Dois dos projetos finalistas têm as artes circenses como principal ferramenta de transformação social: o "Arte, Circo e Cidadania", do Circo Laheto, em Goiânia (GO), e o "Brincar e Aprender para Crescer com Você!", da Escola Pernambucana de Circo, no Recife (PE).
A iniciativa no Centro-Oeste é comandada pelo casal Seluta Rodrigues, 52, e Maneco Manacá,
54. Há 25 anos, eles se casaram e abriram o espaço, que atende 130 crianças e jovens de seis a 16 anos. Eles estudam em uma das duas escolas da cidade e frequentam as atividades no contraturno das aulas. Finalista pela sexta vez, o projeto oferece também oficina de teatro, música e reforço escolar.
Seluta comemora o "fôlego" que a iniciativa ganhou no último ano por ter sido contemplada em editais e ter recebido apoios. Uma assistente social foi contratada, o trabalho com as redes de proteção, ampliado, e até a merenda está reforçada.
Como ocorre anualmente, em dezembro a turma vai se apresentar em uma grande festa aberta ao público. "Desta vez, o tema será identidade, e até alguns familiares deverão aparecer no picadeiro", diz.
No Recife, a Escola Pernambucana de Circo também trabalha há mais de duas décadas para ajudar no desenvolvimento de crianças e adolescentes de seis a 15 anos -atualmente são cerca de 90 participantes.
Inicialmente, o foco do trabalho era a Favela do Rato, no Recife Antigo. Há dez anos, no entanto, o projeto tem sede no bairro Macaxeira, periferia da capital. É nela que ocorrem, no período da tarde, as aulas de acrobacias e malabares, além de oficinas literárias e teatrais e práticas esportivas.
"A escola existe para fortalecer o humano. O que percebemos é que a criança entra aqui e, independentemente do meio de onde vem, nos apresenta potencialidades que nem mesmo ela sabia possuir", afirma o assessor de gestão do projeto, Blau Lima, 43.
Glaucia Ribeiro, 14, frequenta o circo há 5 anos por incentivo do pai. "Melhorou muita coisa. Eu era muito tímida, até para apresentar trabalho na escola. Agora, gravo até vídeo e dou entrevista", diverte-se.
Já Ítalo da Silva, 23, frequenta o circo desde 2008. Em quatro anos, foi convidado para a Trupe Circus -coletivo de artistas locais ligados à escola e que organiza espetáculos. Atualmente, ele é um dos educadores do "Brincar e Aprender".