Em Portugal, doença é responsabilidade de sete ministérios

Ministério da Saúde conta com o apoio de outras áreas do governo no combate à doença

A ginecologista alemã Ursula Gertrud von der Leven, de 63 anos, conhece a dor provocada pela perda de um parente querido para o câncer. Em 1969, quando ela tinha 11 anos, sua irmã Benitta-Eva, dois anos mais jovem, foi diagnosticada com um retículo-sarcoma, uma neoplasia rara, de difícil controle. Deu-se início então à busca da família pelo tratamento da menina.
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Benitta-Eva morreria dois anos mais tarde. Por isso, ao assumir a presidência da Comissão da União Europeia (UE), em 2019, a ginecologista colocou a luta pelo controle do câncer na agenda política, com um orçamento de 4 milhões de euros.

Alinhado com as diretrizes da UE, Portugal fez da doença um assunto de Estado. O programa para 2012-2030 do governo português está baseado em quatro pilares –prevenção, rastreamento, diagnóstico precoce e tratamento e qualidade de vida. Lá, o combate à segunda causa de morte no país é capitaneado pelo Ministério da Saúde, mas conta com a ajuda de outros seis ministérios –Economia; Finanças; Trabalho, Solidariedade e Segurança Social; Ciência Tecnologia e Ensino Superior; Ambiente e de Transição Energética; e, por fim, Justiça. "Nosso trabalho visa oferecer cuidado equitativo e de qualidade para todos os portugueses", diz José Dinis, coordenador nacional para Doenças Oncológicas.

No campo da prevenção, uma das estratégias é atuar nas escolas, para estimular a prática de atividade física e a alimentação saudável. A obesidade e o sobrepeso estão associados a uma série de neoplasias malignas, como a de intestino, mama e rim. No controle do câncer de útero, a meta é chegar a 2030 com 90% das meninas vacinadas contra o HPV, principal fator de risco para os tumores uterinos. No período, a imunização dos garotos também deve ser ampliada. Em um plano classificado como "audacioso" por Dinis, o objetivo é rastrear 95% das portuguesas para o câncer de mama, um dos mais incidentes no país. Uma das estratégias é fazer com que todas as aldeias portuguesas, de dois em dois anos, recebam as carrinhas de rastreio, como define o médico.