A área do direito acompanha as transformações sociais e amplia as possibilidades dos profissionais que escolhem esse campo de atuação. Assim, as trilhas mais tradicionais da carreira, como as de direito civil e direito penal, abrem-se para novas frentes a partir de fenômenos como a digitalização.

"O direito é uma profissão dinâmica, que reflete em tempo real todas as mudanças que acontecem na sociedade", afirma Marcelo Guedes Nunes, professor de direito empresarial e diretor do Núcleo de Direito e Tecnologia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

Dessa maneira, hoje é possível seguir especializações que contemplam novas demandas e disputas legais. Entre as áreas em ascensão, Nunes cita a de direito e tecnologia, "incluindo Inteligência Artificial e impacto algorítmico, proteção de dados e Marco Civil da Internet, por conta do crescimento da economia de dados".

Outra tendência, segundo o professor da PUC-SP, é a da jurimetria. Trata-se da aplicação de métodos quantitativos e da estatística ao direito. Essa vertente de conhecimento visa monitorar processos e detalhar cenários, auxiliando a atuação estratégica do advogado em cada caso por meio de análises diagnósticas mais aprofundadas.

Ganha ainda importância o ramo da advocacy, que faz a ponte entre reguladores e empresas privadas nas discussões sobre alterações de legislação e impacto regulatório.

Os avanços tecnológicos proporcionam também uma diversidade maior de perfis de organizações que buscam serviços dos profissionais de direito.

"Quando eu me formei, havia dois caminhos: advogar em empresa ou escritório ou prestar concurso público", afirma Marcelo Nunes. "Atualmente, a interação com a tecnologia criou um novo e amplo mercado de serviços interdisciplinares que não são prestados por escritórios de advocacia, mas sim por startups – as legaltechs, lawtechs, regtechs. Todo esse mercado está baseado em dados e modelagem probabilística."

Além disso, é preciso lembrar que o conhecimento do direito pode ser utilizado não somente nas carreiras de advocacia, judicatura e promotoria, mas também em searas com as de gestão, pesquisa e desenvolvimento e mercado de capitais.

O profissional de direito precisa estar atento a todos esses movimentos na hora de buscar qualificação. "Ele vai se destacar pelo conhecimento interdisciplinar e pela atualização tecnológica", diz o diretor da PUC-SP. "Conhecer com profundidade alguma outra área que interaja com o direito, como lógica, estatística e probabilidade, programação algorítmica, economia e contabilidade dá ao candidato enorme vantagem", afirma.

Além disso, explica, o profissional "deve buscar atualizações relativas ao uso de novas ferramentas". "Assim, é importante fazer especializações e estar vinculado a entidades que são capazes de trazer notícias sobre essas mudanças. Pegar o diploma e bater ponto é o caminho para ficar obsoleto."