Opções para todos os gostos e aspirações

Consórcios surgiram no Brasil para viabilizar aquisição de automóveis, mas hoje são via para acessar os mais variados produtos e serviços

No início dos anos 1960, o Brasil experimentava o avanço da indústria automobilística. Paralelamente, o aceso dos consumidores a crédito para adquirir veículos era escasso. Diante deste cenário, funcionários do Branco do Brasil tiveram a ideia de constituir grupos formados por colegas de trabalho para que, juntos, somassem recursos e conseguissem adquirir o bem. Foi assim que se originou o consórcio. O sucesso da empreitada foi grande. A modalidade acabou impulsionada, ganhou legislação própria e hoje é utilizada para acessar os mais diferentes produtos e serviços, em linha com o surgimento de novos hábitos de consumo e/ou produção.

De acordo com o Banco Central, os consumidores brasileiros encontram opções de consórcios nos segmentos de bens imóveis, de bens móveis (em que há os subsegmentos de veículos leves, veículos pesados – que inclui máquinas e implementos agrícolas –, motocicletas, e outros bens móveis duráveis – como eletrônicos, eletrodomésticos e móveis, entre outros) e de serviços. Uma enorme parcela dos participantes ativos ainda se concentra nos planos destinados à aquisição de automóveis. Eles são aproximadamente 80,5% do total, ou 7,4 milhões de consumidores. Mas o avanço nos participantes dos grupos atrelados a eletroeletrônicos foi 47,6% no intervalo de setembro de 2021 a setembro de 2022 (somando 238 mil ativos). No segmento de imóveis, houve evolução de 15%, chegando a 1,3 milhão, no mesmo período. No de serviços, já eram 197 mil participantes em setembro último, 5,3% mais do que no mesmo mês de 2021. "O brasileiro descobriu o consórcio e está cada vez mais entendendo as suas finanças por conta da educação financeira. A evolução dos segmentos é resultado, ainda, das dificuldades do consumidor, seja ele pessoa física ou jurídica, em encontrar linhas de créditos adequadas à sua necessidade que, conectadas com a maturidade da experiência de consumo, permitem a evolução e desenvolvem oportunidades de crescimento para o sistema", avalia o vice-presidente comercial da Embracon, Luis Toscano.

Opções para todos os gostos e aspirações

IMÓVEIS

Pesquisas sobre o maior sonho de consumo dos brasileiros costuma convergir sobre o primeiro lugar no ranking: a casa própria. E cada vez mais pessoas descobrem nos consórcios aliados para concretizar essa aspiração. Uma pesquisa feita este ano pela Abac revelou que, no momento de utilizar seus créditos, os contemplados optam prioritariamente pela compra de imóveis residenciais urbanos (52,6% dos entrevistados). Um indicador importante é o que revela que a participação das contemplações do consórcio de imóveis no financiamento habitacional brasileiro chegou a 12,3% - o que significa 31,12 mil unidades sobre o total de 252,5 mil bens imóveis financiados. O prazo médio dos grupos em andamento era de 154 meses, a taxa média de administração estava em 0,131% ao mês e o crédito médio chegava a R$ 198 mil.

AGRICULTURA

Um dos setores mais relevantes para a economia brasileira, o agronegócio pode valer-se do consórcio para qualificar suas atividades por meio da aquisição de máquinas e/ou implementos agrícolas – mas também, é claro, de outros recursos como caminhões, instalações, imóveis ou, até mesmo, serviços. Dados da Abac de maio de 2022, mostram que o número de novos consorciados de máquinas agrícolas cresceu 326,5% em apenas cinco anos. Também de acordo com a entidade, quase 90% dos contemplados utilizaram os recursos para adquirir tratores, enquanto 8,0% investiram em colheitadeiras, 0,7% em semeadoras e preparadoras e 3,6% em outros itens. A modalidade tem sido importante para viabilizar o acesso a recursos com mais tecnologia embarcada, que possibilitam melhores custos finais, mais lucratividade e resultados competitivos para avançar nos mercados externo e interno. Um diferencial encontrado pelos consorciados rurais são condições de pagamento atreladas aos diversos tipos de culturas e às variações de épocas de semeadura e colheita.

SERVIÇOS E ELETROS

O segmento de serviços é relativamente novo e não para de crescer, entre outros motivos, por ser uma forma, inteligente e econômica de concretizar sonhos como os de fazer viagens a lazer ou educacionais, realizar cirurgias plásticas ou promover pequenas reformas no lar. É nesta última atividade que grande parcela dos contemplados (75,5%) acaba investindo os recursos obtidos, de acordo com apuração da Abac. Saúde estética (1,6%), viagens e lazer (também 1,6%), Educação (0,5%), festas e eventos (0,4%), serviços odontológicos e/ou oftalmológicos (0,3%) também são serviços aos quais os consumidores destinam seus créditos. Finalmente, há uma categoria "outros", que engloba as mais variadas atividades, como assessoria jurídica, informática, segurança, blindagem e instalação de ar-condicionado em caminhões frigoríficos e alarmes residenciais, a que 20,1% dos contemplados direcionam seus recursos. A versatilidade dos planos é um dos seus grandes atrativos. Quem é contemplado pode usar o crédito para contratar qualquer tipo de serviço, ou seja, não há problemas em começar pensando nos estudos e depois optar por canalizar os recursos para aprimoramentos no lar.


A versatilidade impulsiona também o segmento de eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis. Com o crédito na mão, pode-se comprar equipamentos eletrônicos, como celulares, tablets, notebooks, computadores; itens das chamadas linhas marrom (incluindo televisores, aparelhos de som e vídeo) e branca (geladeiras, fogões, a- condicionados e freezers, etc.); ou móveis (mesas, camas, cadeiras, guarda-roupas, sofás e armários, entre outros). Em 2021, o segmento viveu seu melhor período em 15 anos: contabilizou 129,65 mil cotas vendidas, aumentando em 67,7% o resultado obtido no acumulado de 2020. Motivos que explicam esse crescimento de demanda incluem as mudanças comportamentais dentre os consumidores, incluindo as derivadas da pandemia de Covid-19, que levou muitos ao home-office e à necessidade de compra de equipamentos como notebooks, ou à busca por ampliar o conforto nos lares.