Mastercard apoia inclusão digital de empreendedores das favelas

Com o objetivo de reduzir a desigualdade tecnológica, programa Strive vai capacitar 500 mil microempresas no uso de ferramentas online, gestão de negócios e finanças

Lançamento do programa Strive, que vai capacitar 500 mil microempresas

Lançamento do programa Strive, que vai capacitar 500 mil microempresas Divulgação

A pandemia de Covid-19 provocou um aumento vertiginoso no uso de ferramentas digitais, mas, ao mesmo tempo, ampliou o abismo de desigualdade entre pessoas conectadas e as com pouco ou nenhum acesso ao mundo online. O mesmo vale para os negócios. Pequenas empresas vulneráveis viram suas atividades ruírem com o isolamento social e a migração das transações para as telas de computadores e de celulares.

Para reduzir a disparidade, a Mastercard criou o Strive, um programa global que pretende auxiliar mais de 5 milhões de micro e pequenas empresas a entrar na economia digital, além de ampliar a inclusão financeira. O projeto tem investimento de US$ 25 milhões do Center for Inclusive Growth ("Centro para o Crescimento Inclusivo"), braço filantrópico da Mastercard. "Strive" significa "esforçar-se" para prosperar.

A versão brasileira do projeto foi lançada no final de agosto, em São Paulo, e será centrada em empreendedores de comunidades de baixa renda. "O projeto tem por objetivo unir diferentes atores para criar soluções e incluir 500 mil micro e pequenas empresas na economia digital", explica Thiago Dias, vice-presidente de Estratégia de Fintech da Mastercard na América Latina. "É o começo de uma jornada que não tem respostas simples", acrescenta.

A iniciativa tem apoio da Caribou Digital, consultoria internacional em inclusão digital. São parceiras a Cufa (Central Única das Favelas), organização que atua em favelas e periferias; Aliança Empreendedora, entidade de apoio a microempreendedores vulneráveis; e Flourish FI, plataforma de engajamento e bem-estar financeiro. O Center for Inclusive Growth destinou US$ 1 milhão para ações no Brasil.

As instituições vão desenvolver soluções em três eixos: atração de clientes, gestão do negócio e acesso a financiamentos. A ideia é popularizar negócios via plataformas tecnológicas como WhatsApp, redes sociais e "marketplaces" de varejistas online. "Queremos incentivar o uso experimental de ferramentas já existentes", afirma Monique Vanni, gerente sênior de engajamento da Caribou.

Lançamento do programa Strive, que vai capacitar 500 mil microempresas
Lançamento do programa Strive, que vai capacitar 500 mil microempresas - Divulgação

Capilaridade

O programa prevê o engajamento dos pequenos empreendimentos por meio de mídias sociais, influenciadores, lives e atividades presenciais. Para tanto, será utilizada a experiência e a capilaridade da Cufa. "Vamos colocar todos os nossos ativos à disposição", afirma Celso Athayde, fundador da organização.

A Cufa está presente em todo o Brasil, e tem acesso e conhecimento sobre o público do projeto. De acordo com Athayde, os moradores de favelas não podem ser vistos apenas como consumidores - devem ser produtores do que consomem e gestores de seus negócios. "Favela não é carência, é potência", destaca.

Sobra a estes empreendedores criatividade, iniciativa e conhecimento da linguagem de suas comunidades, mas falta capacitação para administração de empresas e finanças.

Neste sentido, além de participar da gestão do projeto, a Aliança Empreendedora vai ajudar os microempreendedores com conhecimento para fortalecer a administração dos negócios, o que inclui o uso de plataformas digitais.

"Vamos apoiar a adoção de ferramentas digitais em benefício dos negócios", diz Lina Useche Kempf, cofundadora da entidade. Ela conta que, na pandemia, a Aliança acompanhou microempreendedoras que se viram obrigadas a usar ferramentas tecnológicas para vender, e tiveram sucesso. "O medo e a desconfiança da tecnologia deram lugar à necessidade."

Gamificação

Para incentivar a realização de operações online e o uso de serviços financeiros, a Flourish entra com instrumentos de incentivo. "O empreendedor quer vender mais, entender o que está entrando e saindo, e fazer o negócio crescer. Mas ninguém quer aprender ‘banquês’", observa Pedro Moura, CEO da startup.

Com as ferramentas da empresa, o usuário concorre a um prêmio, por exemplo, ao aceitar um pagamento digital pela primeira vez, ou ganha uma recompensa pelo uso de serviços bancários, e recebe informações relevantes.

A expectativa dos gestores do projeto é que, do universo de 500 mil pequenos negócios engajados, 150 mil sigam num processo mais profundo de capacitação e pelo menos 25 mil adotem ferramentas digitais de maneira permanente.