“Por mais difícil que seja cravar como iremos jogar no futuro, uma coisa é certa: os games não serão mais uma experiência solitária. Ainda que jogos de consumo individual e off-line sigam sendo apreciados pela indústria e pelos consumidores, o caminho dos games parece ser mesmo o ambiente ‘vale tudo’ da internet”, afirma Pablo Miyazawa, 42, jornalista especializado em games. Ele prevê uma vida cada vez mais “gamificada” e imersão dentro de uma espécie de reality show.
Essa é a perspectiva que o mercado dos games apresenta ao mundo para um futuro nem tão distante. Jogar online com pessoas desconhecidas, mas interagindo diretamente com elas, é um caminho sem volta.
Segundo Miyazawa, ao longo dos anos, foram muitas as promessas não cumpridas de “revoluções”, como controles com sensores de movimentos, realidade virtual, realidade aumentada etc. Todas essas propostas foram utilizadas e alardeadas como um possível do futuro da indústria, mas acabaram ficando pelo caminho, sendo hoje consideradas uma espécie de “gimmicks” (artifícios) para aumentar a imersão. No entanto, elas confirmam a tendência de que as pessoas vão cada vez mais interagir fisicamente com o mundo digital.
A realidade dos games do futuro é algo mais próximo do que é retratado em filmes como “Tron” e “Jogador Número 1”, 100% imersiva, multiplayer e em tempo real, com destaque para jogos de estilo “mata-mata” como Fortnite, PUBG, Fall Guys e Call of Duty: Warzone. Ou ainda experiências online do gênero RPG, como World of Warcraft, Guild Wars 2 e EVE Online.
“Também vejo a popularidade crescente dos reality shows como um sinal de que o entretenimento de massa será cada vez mais gamificado. Quanto falta para um BBB se tornar mais um videogame coletivo do que um mero programa televisivo?”, indaga.
A futura gamificação da vida, já presente em áreas para além do entretenimento, como o consumo, por exemplo, hoje é tratada como uma questão geracional. O desafio da atual e das futuras gerações é fazer com que a “velha sociedade”, a da faixa etária acima dos 50 anos, reconheça o gigantismo da “sociedade gamer”, que vive um crescimento desenfreado. “A tendência é que em breve as pessoas acima dos 40 anos passem a ser o público gamer dominante, já que a consolidação dessa cultura aconteceu na virada dos anos 1980 para os 1990. Em breve, teremos gerações inteiras que estarão consumindo videogames desde que nasceu”, constata Miyazawa. O resultado será o surgimento de uma forma inteiramente nova de se relacionar com as pessoas e o mundo ao redor.