Como a tecnologia ajuda a reduzir desigualdades na saúde

Einstein promove maior fórum de qualidade e segurança em saúde da América Latina, com foco em como inovações tecnológicas podem ajudar a ampliar acesso e melhorar a assistência

Hospital Albert Einstein

Público acompanha debates no 9º Fórum Latino-Americano de Qualidade e Segurança na Saúde Masao Goto Filho/Estúdio Folha

Um médico de família de uma pequena cidade no interior de Goiás atende pacientes, numa unidade básica de saúde, em conjunto com um especialista de São Paulo. Um morador de comunidade ribeirinha na Amazônia recebe o diagnóstico de leishmaniose graças a um aplicativo. Um sistema de inteligência artificial (IA) ajuda a reduzir o risco de mortalidade materna de uma gestante de Manaus.

Situações como essas, inimagináveis há alguns anos, já são uma realidade. E esses projetos, todos tocados pelo Hospital Israelita Albert Einstein, mostram como a tecnologia pode ajudar a ampliar o acesso à saúde, promovendo equidade. O tema foi o centro dos debates do 9º Fórum Latino-Americano de Qualidade e Segurança na Saúde, realizado pelo Einstein e pelo Institute for Healthcare Improvement (IHI), dos Estados Unidos. O evento reuniu, de forma online e presencial, cerca de 4.500 participantes de 30 países entre os dias 9 e 11 de julho, em São Paulo.

"O mundo todo vive o desafio do acesso à saúde em virtude de desigualdade e distâncias", afirmou Sidney Klajner, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, na abertura do fórum. "Em um país como o Brasil, onde faltam alimentos, moradia e condições sanitárias, a busca por equidade pelas organizações de saúde deixa de ser um objetivo e passa a ser uma obrigação", completou.

Para Klajner, a tecnologia deve ser usada não como um fim, mas como um meio para atingir a equidade.

No mesmo debate, o presidente do IHI, Kedar Mate, disse que a democratização da tecnologia para reduzir desigualdades deve ser uma decisão ativa das organizações. "Se nós não criarmos nossos sistemas para tornar essas tecnologias disponíveis para todos, só algumas pessoas vão se beneficiar das nossas descobertas", afirmou.

Mate citou três tendências para o setor: levar o cuidado em saúde para perto das pessoas; valorizar a experiência do paciente, tomando decisões conjuntas com ele; e facilitar a difusão do conhecimento com a ajuda da inteligência artificial.

Ele também alertou para o fato de que não basta criar uma tecnologia: é preciso garantir que ela seja incorporada à rotina da organização.

Hospital Albert Einstein
Sidney Klajner, Jafet Arrieta e Kedar Mate durante uma das mesas do fórum - Masao Goto Filho/Estúdio Folha

A busca pela equidade é a mais recente de cinco metas propostas pelo IHI, referência mundial em qualidade e segurança no setor da saúde. As outras quatro são: melhorar a experiência do paciente e a qualidade da saúde, combater desperdícios na assistência, promover a saúde populacional e cuidar do bem-estar dos profissionais de saúde.

"Como os sistemas de saúde são muito fragmentados, o IHI fez essa proposta de alinhamento, como um norte para todos. No fim da pandemia, eles lançaram a meta da equidade, que é como a gente distribui os recursos de saúde", explicou Miguel Cendoroglo Neto, diretor médico do Einstein.

Responsável pela organização do evento, a médica Paula Tuma, diretora de Qualidade e Segurança do Einstein, considera que as inovações tecnológicas podem e devem ser usadas a serviço da qualidade e da segurança. "A tecnologia pode nos ajudar a evitar erros, a trazer mais dados para o médico. Não somos nós trabalhando para a tecnologia, mas a tecnologia trabalhando para que a gente consiga entregar processos melhores."

Tuma mediou um debate com Hardeep Singh, professor do Center for Innovations in Quality, Effectiveness and Safety (IQuESt), em Houston, EUA, e Heidi Wald, diretora de Qualidade e Segurança da Intermountain Health, também nos Estados Unidos.

Singh ressaltou o papel da tecnologia e da inovação para reduzir erros médicos. "Um exemplo é o potencial da inteligência artificial de identificar quais pacientes estão em risco [de serem vítimas de erros]. Mas estamos muito no começo, temos que testar mais", afirmou.

Ele propôs pensar no diagnóstico não apenas como algo que acontece na mente de um clínico, mas como parte de um sistema de saúde complexo. "O erro de diagnóstico não é só problema do médico. Médicos trabalham dentro de um sistema. Esse sistema tem questões técnicas, de tecnologia, de processos. Tudo isso afeta a forma como praticamos medicina", afirmou.

Já Wald destacou o papel da análise de dados para promover segurança, qualidade e equidade. "Temos muitos dados, que podem ser estratificados para pensar em como deixar os serviços mais equitativos", afirmou.

Ela também citou uma série de parâmetros de equidade que foram criados para entender as reais necessidades dos pacientes — que pode ser apenas se comunicar em seu idioma natal. "É uma cocriação com as comunidades, famílias e pacientes", definiu.

Vice-presidente do IHI para a América Latina, Jafet Arrieta reafirmou o potencial da tecnologia para reduzir injustiças no acesso à saúde. "A busca por equidade não requer apenas conhecimento, paixão e comprometimento. Também demanda encontrar meios inovadores de aproveitar os avanços em tecnologia, bem como avanços clínicos, sociais e médicos, para fechar lacunas de equidade em todo o mundo."

Em suas participações no fórum, ela repetiu uma frase que foi considerada central no debate: "A qualidade sem equidade é uma promessa vazia".

*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha