Nos próximos sete anos, o mercado global de edge computing deve alcançar US$ 61,14 bilhões, mantendo uma taxa de crescimento anual de 38,4%. A estimativa apontada por um estudo mundial da consultoria Grand View Research avaliou dados de nove países, incluindo o Brasil, e reforça o que muitos especialistas vêm afirmando: para usufruir dos principais benefícios oferecidos pelo 5G, que promete habilitar o futuro com cirurgias robóticas, carros autônomos, agricultura totalmente computadorizada, entre outras inovações, as empresas precisam olhar com prioridade para o edge computing, ou "computação de borda", na tradução para o português.
Estrutura computacional altamente distribuída, o edge computing faz com que o processamento ou o armazenamento de dados fique próximo do local onde as informações são capturadas ou consumidas. Significa dizer que com edge computing a análise dos dados coletados por sensores, por exemplo, é feita ali mesmo, nos próprios dispositivos IoT (internet das coisas) – quando eles têm capacidade de processamento interno – ou em outros equipamentos, como smartphones e servidores que estejam fisicamente próximos.
Diferentemente do armazenamento e do processamento em nuvem ou data center, a computação de borda não obrigada os dados a "viajar" até uma central que pode estar a milhares de quilômetros de distância. Consequentemente, diminui o custo de transmissão de dados, uma vez que o caminho percorrido é menor.
Outra característica, apontada como o maior benefício do edge computing, é a redução na latência, que é a quantidade de milissegundos que uma solicitação leva para ir de uma ponta a outra. Como na computação de borda o caminho é mais curto, o vaivém das informações é praticamente imediato.
Na prática, não é difícil entender a importância desse encurtamento de tempo e distância quando consideramos as milhares de possibilidades que surgirão com a chegada do 5G. Imagine, por exemplo, milhões de dispositivos IoT – muitos milhões a mais do que existem hoje – por todos os lados, enviando e recebendo toneladas de dados para evitar que carros autônomos colidam, que a produção da fábrica entre em colapso, que pessoas não autorizadas acessem escritórios e residências ou que alguma deficiência do solo prejudique a lavoura.
Ainda que o 5G tenha muito mais banda e menor latência, nem toda a sua potência dará conta do recado nas aplicações mais críticas, que exigirão respostas imediatas. E, ainda que dê conta, o custo desses quilômetros percorridos poderá ser alto demais.
Um bom exemplo de aplicação crítica que pode ser viabilizada pela computação de borda é uma cirurgia realizada remotamente por um médico com auxílio de um robô. Imagine que o paciente com problemas cardíacos seja monitorado por sensores. Para tomar a melhor decisão para salvar a vida daquela pessoa, todo milésimo de segundo conta. Se as informações tiverem de percorrer milhares de quilômetros, do paciente para a nuvem e da nuvem para o médico, pode ser tarde demais. O edge computing evita que isso aconteça, reduzindo a latência, aceleramento o processamento e otimizando a largura de banda, três requisitos essenciais para aplicações digitais avançadas.
É importante ressaltar, no entanto, que edge computing não é uma tecnologia que substitui a nuvem. Elas são complementares, cada uma com seu papel. A computação de borda tem mais agilidade, portanto, deve se responsabilizar pelas ações que exigem ações imediatas. Porém, ela não é ideal para acomodar grandes volumes de informação ou análises muito complexas. Essa ainda é uma missão que cabe às estruturas de nuvem.