Tecnologia da Mastercard garante a segurança de operações com criptoativos

CipherTrace, da Mastercard, monitora e identifica riscos em transações com moedas virtuais; Mercado Livre é o primeiro grande cliente na América Latina

Tecnologia da Mastercard garante a segurança de operações com criptoativos

Tecnologia da Mastercard garante a segurança de operações com criptoativos Unsplash

Investimentos em criptoativos não se limitam mais a um seleto grupo de pessoas. Agora, conquistam espaço nas transações financeiras e comerciais de instituições e empresas tradicionais e atraem pequenos, médios e grandes investidores.

Mas ainda há muitas dúvidas sobre essa novidade no mercado financeiro - a titularidade anônima dos recursos, por exemplo, é uma preocupação no que diz respeito ao uso de criptomoedas para atividades ilegais, como lavagem de dinheiro.

"É preciso ter confiança na tecnologia. Aí ela começa a ser adotada e a crescer", afirma o vice-presidente executivo global de Criptoativos e Segurança em Inovação da Mastercard, Jonathan Anastasia, que participou de um seminário, em São Paulo, sobre as novas tecnologias oferecidas pela Mastercard na área de cibersegurança.

O principal objetivo da Mastercard, a gigante de tecnologia de meios de pagamento, é que mais pessoas tenham acesso às novas soluções para estimular a inovação, ajudar as empresas a crescer e expandir as opções para os consumidores. Para isso, é preciso dar mais segurança aos usuários e aos negócios.

A tecnologia CipherTrace, oferecida pela Mastercard, permite monitorar, identificar e conhecer os riscos das operações com criptomoedas e outros ativos do gênero. "Essa solução permite, por exemplo, saber se determinada corretora é boa. Nos ajuda a entender o ecossistema. É mais inteligência", afirma Johan Gerber, vice-presidente executivo global de Segurança e Inovação Cibernética da Mastercard.

Com a plataforma blockchain, todas as transações são públicas, mas não os dados pessoais dos titulares das contas. Gerber explica que as soluções da Mastercard conseguem monitorar a origem e o destino dos criptoativos, e tornam possível saber se eles foram utilizados para pagamento de "ransomware", por exemplo, ou estão ligados a outras atividades ilegais. "Ransomware" é o sequestro de dados com pedido de resgate.

Desta maneira, empresas que disponibilizam carteiras e serviços de compra e venda de criptoativos têm condições de identificar se alguém está usando suas plataformas de forma ilegal. A companhia consegue provar para as autoridades que a plataforma está limpa de atividades irregulares, dentro do conceito de KYC, sigla em inglês para "conheça seu cliente".

Cripto Livre

O Mercado Livre é o primeiro grande cliente latino-americano na área desde que a Mastercard adquiriu a CipherTrace em 2021. A startup foi fundada em 2015. "A empresa (Mercado Livre) está entrando na área de criptoativos com compliance e com segurança nas fundações do negócio", observa Gerber.

Em seu programa de criptomoedas, o Mercado Livre passou a oferecer, no aplicativo de pagamentos Mercado Pago, carteira e mecanismo de compra e venda de criptoativos. As unidades aceitas atualmente são Bitcoin, Ethereum e a stablecoin Pax Dollar (USDP). Stablecoins são moedas virtuais atreladas a ativos reais. No caso, o dólar norte-americano.

Segundo o gerente sênior de Desenvolvimento Corporativo do Mercado Livre, Guilherme Cohn, o serviço já tem cerca de 1,7 milhão de usuários. "E está crescendo bem", afirma. "Está sendo usado pela base da pirâmide em oito países da América Latina." A plataforma permite transações a partir de R$ 1,00.

Kleber Bueno, gerente sênior responsável por prevenção à lavagem de dinheiro no Mercado Livre, acrescenta que os brasileiros têm curiosidade sobre novas tecnologias. "Há apetite de risco para criptomoedas."

De acordo com Bueno, a Mastercard ajuda o Mercado Livre a monitorar as transações com criptoativos e a aplicar soluções regulatórias ao negócio. "É difícil ver as criptomoedas como algo ilegal. Apenas 1% das transações com elas estão ligadas a atividades criminosas", garante.

Neste sentido, a diretora de Vendas da CipherTrace para América Latina e Espanha, Carolina Chain, destaca que os criptoativos devem ser abordados sem receio. "É preciso perder o medo dos criptoativos. É mais um risco a ser aprendido, identificado e mitigado."

A CipherTrace auxilia a identificar o risco de transações individuais e a atribuir uma classificação de risco a qualquer provedor de serviços de criptoativos. "Fornecemos muito para empresas que precisam destas informações para efeitos de compliance", diz Gerber.