Impossível ir ao espaço e não voltar mudado

Astronauta Danny Olivas conta como seu isolamento da Terra o levou a enxergar um mundo cheio de novas possibilidades

Astronauta da Nasa por 12 anos, John Daniel “Danny” Olivas esteve por duas vezes na Estação Espacial Internacional e ficou por 26 dias isolado a quilômetros de distância da Terra. Olivas faz parte da nova campanha de Johnnie Walker, marca que completa 200 anos de histórias.

Olivas em uma de suas caminhadas espaciais
Olivas em uma de suas caminhadas espaciais - NASA

No filme promocional “Astronauta”, disponível no Youtube, ele fala de suas experiências, enquanto imagens mostram vários módulos que trazem astronautas de volta à Terra.

São homens e mulheres ávidos por se reconectar presencialmente com as outras pessoas, bem similar ao que acontece agora após quase um ano de isolamento social por conta da pandemia.

“Voltar a viver tudo de novo como se fosse a primeira vez… As pequenas coisas que você nem percebia mais passam a ser saboreadas. A vida vai se encher de possibilidades outra vez”, acredita.

Você passou 26 dias isolado no espaço. Essa experiência mudou algo em você?

Danny - Impossível ir ao espaço e não voltar mudado. A sua perspectiva do mundo muda. Uma das coisas que você rapidamente percebe é como somos pequenos em comparação ao universo. É um sentimento de humildade. Você olha para baixo, para o nosso planeta, e percebe que esta é a nossa única casa, a casa que conhecemos desde que nascemos e que será a nossa casa por um longo futuro. Ao olhar para a vastidão do universo, percebemos como estamos sozinhos. E isso te dá uma perspectiva diferente do mundo, da existência. Como é a sensação de voltar para casa, de reencontrar familiares e amigos? Danny- Esse é um aspecto que eu realmente não me dava conta até ir para o espaço. O quanto eu sentia falta das pequenas coisas, das conexões com aqueles que amava. Você passa por muitos anos de treinamento para ir ao espaço. Entretanto, quando realmente está lá, com o universo chegando aos seus olhos, os cheiros, as sensações… O que eu mais queria era compartilhar tudo aquilo. Queria que o meu pai estivesse comigo, a minha mulher, os meus filhos. Por mais que você deseje ir para o espaço, no final das contas vai sempre querer voltar para casa.

De que tipo de coisa você sentia falta no espaço?

Danny - Das coisas simples. Sentia muita falta, por exemplo, de um tomate. Ficava pensando no sabor de um tomate fresco. No ato de cortar o tomate, de sentir o cheiro, de colocar sal e, depois, o tomate na boca. Quando você sente falta das coisas pequenas, passa a valorizá-las muito mais. E agora, neste período de isolamento pelo qual estamos todos passando, do que você sente falta? Danny - Sinto muita falta de visitar a minha mãe, de abraçá-la. Ela é idosa, passou por procedimentos médicos. Ela vive em Dallas, então estamos longe (ele mora em Los Angeles). Sinto falta de interagir com pessoas conhecidas.

E agora, neste período de isolamento pelo qual estamos todos passando, do que você sente falta?

Danny - Sinto muita falta de visitar a minha mãe, de abraçá-la. Ela é idosa, passou por procedimentos médicos. Ela vive em Dallas, então estamos longe (ele mora em Los Angeles). Sinto falta de interagir com pessoas conhecidas.

Como imagina que será o mundo daqui a 200 anos?

Danny - Se pensarmos em todo o desenvolvimento tecnológico que tivemos nos últimos 200 anos, imagino que serão fenomenais. O futuro tem a ver com possibilidades. Estamos começando a entender como somos conectados uns aos outros. A minha esperança é que estejamos mais juntos, como um único planeta, como uma única espécie, e não como entidades separadas.

Seremos capazes de ir a Marte? De viver naquele planeta?

Danny - Talvez isso não aconteça em um futuro tão próximo, mas é importante colocarmos recursos nisso. Não é uma questão de se chegaremos em Marte, mas quando chegaremos a Marte.

De qual filme sobre o espaço você gosta?

Danny - Ah, vou citar dois: o primeiro é “Apollo 13” (1995). É um testamento do espírito da exploração espacial e do que acontece quando nos juntamos para solucionar um problema inesperado. Em relação à ficção científica, sou fã de “Aliens” (1986). Porque tem dois personagens, engenheiros, cuja função é basicamente fazer com que a nave não deixe de funcionar. Eu sou engenheiro, gosto de construir coisas, de trabalhar como mecânico. Não quero ser o herói, o piloto. Quero fazer com que as coisas funcionem.

Qual conselho daria para uma criança que tenha o sonho de ser astronauta?

Danny - O primeiro: sonhe sonhos grandes. Assim, você não se restringe àquilo que você acha que consegue fazer; em vez disso, se abre às possibilidades. O segundo: mire as estrelas. Uma vez que você entende para onde quer ir, se esforce para atingir aquilo. Muitos obstáculos vão aparecer. Não é realmente necessário ter um monte de dinheiro ou ser uma pessoa extremamente inteligente. Eu nunca fui um aluno excepcional, fui ok, mas trabalhei duro e não desisti.

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