Pense em uma geladeira que saia da fábrica já conectada com o fabricante para fornecer informações sobre o seu funcionamento e capaz de indicar qualquer necessidade de manutenção preventiva. Agora imagine que o comprador da geladeira não tenha de fazer nada além de ligar o equipamento na tomada para que tudo isso aconteça. Diferentemente daquela ideia de geladeira inteligente, que envia alertas para o celular de quem não quer que falte cerveja, o consumidor não vai mais ter de configurar equipamentos, sincronizar aplicativos ou contar com internet disponível em casa. "A conexão vai passar a vir com o equipamento, como se fosse uma extensão da rede do fabricante", explica Cristiano Moreira, gerente de produtos da Embratel.
Para o executivo, esse exemplo simples demonstra a mágica da quinta geração de internet móvel, o tão esperado 5G, que vai possibilitar a conexão de uma infinidade de pessoas e objetos em altíssima velocidade possibilitando grandes mudanças nos negócios e na sociedade nas próximas décadas. "Poderemos conectar um milhão de dispositivos por quilômetro quadrado, o que vai nos levar de uma vez por todas para a internet das coisas (IoT), que habilita as empresas para o próximo nível de criatividade e inovação", diz ele.
Tecnicamente, o 5G é a nova geração de rede móvel que tem como principais diferenciais o aumento considerável na largura de banda e a redução da latência, que é o tempo entre o envio e o recebimento de um pacote de dados. Para entender, imagine que, enquanto a rede 4G atinge velocidade de até 1 Gbps, a 5G é uma rede lógica, programável, e que pode chegar a 20 Gbps. Isso significa dizer que ela suporta um número muito maior de dispositivos conectados e transmite informações em altíssima velocidade, o que viabiliza avanços como controle remoto de linhas de produção, circulação de carros autônomos e implantação intensa de sensores para produção agrícola, por exemplo.
Convém dizer ainda que, diferentemente da quarta geração de internet móvel, que inaugurou a era dos aplicativos, a quinta geração não é focada no consumidor final, ainda que ele definitivamente também vá se beneficiar dela.
O 5G é, na realidade, uma resposta a uma encomenda da indústria 4.0, que demanda todo esse mecanismo para se tornar cada vez mais autônoma, com uso massivo de sensores com internet das coisas combinados com soluções de inteligência artificial, machine learning, analytics, realidade aumentada e virtual, tudo isso em milissegundos para atender as aplicações críticas, o que transforma a operadora de um provedor de conectividade em um habilitador digital.
"A quinta geração de rede móvel atua como orquestradora de todo esse conjunto para predizer comportamentos de máquinas ou culturas agrícolas, por exemplo, de acordo com o tipo de motor, ambiente ou região", afirma o executivo. "E tudo isso, no final das contas, aumenta a eficiência da produção, diminui o risco de acidentes de trabalho e, claro, amplia a competitividade das empresas."
Outra característica do 5G para o uso corporativo é o "network slicing", que consiste no "fatiamento" da rede oferecida pelos provedores para determinados usos ou usuários. Isso permite, por exemplo, que dados de comunicação e entretenimento utilizem uma fatia de rede diferente da fatia dedicada à troca de informações críticas, como as enviadas por carros autônomos. Com isso, os provedores garantem que as fatias da rede reservadas a missões críticas de IoT fiquem constantemente dedicadas a esse tipo de operação e não tenham de concorrer com outros tipos de uso.
Outro ganho evidente da chegada do 5G é a potencialização do trabalho criativo das pessoas, que devem buscar inovações e soluções que nem sequer foram imaginadas até agora. "É preciso deixar toda a criatividade fluir nessa infraestrutura computacional de rede distribuída que o 5G vai viabilizar para toda a sociedade", afirma.