Já pensou em ser remunerado ou em trocar por benefícios os seus dados pessoais? Pois saiba que isso será possível e com muita segurança, já que acaba de ser lançada uma solução desenvolvida pela startup DrumWave – especializada em avaliar, certificar e precificar dados -, que conta com a parceria de uma das maiores empresas globais de tecnologia, a IBM.

A estimativa dos parceiros desse novo negócio é que essa solução comece a ser implementada no Brasil já a partir do próximo mês de outubro. O país servirá de incubadora para este projeto global, que deverá ser acelerado nos Estados Unidos.

"A ideia principal do nosso disruptivo negócio é empoderar quem de fato é o dono do dado. É dar a essa pessoa a capacidade de gerenciar e extrair valor dos seus dados"

Fernando Teles, presidente e diretor-executivo de receita da DrumWave

O CEO da DrumWave, André Vellozo, explica que, para a empresa, monetizar dados não é vender dados. "A proposta da nossa solução é dar transportabilidade e visibilidade [aos dados e às transações] e oferecer resistência à fraude. E, principalmente, dar autonomia para o consumidor gerenciar o valor da informação que é dele."

Como vai funcionar a solução

Para essa solução tecnológica funcionar, a DrumWave está preparando o lançamento do seu ecossistema de dados com a dWallet, que é uma carteira que vai permitir que pessoas e empresas decidam se, e como, querem dar acesso aos seus dados a outras pessoas ou empresas. A solução também possibilita receber um reconhecimento, recompensa ou remuneração nessas transações.

O dWallet é um aplicativo que pode inclusive estar dentro do app do banco, do hospital, da universidade ou de qualquer outra instituição que a pessoa se relacione. Essa ferramenta é que vai dar a possibilidade de a pessoa certificar os dados com quem ela se relaciona, que podem ser outras pessoas, empresas ou instituições.

O exemplo a seguir ajuda a entender como a solução vai funcionar na prática. Você tem seu telefone celular que está o tempo todo coletando seus dados, como geolocalização, sua lista de contatos, seu aplicativo de saúde, de seguro do carro, entre outros. Essas informações são valiosas para, por exemplo, empresas que queiram oferecer algum tipo de produto ou serviço especificamente para você.

Com a dWallet, esses dados poderão ser certificados, o que significa garantir a integridade, origem, transparência e segurança da informação, e poderão ser oferecidos a essas empresas em troca de alguma remuneração. O mesmo vale para outros dados, como compras em supermercados ou farmácias, frequência em academias etc.

Os dados certificados vão estar depositados na dWallet de cada pessoa e essa carteira ficará hospedada na nuvem da IBM, que adotou uma abordagem híbrida flexível em nuvem, para conectar e acessar dados no local ou em várias nuvens. A IBM não participa na negociação ou monetização dos dados, que serão tratados pela DrumWave.

"Não haverá transporte de dados, mas sim a certificação. De forma resumida, podemos dizer que nosso produto final é um aplicativo onde a pessoa poderá, se quiser, receber ofertas baseadas nos certificados que ela tiver dentro da sua carteira", explica Teles.

A ideia é que as informações disponibilizadas na plataforma possam ser negociadas com empresas de diferentes setores, como varejo, telecomunicações, instituições de ensino, bancos, entre outras, dando ao usuário o poder de centralizar em um único lugar os dados coletados por diferentes tipos de serviço digital.

Outro exemplo é a emissão de um certificado da relação de uma pessoa com seu banco. A ferramenta vai buscar esses dados e colocar na carteira. Os dados vão continuar no banco e a pessoa vai ter um certificado que confirma sua relação com aquele banco. Esse certificado é uma chave criptografada. Quando alguém quiser ter acesso a essas informações, vai ter que pedir para a pessoa, que vai permitir ou não o acesso às suas informações para algum fim específico.

"O que encontramos hoje no mercado são empresas que pegam os dados das pessoas, sem autorização, e comercializam. O que a DrumWave está colocando como figura de mercado são os agentes de dados. Nós vamos permitir que diversas companhias sejam os agentes de dados e que tenham autorização dos seus clientes para poder transacionar esses dados e remunerar da forma correta"

André Vellozo, CEO da DrumWave

Tecnologia de ponta

Os trabalhos para a integração e viabilização dessa nova solução tecnológica, que envolveu a DrumWave e a IBM, foram iniciados há dois anos. Para o gerente geral da IBM América Latina, Tonny Martins, essa parceria está apenas no começo, pois trata-se de um negócio com um enorme potencial de mercado, com milhões de usuários.

"Para se chegar a esse tipo de solução é preciso estar muito bem estruturado tecnologicamente. É necessário ter uma nuvem segura, hiperautomação, inteligência artificial e precisão. Essas tecnologias foram e estão sendo trabalhadas para que a gente possa chegar a uma solução que seja a mais segura, robusta e escalável. Isso só se consegue com o avanço tecnológico"

Tonny Martins, gerente geral da IBM América Latina

"Estamos utilizando a plataforma IBM Cloud Pak for Data, onde conseguimos ter inteligência, personalização e capacidade de extrair o maior benefício dos dados. Toda essa evolução tecnológica possibilita oferecer um conceito totalmente disruptivo e inovador como esse que a DrumWave está trazendo para o mercado", disse Martins.

A IBM vai analisar e preparar os dados com Inteligência Artificial, ordenando e melhorando a produtividade e reduzindo a complexidade das operações. Além disso, o IBM Watson Knowledge Catalog on IBM Cloud Pak for Data foi implementado para catalogação de dados e perfil para ajudar a DrumWave a gerenciar melhor diversas fontes de dados em um só lugar.

A DrumWave foi fundada em 2015 por Vellozo, brasileiro fascinado por computação que se mudou para os EUA há 10 anos. A empresa começou criando aplicações para análise e certificação de dados. Hoje tem clientes no mundo todo.

Ela faz parte do Open Ventures, programa da IBM que auxilia empresas com potencial inovador que usam tecnologia de ponta a desenvolverem novos produtos ou ganharem escala.