Chegada do 5G acelera a inovação na indústria

Debate entre especialistas mostra que, além de alta velocidade, a quinta geração de internet móvel habilita o uso de tecnologias como Internet das Coisas e Inteligência Artificial e permite a criação de redes privativas

Chegada do 5G acelera a inovação na indústria

Chegada do 5G acelera a inovação na indústria Pixabay

A chegada da tecnologia 5G vai transformar os negócios e a sociedade, ao permitir o surgimento de uma série de inovações, como a circulação de carros autônomos e a realização de cirurgias remotas, por exemplo. Mas é na indústria que a tecnologia 5G promete uma grande evolução.

Além de garantir uma alta velocidade nas redes móveis e a transferência de dados em milissegundos, o 5G deve atuar como um habilitador de soluções digitais em tempo real, permitindo às indústrias automatizarem totalmente a produção.

A transformação da indústria pelo 5G foi tema do quinto episódio da série A Tecnologia no Próximo Nível, uma iniciativa da Embratel em parceria com o Estúdio Folha. Participaram da conversa Marcello Miguel, diretor executivo de marketing e negócios da Embratel, Renato Pasquini, country manager da consultoria de negócios e estratégia Frost & Sullivan, e Gustavo França, diretor global de tecnologia da informação e digital da siderúrgica Gerdau.

A quinta geração de internet móvel é a resposta a uma encomenda da indústria 4.0, que demanda uma série de soluções tecnológicas e novos modelos de produção, para se tornar cada vez mais eficiente e autônoma.

"O 5G vai habilitar outras tecnologias na indústria, como Internet das Coisas, Inteligência Artificial, Machine Learning e Realidade Aumentada, que consomem uma quantidade enorme de processamento computacional e demandam baixa latência, o tempo de resposta na rede", afirma Marcello Miguel, da Embratel. Hoje, o custo e a falta de infraestrutura ainda são empecilhos para o uso massivo dessas tecnologias nas empresas.

Marcello Miguel, diretor executivo de marketing e negócios da Embratel
Marcello Miguel, diretor executivo de marketing e negócios da Embratel - Divulgação

"O 5G vai habilitar outras tecnologias na indústria, como Internet das Coisas, Inteligência Artificial, Machine Learning e Realidade Aumentada"

MARCELLO MIGUEL, DIRETOR EXECUTIVO DE MARKETING E NEGÓCIOS DA EMBRATEL

O 5G possibilitará o compartilhamento da infraestrutura dos provedores de serviços e a criação de um conceito chamado network slicing, um "fatiamento" da rede pública dos provedores, gerando redes privativas, que poderão ser usadas para determinadas aplicações. "Essa segmentação da infraestrutura da operadora, ou do service provider, vai oferecer camadas dedicadas da rede, para atender demandas da indústria ou de uma aplicação específica", afirma Miguel.

Ambiente robotizado

Quando a tecnologia 5G é combinada com Internet das Coisas (IoT) surge na indústria um novo modelo de produção. "A utilização de 5G com IoT vai criar um ambiente industrial totalmente robotizado, conectado com tecnologias que fazem a orquestração das máquinas e a comunicação entre elas", afirma Pasquini, da Frost & Sullivan. "As máquinas poderão, por exemplo, aprender a se reconfigurar para produzir melhor, com interferência humana mínima."

Com milhões de sensores de IoT conectados, a análise dos dados coletados precisa ser feita de forma rápida. Aí entra o edge computing ou computação de borda. Essa estrutura computacional distribuída permite que o processamento fique próximo do local onde os dados são capturados ou armazenados, gerando mais agilidade nas decisões.

Renato Pasquini, country manager da consultoria de negócios e estratégia Frost & Sullivan
Renato Pasquini, country manager da consultoria de negócios e estratégia Frost & Sullivan - Divulgação

"A utilização de 5G com IoT vai criar um ambiente industrial totalmente robotizado, conectado com tecnologias que fazem a orquestração das máquinas e a comunicação entre elas"

RENATO PASQUINI, COUNTRY MANAGER DA CONSULTORIA DE NEGÓCIOS E ESTRATÉGIA FROST & SULLIVAN

Pessoas fora de risco

O 5G está previsto para chegar às capitais do país em julho de 2022, mas algumas indústrias já começaram a testar a tecnologia. A siderúrgica Gerdau, em parceria com a Embratel, está testando redes 5G em projetos como o de monitoramento em tempo real de suas locomotivas, para evitar paradas numa linha de 80 quilômetros da empresa e intensificar a segurança.

Outro experimento com 5G na Gerdau é o de mobilidade de pessoas em áreas de risco da siderúrgica. Sensores irão identificar o momento em que uma pessoa não autorizada ultrapassar as cercas virtuais dessas áreas de risco, emitindo um sinal de alerta. O objetivo é evitar acidentes.

"A tecnologia 5G é mais do que conexão, porque permite que se crie no mundo industrial o conceito de smart factory, com a conexão dos diversos elementos que fazem parte de uma operação industrial, como equipamentos, pessoas, veículos", diz Gustavo França, diretor global de TI e digital da Gerdau.

Gustavo França, diretor global de tecnologia da informação e digital da siderúrgica Gerdau
Gustavo França, diretor global de tecnologia da informação e digital da siderúrgica Gerdau - Divulgação

"A tecnologia 5G é mais do que conexão, porque permite que se crie no mundo industrial o conceito de smart factory, com a conexão dos diversos elementos que fazem parte de uma operação industrial, como equipamentos, pessoas, veículos"

GUSTAVO FRANÇA, DIRETOR GLOBAL DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E DIGITAL DA SIDERÚRGICA GERDAU

Segundo Marcello Miguel, uma forma de os provedores de tecnologia ajudarem as indústrias a começar seus experimentos com 5G é trabalhar de forma próxima, para descobrir como melhorar os processos industriais. "Juntos conseguimos traçar uma estratégia com o objetivo de ganhar produtividade e atender as demandas das empresas e da indústria 4.0", diz Miguel.

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