A indústria 4.0 tem um ecossistema tecnológico pronto para torná-la cada vez mais autônoma. O que falta é o combustível chamado 5G. "A rede 5G é uma encomenda do segmento para destravar o poder de muitas aplicações que já existem, mas ainda não são plenamente utilizadas", afirma Cristiano Moreira, gerente de produtos da Embratel.
Com mais de 20 anos de experiência em telecomunicações e mestrado em Inteligência Artificial Aplicada à Automação e Robótica, o engenheiro defende que a indústria depende do 5G para alcançar seu próximo nível de evolução. Nessa entrevista, ele apresenta seus argumentos.
Quais são as principais contribuições das redes 5G para a indústria 4.0?
São muitas. Para começar, o 5G é capaz de conectar um número muito maior de dispositivos, chegando a até 1 milhão conectados na mesma área.
Também oferece mais velocidade para a transmissão de dados. Enquanto o 4G atinge até 1 Gbps, o 5G pode chegar a 20 Gbps, isso significa que praticamente não há limites para conectar toda a produção em altíssima velocidade.
Outra contribuição é a menor latência, que é a capacidade de resposta da rede a uma solicitação. No 5G, ela é praticamente instantânea, viabilizando o uso de veículos autônomos ou de aplicações de vídeo analytics em tempo real com inteligência artificial para prever acidente numa planta industrial, por exemplo.
O terceiro benefício é a segmentação da infraestrutura como capacidade - e não por quantidade de conexões, como é hoje. Dessa forma é possível dedicar "fatias" do 5G para serviços que precisam de respostas imediatas. Isso garante que o streaming não vai "roubar" banda e afetar o desempenho das aplicações da indústria.
O 5G é capaz de conectar um número muito maior de dispositivos, chegando a até 1 milhão conectados na mesma área. Também oferece mais velocidade para a transmissão de dados.
O 5G vai assim realizar todo o potencial do ecossistema tecnológico que apoia a indústria 4.0?
Sim. A próxima evolução da indústria depende dele. Trata-se de uma encomenda da indústria para destravar o poder das aplicações evolutivas de tecnologia da informação (TI) para o mundo de tecnologia da automação (TA).
Ao habilitar o uso massivo de sensores com internet das coisas (IoT) combinados com soluções de inteligência artificial, machine learning, analytics, realidade aumentada e virtual, o 5G permite que a indústria se torne mais autônoma.
O 5G garante mais segurança para as aplicações?
Sim, pois utiliza criptografias de SIM cards e não mais usuários e senhas ou ssid (service set identifier, que é basicamente o nome da rede wi-fi) e senhas, como ocorre nas redes atuais.
Na prática, quais aplicações industriais serão viabilizadas pelo 5G?
Imagine que as indústrias poderão espalhar sensores por toda a cadeia produtiva, empoderando assim seus operadores, que passarão a ter controle e visibilidade de todas as plantas e de todos os itens monitorados, remotamente e em tempo real.
Outra aplicação são os sistemas de agendamento de manutenção. Com a coleta massiva de dados, os sistemas conseguem alimentar o aprendizado de máquina para otimizar a manutenção e evitar paradas, o que aumenta a produtividade.
Para completar, será possível utilizar realidade aumentada (AR) e realidade virtual (VR) para que especialistas possam fazer manutenção e operação de equipamentos remotamente.
E tudo isso também deve oferecer mais segurança para os trabalhadores?
Com certeza. O 5G também deve viabilizar a robótica colaborativa, isso é, robôs interagindo com robôs para evitar a presença humana em locais de alto risco.
A indústria está preparada para a entrada do 5G no Brasil?
Ela vem se preparando. Nesse momento, estamos naquela fase em que as grandes buscam avaliar a tecnologia e a maturidade de sua implantação dentro de seus negócios. O próximo passo será disseminar essa experiência para as empresas de médio e pequeno parte, que devem utilizar o poder de virtualização para reduzir o custo de adquirir toda a infraestrutura.
Quais são os principais desafios dessa jornada?
Os desafios devem ser formatação do ecossistema tecnológico e a escolha de um bom parceiro para se habilitar para o próximo nível. Quem não acompanhar essa transformação deve perder competitividade, agilidade e flexibilidade. É só uma questão de tempo.
E como a Embratel pode ajudar aquelas que quiserem se preparar para o próximo nível?
A Embratel entende o que a indústria precisa. Temos uma infraestrutura habilitadora, com rede, cloud, plataformas e IoT. E ainda temos um time de soluções digitais que interage e conecta parceiros, fornecedores, clientes e colaboradores. Ou seja, a Embratel é uma habilitadora digital que entra para orquestrar todo esse ecossistema.