Com mercado em mutação, escolha de curso é processo complexo

Na hora da decisão, jovem deve levar em consideração o que gosta e tem prazer em fazer

Maior oferta de cursos. Novas modalidades e metodologias de ensino. Mercado de trabalho em constante mutação. Esses são apenas alguns fatores que fazem com que, hoje, seja um processo mais complexo para um estudante escolher um curso de graduação.

A opinião é de Maurício Sampaio, orientador de carreira. "Há 20 anos, o cenário era bem diferente. Atualmente, há uma dificuldade maior na escolha, porque temos muito mais profissões. E temos profissões que não vão mais existir no futuro. Temos profissões que estão nascendo."

Segundo ele, o mercado está em constante movimento, principalmente no setor de tecnologia, com as inovações chegando todos os dias. "Mas, em contrapartida, temos uma maior facilidade no processo de escolha, porque evoluímos muito nesse aspecto."

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Sampaio lembra que, antigamente, um dos únicos meios que os jovens tinham para tentar entender qual profissão seria a mais adequada a eles, era o teste vocacional.

"Hoje há um trabalho de pesquisa, de avaliação e com novos métodos, então o acompanhamento e a orientação são muito mais desenvolvidos. No passado era mais capenga, hoje o processo está mais estruturado", afirma.

Para Sampaio, quatro pilares devem amparar os jovens que estão no processo de escolha de uma graduação.

O primeiro é o autoconhecimento. "É imprescindível. Em uma entrevista de emprego, as primeiras perguntas são sempre sobre autoconhecimento. A pessoa precisa entender quais habilidades ela tem e prestar atenção ao dia a dia: se tem hobbies, que coisas gosta de fazer, o que chama mais a atenção dela."

O segundo pilar é a pesquisa. "Deve-se fazer uma pesquisa de campo, com profissionais que estão na área. Saber como é a rotina de trabalho, o que o profissional precisa para trabalhar [os equipamentos, por exemplo]. Idealmente, é feita com três profissionais."

Outro ponto é a pesquisa educacional. "É recomendável analisar três faculdades diferentes. Para saber como é a grade curricular de cada uma delas, entender como e o que elas ensinam."

O terceiro pilar envolve planejamento e ação. "Quando é o vestibular? A pessoa deve estudar quantas horas por dia? Uma alternativa é anotar tudo em uma agenda, com todo o planejamento. Para que o estudante chegue ao vestibular bem preparado. Isso faz uma diferença enorme."

Por fim, há a autoavaliação. "A pessoa precisa olhar para dentro e responder: ‘Trabalhei bem no autoconhecimento? Fiz tudo o que precisava fazer?'. E essa autoavaliação deve ser feita constantemente."

O mercado

Para Sampaio, é recomendável que o jovem faça pesquisas sobre o mercado de trabalho, para tentar prever quais profissões estarão em alta num futuro próximo. Mas é preciso atenção para evitar frustrações lá na frente.

"A pessoa pode analisar o mercado para checar o que as empresas estão procurando. Se ela escolher algo que tenha a ver com tecnologia, pode ser que tenha mais probabilidade de encontrar vaga de emprego no futuro."

Mas, afirma Sampaio, daqui a 15 anos ela pode estar triste, porque estará trabalhando em algo que não tem a ver com ela. "E o mercado pode mudar. Conheci muita gente que, anos atrás, escolheu ser corretor de imovel, porque esse setor estava bem quente, mas o mercado mudou muito, e várias pessoas se deram mal".

Para Sampaio, se a pessoa escolhe só pelo mercado, pela possibilidade de ganhar dinheiro, ela pode se tornar alguém com emprego e dinheiro, mas triste.

Nesse sentido, no momento de escolher uma profissão, o jovem precisa misturar o pragmatismo (pensar em como estará o mercado de trabalho) com o coração (entender o que gosta e tem prazer em fazer).

Os jovens precisam ter na cabeça que eles podem mudar de profissão ou de função dentro de uma companhia. Muitos dos CEOs de empresas não são administradores, são economistas, arquitetos, engenheiros e advogados. Além do conhecimento técnico, é importante saber se relacionar com as outras pessoas. Saber se comunicar, ouvir e trabalhar em grupo são habilidades essenciais

Maurício Sampaio

orientador de carreira

O ideal é que seja a união das duas coisas. "Tem o lado racional, que não pode ser desconsiderado, afinal o mercado está em constante mudança. Mas o coração deve ser ouvido. A pessoa tem de saber o que ela quer para a vida dela", diz Sampaio.

"Quem não quer trabalhar feliz e satisfeito? Isso tem de ser levado em consideração ao construir o projeto de vida. Antigamente os pais queriam fazer as escolhas pelos filhos. Hoje em dia, não mais. O jovem tem de saber o que é importante para ele."

Mudança de trajetória

Apesar de ser um momento complexo, a escolha do curso de graduação não deve ser encarada como uma decisão perpétua. Até pela popularização do ensino a distância (EAD), há inúmeras opções de cursos, de graduação, pós ou livres, que podem ser feitos por um profissional para ajudá-lo a mudar a trajetória da carreira.

"Há, inclusive, cursos de formação de tecnólogos, que têm a duração mais curta, de cerca de dois anos. É uma alternativa que pode ser atraente para muita gente que está insatisfeita com a graduação que está cursando ou com o emprego", diz Sampaio.

"Os jovens precisam ter na cabeça que eles podem mudar de profissão ou de função dentro de uma companhia. Muitos dos CEOs de empresas não são administradores, são economistas, arquitetos, engenheiros e advogados. Além do conhecimento técnico, é importante saber se relacionar com as outras pessoas. Saber se comunicar, ouvir e trabalhar em grupo são habilidades essenciais."

*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha