobre o assunto.
27 de setembro, Dia Nacional da Doação de Órgãos, é a data escolhida para reforçar essa ideia. Neste ano, a campanha Setembro Verde, do Ministério da Saúde, é ainda mais importante, já que, por conta da pandemia da COVID-19, a fila por um transplante no Brasil ficou ainda maior – quase 60 mil pessoas, segundo dados do próprio ministério.
O transplante é um procedimento de alta complexidade, e a pessoa que recebeu um órgão sabe que precisará se proteger por toda a vida. Com as defesas do organismo mais enfraquecidas, os transplantados são mais suscetÃveis a infecções e não respondem com tanta eficácia à s vacinas – todas elas, inclusive as contra a COVID-19.
Segundo dados do Hospital do Rim, enquanto 90% da população em geral desenvolve anticorpos após o ciclo completo da vacinação, entre os transplantados esse Ãndice cai para apenas 45%.
Se infectados pelo vÃrus SARS-CoV-2, os transplantados costumam desenvolver a forma mais grave da doença e são mais suscetÃveis à chamada COVID longa, quando a pessoa fica com sequelas da doença após a infecção inicial.
A infectologista Ligia Pierrotti, do Grupo de Infecção em Imunodeprimidos do Hospital das ClÃnicas de São Paulo, afirma que a mortalidade dos imunocomprometidos internados em decorrência da COVID-19 é muito maior do que a dos demais pacientes, cerca de 25%. Além dos transplantados, também entram na lista as pessoas cujas defesas do organismo ficam enfraquecidas por condições pré-existentes, como doenças raras como as sÃndromes de DiGeorge e Wiskott-Aldrich, pessoas com vÃrus HIV e em tratamentos contra outras enfermidades, como o câncer2.
Quanto mais imunizantes os imunodeprimidos recebem, diz Pierrotti, mais aptos eles ficam para enfrentar a infecção pelo novo coronavÃrus. Por isso, além de todas as vacinas recomendadas pelo Ministério da Saúde, os imunocomprometidos precisam manter, e reforçar, o protocolo de proteção contra a COVID-19.
Apesar da queda do número de mortes da doença, a maior prova da eficácia das vacinas, os imunocomprometidos precisam manter o uso de máscaras, evitar aglomerações e não dispensar o álcool gel. E, claro, conversar sempre com um especialista.
1- 27/9 – Dia Nacional da Doação de Órgãos (https://bvsms.saude.gov.br/27-9-dia-nacional-da-doacao-de-orgaos-4/#:~:text=O%20Brasil%20tem%20o%20maior,mundo%2C%20atr%C3%A1s%20apenas%20dos%20EUA).
2 - Mais de 400 doenças representam as imunodeficiêncais primárias (https://asbai.org.br/mais-de-400-doencas-representam-as-imunodeficiencias-primarias/#:~:text=Hoje%20temos%20descritos%20mais%20de,pacientes%20ainda%20n%C3%A3o%20est%C3%A3o%20diagnosticados).