Mendoza é parque de diversões para amantes do vinho

A província, responsável por 70% da produção argentina, concentra diversos tipos de vinícolas, das mais tradicionais e premiadas de Luján de Cuyo e Maipú às inovadoras e sofisticadas instalações do Valle de Uco

Mão segura um vinho argentino em primeiro plano

Malbec é a uva símbolo da região de Mendoza, responsável por 70% da produção dos vinhos da Argentina Visit Argentina / Divulgação

Linhas de parreiras carregadas e emolduradas pelas montanhas andinas ao longe, dias ensolarados regados a degustações de alguns dos melhores Malbec do mundo e noites frescas de boa mesa. Mendoza, a capital do vinho argentino, é uma viagem para todos os sentidos o ano inteiro. Mas, especialmente agora, entre fevereiro e março, a vindima traz um clima de festa para a região responsável por 70% da produção vinífera do país.

São nada menos que 1.200 vinícolas, sendo 130 delas abertas à visitação e espalhadas por três regiões principais: Luján de Cuyo, Maipú e Valle de Uco. Mendoza batiza a província e também a cidade de 1 milhão de habitantes que funciona como o coração pulsante da região. É em seu centro que estão os hotéis que hospedam o grosso do turismo, vários ótimos restaurantes – afinal, estamos na Argentina! – e até uma rua da balada, a Arístides Villanueva, uma sequência de bares e cervejarias artesanais com agradáveis mesinhas que avançam sobre as calçadas.

Ainda que a cidade seja uma base agradável, o melhor da região está nos arredores. Afinal, o ouro aqui vem em barricas e a forma de conhecê-las é ao melhor estilo slow travel. A regra é passar o dia nas vinícolas – uma bodega mais charmosa que a outra –, degustar, aprender sobre as uvas e o terroir, almoçar em restaurantes maravilhosos, em mesas ao ar livre com vista para as parreiras.

As regiões de Luján de Cuyo e Maipú são mais próximas da cidade, ambas ao sul, de modo que é uma boa ideia combinar visitas em vinícolas das duas regiões no mesmo dia. O difícil é eleger as bodegas para visitar. Esse, aliás, é o eterno dilema em Mendoza: a tentação de zanzar mais do que o estilo de viagem pede.

Em Luján de Cuyo estão algumas das bodegas que espalharam ao mundo a fama do Malbec argentino. Caso da premiada Catena Zapata, que, no entanto, está com as visitas suspensas até meados de 2022 para renovar seu icônico centro de visitantes em formato de pirâmide. Mas ainda há muito o que ver. A Chandon tem uma visita bem didática e festiva, enquanto na Belasco de Baquedano o visitante recebe uma verdadeira aula de vinho com direito à Sala de Aromas, uma galeria olfativa.

Ainda por ali, a Bodega Kaiken é o lugar certo para aquela experiência gastronômica que resume o espírito da província. Inaugurado em plena pandemia, o Ramos Generales é um dos nove restaurantes do chef celebridade Francis Mallmann. Todas as mesas ficam ao ar livre defronte a parreiras centenárias e com vista para a Cordilheira.

Mas foi a região de Maipú a pioneira na vitivinicultura de Mendoza e onde vale visitar alguma bodega menor e mais familiar, como é o caso da Alandes, do enólogo Karin Mussi. Ou então ir para os clássicos, como a La Rural, desde 1885 em Maipú e em cujos barris envelhecem rótulos como o Rutini – na propriedade há ainda um interessante museu do vinho. Já a Casa Vigil, berço do fantástico El Enemigo, é famosa também por seu restaurante.

A tradição dá lugar à inovação na terceira região vinícola dos arredores de Mendoza, Valle de Uco. Mais distante da capital da província, a cerca de 60 km, é a que hoje concentra as maiores novidades e uma bela injeção de investimentos estrangeiros. Um exemplo é a Bodega Salentein, fundada em 1996 por um empreendedor holandês. Visitá-la é programa garantido – até a cave parece integrar um catálogo de arquitetura. A vinícola conta com um museu de arte moderna, o Killka, restaurante e uma pequena pousada com 16 quartos. ​

Para o enoturismo, Uco tem crescido e hoje é quase um destino à parte, com forte aposta em hotelaria de luxo, alternativa ao turismo mais massificado de Mendoza. São lugares exclusivos como Casa de Uco Vineyards & Wine Resort, com apenas 16 suítes, ou The Vines Resort & Spa, com 22 villas e outro restaurante de Francis Mallmann, o Siete Fuegos. E, a esse seleto clube vem se juntar, em 2023, o segundo hotel da enóloga Susana Balbo, o SB Mountain Lodge. O primeiro, SB Winemaker’s House, em Luján de Cuyo, começa a operar em março. Só para provar que o turismo de luxo veio para ficar em Mendoza.

AO NORTE, SALTA SURPREENDE COM PAISAGEM

Salta surpreende com paisagem, turismo e aventura
Salta surpreende com paisagem, turismo e aventura - Visit Argentina/Divulgação

Grande expoente da vinicultura no norte da Argentina, a região de Salta é perfeita para uma viagem que une enoturismo e aventura. São cenários desérticos e dramáticos compostos por montanhas coloridas, salares, cáctos e pitorescos pueblitos. É uma espécie de Atacama com vinhos impressionantes, com destaque para o autóctone Torrontés e o Malbec de altitudes que chegam a 3 mil metros.

Cafayate é a cidade base para as vinícolas da região, lugar no qual a grandiosidade de Mendoza dá lugar ao personalismo. Ali, muitas vezes, é o próprio dono quem conduz o tour pela sua vinícola.

Em relação à hospedagem, há hotéis charmosos como o Vinãs de Cafayate, onde, da varanda do quarto, é possível avistar vinhedos e mais vinhedos, e o Patios de Cafayate, na Bodega El Esteco, que abriga o imperdível restaurante La Rosa, comandado pela chef local Virginia Marína. No quesito luxo, a dica é o hotel e spa Grace Cafayate, com suas sofisticadas e confortáveis villas acomodadas no impressionante vale de Calchaquí.

PINOT NOIR DE RESPEITO NO "FIM DO MUNDO"

Pinot Noir de respeito no fim do mundo
Visit Argentina / Divulgação

Nas regiões de Rio Negro, Neuquén e La Pampa, na Patagônia argentina, a aridez dá lugar a novas e celebradas bodegas. Cultivadas em altitudes mais baixas que Mendoza e Salta, as uvas maturam mais lentamente, dando origem a vinhos únicos.

Os Pinot Noir patagônicos têm chamado atenção dos críticos mundo afora. A cidade de Neuquén, capital da província homônima, é a base para se visitar as vinícolas da região, que costumam ter restaurantes próprios, como é o caso da Familia Shroeder e da Bodega Malma, ambos de cozinha patagônica e com vistas matadoras da natureza ao redor.

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