Ao longo dos últimos 200 anos, o “striding man”, o elegante cavalheiro dos rótulos de Johnnie Walker, atravessou guerras, superou conflitos políticos e sobreviveu a crises econômicas, além de vivenciar avanços tecnológicos, mudanças de comportamento e revoluções culturais. Seu principal desafio agora é olhar para o futuro de forma ainda mais sustentável e inclusiva, garantindo que a empresa criada por John Walker em 1820 em Kilmarnock “keep walking” (continue adiante) por mais dois séculos.
Trata-se de uma tarefa e tanto, visto que não é incomum empresas com marcas robustas se consolidarem no mercado, chegarem ao topo e despencarem até desaparecerem. Por isso chama a atenção a longevidade das exceções centenárias como Johnnie Walker, que continuam firmes e fortes. Para o pesquisador americano Jim Collins, coautor do best-seller “Built do Last” (“Construído para Durar”), cada uma dessas companhias tem sua fórmula de sobrevivência, que ele atribui à capacidade de manter seus “fundamentos atemporais”. Entre os quais, fazer da empresa o produto final.
João Victor Guedes dos Santos, head de Johnnie Walker para o Brasil, Uruguai e Paraguai, acredita que a empresa cumpriu os fundamentos traçados por Collins. “Johnnie Walker tem como fator preponderante a qualidade, reconhecida até pela família real britânica desde 1934. Mas também soube conectar-se com o avanço cultural, observar as tendências e lançar ideias pioneiras em diferentes áreas ao longo de seus 201 anos. É o espírito do ‘keep walking’”, afirma Guedes.
Olhando adiante, Johnnie Walker e suas parceiras da Diageo, líder mundial na produção de bebidas premium, anunciaram no ano passado o compromisso “A Sociedade de 2030: O Espírito do Progresso”. Trata-se de um conjunto de metas nas áreas ambiental, social e de governança corporativa, reunidas no acrônimo ESG (do inglês Environmental, Social and Corporate Governance) e que nenhuma empresa com ambição de prosperar poderá driblar ou ignorar.
Nesse campo, o alicerce de sustentabilidade de Johnnie Walker e das demais marcas da Diageo estará assentado sobre objetivos muito bem definidos, como, por exemplo, zerar as suas emissões líquidas de gás carbônico na atmosfera até o final desta década e reduzir as de fornecedores em 50% –meta já alcançada em 2020 pelas destilarias de Oban e Royal Lochnagar, na Escócia.
Adriano Nunes, consultor em inovação e sustentabilidade, afirma que esse movimento em prol do meio ambiente e da mitigação dos efeitos da mudança climática é consistente e não tem volta. “As empresas não podem mais, como no passado, prosperar em sociedades fracas”, diz. Segundo ele, é preciso gerar valores para todos os stakeholders.
“Hoje já não se fala mais em qualidade como nos anos 1980 e 1990, porque esse requisito já está entranhado em qualquer negócio. Nas próximas décadas, não se falará mais em sustentabilidade. Quem não estiver afinado e 100% comprometido com o meio ambiente simplesmente não sobreviverá.”
Boa parte dos compromissos sociais de Johnnie Walker já está presente nos valores da empresa. Em sintonia com o princípio da diversidade, 48% da diretoria da companhia no Brasil é composta por mulheres. No conselho mundial da empresa, elas são 50%. A marca também se orgulha de conceder, há décadas, licença de seis meses para pais e mães –hetero ou homossexuais– de crianças recém-nascidas ou adotadas. “A agenda de inclusão social e de empoderamento das mulheres faz parte dos valores de Johnnie Walker desde os anos 1970, quando não se falava no assunto no resto do mundo”, diz Guedes.
Outro tópico da agenda para 2030 incorporado pela marca é o consumo moderado de álcool, que, longe de ser um tiro no pé, está na sua própria gênese. Há duas décadas, Johnnie Walker se valeu das corridas de Fórmula 1 como palco de sua propaganda de consumo moderado e há muito mais tempo a mensagem está gravada nas suas garrafas. Até o fim da década, toda a Diageo fará esse recado atingir 1 bilhão de pessoas. “Johnnie Walker é uma indústria da celebração, quer que os consumidores saboreiem seus uísques de forma equilibrada”, diz Guedes.