Atualmente, as universidades aguardam a definição do marco regulatório do ensino a distância, que deve ser concluÃdo pelo MEC ainda neste ano.
O setor está passando por uma "turbulência" devido a duas medidas adotadas pelo MEC neste 2024. A primeira foi a determinação de que pelo menos 50% da carga horária de cursos de licenciatura e pedagogia sejam feitas de maneira presencial.
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A segunda suspendeu a criação de novos cursos de graduação e novas turmas em EAD e a abertura de polos de ensino até março de 2025.
"O processo está sendo regulado pelo MEC. Houve um processo bem aberto de consulta, com reuniões. Estamos chegando no momento em que teremos o novo marco regulatório. Provavelmente vamos começar do zero tudo de novo", avalia João Mattar, presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED).
O presidente da ABED mostra-se preocupado com as novas medidas do MEC. Segundo ele, há uma excessiva exigência de que os cursos tenham mais atividades presenciais nos polos. "Entendo a intenção. Há cursos na área de saúde que precisam de atividades presenciais. Mas há outros tipos de cursos e alunos que não podem ir com frequência a atividades presenciais. São alunos que preferem atividades online, assÃncronas. Essa exigência pode impedir muitos alunos de fazer cursos em EAD."
Ele cita como exemplo de preocupação a determinação de 50% de aulas presenciais em pedagogia e licenciatura. "Isso gera consequências negativas. Estamos em um momento turbulento. A EAD estava ajudando muito na formação de professores no Brasil. Nós corremos um sério risco de, no futuro próximo, termos um apagão de professores."
Mattar afirma que o setor está aguardando a definição do novo marco regulatório para entender como será o cenário nos próximos anos.
"Vamos ver o que o governo vai determinar. Ainda temos esperança de que o decreto fique aceitável, que gere mais consenso."
Em relação à exigência de 50% da carga horária ser realizada de maneira presencial, ele aponta que "os polos de educação a distância são preparados para atender a alguns momentos do aluno, e não 50% das atividades dele em um curso. Isso vai gerar problemas grandes não apenas para as universidades, mas para os alunos."
Crescimento
Mattar lembra que a educação a distância vinha crescendo constantemente no Brasil, e em diversos outros paÃses, nos últimos dez anos.
Muito disso, segundo ele, por causa da flexibilidade de estudo que a modalidade oferece aos alunos e, também, pelo preço das mensalidades, geralmente mais baixo do que no presencial.
"Aqui no Brasil, em 2016 houve liberação para a criação de polos. Antigamente, as instituições precisavam criar polos, solicitar visita presencial do MEC e só depois disso começar a funcionar. Era um processo demorado, porque a demanda era grande", conta.
Uma mudança na legislação permitiu que as universidades criassem os polos e informassem ao MEC, que depois faria a visita. "Isso gerou um bom aumento de pólos em todos os estados."
Além disso, a pandemia impulsionou a EAD. "Muitos estudantes perceberam que poderiam estudar de maneira remota sem que a qualidade do ensino caÃsse."
Hoje, segundo o Censo da Educação Superior, de cada três alunos que estão ingressando em curso de graduação, dois optam por um curso a distância.
Educação continuada é fundamental para impulsionar a carreira
Profissionais precisam se capacitar e construir competências adicionais ao longo da carreira
Com um mercado de trabalho altamente competitivo, o constante avanço tecnológico e novos paradigmas sociais e culturais, é imprescindÃvel que os profissionais mantenham-se atualizados. Nesse sentido, a educação continuada é algo fundamental, e está sendo estimulada pelas próprias empresas.
Diretor de operações e educação da Fundação Vanzolini e professor doutor e livre docente do Departamento de Engenharia de Produção da USP, Roberto Marx cita dois fatores que levam as pessoas a ir atrás de uma pós-graduação ou um curso livre para tentar impulsionar a carreira.
Um fator é relacionado ao conhecimento propriamente dito nas diferentes áreas. "Novas técnicas e novas abordagens estão sempre aparecendo. Nas últimas duas décadas, a velocidade com que surgem novos conhecimentos tem acelerado muito. Os vários tipos de cursos ajudam as pessoas a entender essas novas técnicas e como usá-las."
O outro é a questão cultural. Segundo o professor, para se colocar no mercado, especialmente em funções de gestão, há termos, nomenclaturas e metodologias que as pessoas precisam saber do que se trata. "Até mesmo quando ela for fazer uma entrevista ou quando estiver em contato com outros profissionais da área. Vemos isso nas chamadas metodologias ágeis e seus vários nomes, ou mesmo aplicações de inteligência artificial. Os profissionais precisam saber como funcionam, até para não parecer que estejam desatualizados."
Luciana Mariano, coordenadora do PUC-PR Carreiras, afirma que estamos em um cenário agressivo de crescimento tecnológico. "O profissional precisa se reinventar todos os dias, se manter atualizado, se capacitar. O aprendizado agora não termina nunca."
Para Mariano, o diploma de graduação é só o primeiro passo. "O conhecimento precisa ser estimulado. O profissional hoje precisa se capacitar, construir competências adicionais ao longo da carreira. Essa educação continuada deve ser feita por meio de cursos, pós, palestras, workshops. É um investimento valioso."
Ela conta que a PUC-PR fez uma pesquisa sobre empregabilidade com diversas empresas.
Uma das perguntas era sobre os atributos mais avaliados pelas empresas dentro do processo seletivo. "E o mais avaliado era o potencial de desenvolvimento que o candidato apresenta", diz.
"Quanto mais disposto e potencial de desenvolvimento tiver o candidato, maior a probabilidade de ele ser escolhido para uma vaga. Então para as empresas a educação continuada é essencial. Mas cabe à pessoa saber aonde ela quer chegar, quais são seus objetivos. A partir daÃ, ela decide se precisa de uma nova graduação ou uma pós ou um curso livre", afirma Mariano.
Segundo Roberto Marx, os profissionais que quiserem seguir com os estudos devem ter em mente qual é o objetivo final.
"Nos cursos mais curtos, a pessoa absorve conhecimentos mais especÃficos, por exemplo, como implementar uma técnica de gestão", afirma.
Mas, de uma maneira geral, a pessoa deve escolher um tema de seu interesse. Segundo Marx, é importante conferir o conteúdo do curso desejado, se ele faz sentido, se é bem escrito, bem organizado. Checar o histórico da instituição, se ela utiliza técnicas inovadoras ou se é mais tradicional, quem são os professores, os coordenadores. E, se possÃvel, conversar com pessoas que já fizeram esse curso. Para ver como foi a experiência delas.
*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha