Conheça 10 passos para traçar uma mudança de carreira

Para especialistas, processo de transição bem-sucedido requer autoconhecimento, estudo e estratégia

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Mudar de carreira é um desafio. Mas é um movimento cada vez mais comum no mercado de trabalho. Um dos motivos é a maior interdisciplinaridade e a transformação digital, que têm impulsionado novas áreas. Outro é a busca por propósito, que tem se sobreposto à estabilidade quando o assunto é trajetória profissional.

Essa transição, no entanto, não precisa ser difícil. Com planejamento e preparação, pode se tornar um processo agradável e gratificante. Para dar os passos certos em direção a ela, consultamos três especialistas – o CEO da Heach Recursos Humanos, Elcio Paulo Teixeira; a consultora de RH da Luandre Middle Renata Motone, a psicóloga especialista em recolocação e carreira Tais Targa, autora do livro “Você de Emprego Novo” (Editora Évora) –, que ensinam, a seguir, a traçar o melhor caminho para essa jornada.

1. AUTOCONHECIMENTO

Pode até parecer chavão, mas o primeiro movimento em uma transição deve ser a análise profunda do seu momento pessoal e profissional. Sem ela, as chances de frustração no futuro aumentam.

“Você pode estar infeliz no trabalho por uma questão de relacionamento com seu chefe ou porque está trabalhando em uma empresa onde não tem aderência cultural e por isso acha que não quer mais aquela profissão ou não se vê fazendo isso o resto da sua vida”, exemplifica a psicóloga Tais Targa.

Segundo ela, é preciso ter clareza de que esse desejo de mudar não seja fruto de um relacionamento tóxico na companhia ou de um período de estresse. Até porque, diz, “você pode simplesmente mudar de chefe ou de organização e performar e voltar a ter brilho nos olhos quando o assunto é carreira”.

A consultora Renata Motone é incisiva: “É importante não agir por impulso, se arriscar em um novo projeto sem ao menos entender o momento em que está e em que área pretende atuar”.

2. ÁREA

Tais afirma que faz três perguntas para as pessoas que a procuram para chegar a uma definição sobre mudança de carreira:

1) O que você faria até de graça?

2) Em que as pessoas solicitam a sua ajuda?

3) Quando não está trabalhando, se olhar no seu navegador da internet, o que você mais pesquisa e por quê?

As respostas podem auxiliar na escolha da nova área de atuação. A psicóloga também aplica outra atividade para chegar a essa resposta: Sugere que a pessoa imagine ter recebido uma herança suficiente para que a família e os filhos tenham um excelente padrão de vida, sem precisar trabalhar.

Mas esse dinheiro só estará disponível se ela se dedicar a uma atividade profissional 6 horas por dia – vale escolher qualquer uma. Qual seria essa atividade? “Essa é uma maneira de ampliar o autoconhecimento e entender do que a pessoa gosta”, reforça Tais.

3. IDENTIFICAÇÃO

Gostar da área é um ponto, mas verificar a compatibilidade com ela não é dispensável. “Neste caso, é importante conhecer muito bem o seu perfil comportamental e ter clareza de como é a vida que pretende construir”, diz a psicóloga, sugerindo coaching, terapia e até mesmo eventos e cursos vivenciais para ajudar no autoconhecimento.

Há um grande problema em escolher uma carreira apenas pela remuneração ou pelo status que ela oferece, segundo o executivo Elcio Paulo Teixeira: “Isso tende a gerar frustrações que impactam toda a vida da pessoa, indo de baixa performance na área escolhida a baixo bem-estar e baixo índice de felicidade”.

4. INFORMAÇÃO

Vale fazer pesquisas para entender o mercado em que deseja trabalhar, como está essa área e que perspectivas ela oferece. Renata diz que, quanto mais dados, melhor: “Conversar com especialistas de RH e com pessoas que já atuam na área pode ajudar nessa busca”.

Tais sugere ainda fazer benchmarking com empresas e organizações e consultar pessoas que fizeram essa transição. Falar com profissionais que trabalham job hunt (busca e seleção de vagas mais adequadas ao perfil do candidato), recolocação e reposicionamento também é indicado.

5. ESTRATÉGIA

Elcio recomenda traçar um plano de ação utilizando todo o aprendizado acumulado como base – que pode, inclusive, se tornar um diferencial competitivo. Incluir marcos técnicos e comportamentais ajuda a direcionar essa transição.

“Consistência e objetivo são as características fundamentais numa mudança de carreira, além do respeito às necessidades e habilidades pessoais e ao status do mercado de trabalho”, considera ele.

Nessa rota, acrescenta o especialista, “é preciso saber que, provavelmente, a pessoa deve investir em formação técnica e comportamental e estar disponível para, em alguns casos, ter um pequeno regresso hierárquico para poder voltar a progredir na nova carreira”.

6. ADAPTAÇÃO

“Deve-se levar em consideração que, no começo, será necessário se manter por si próprio, até que essa nova carreira comece a dar retorno. Então, é importante planejar uma reserva financeira significativa, de pelo menos um ano”, pondera Renata.

Para isso, um dos caminhos é simplificar o padrão de vida. “Mudar de carreira é algo que exige tempo e, nesse caso, uma reserva financeira e um padrão de vida simples significam liberdade”, considera Tais.

7. ESTUDOS

A pós-graduação pode contribuir com o desenvolvimento da carreira, segundo as especialistas. O importante, segundo Tais, é escolher os cursos certos e estudar bastante a área para a qual será feita a transição. “Uma pós pode gerar bastante conhecimento técnico, mas, mais importante do que isso, pode gerar também networking.”

Para Elcio, o curso deve estar relacionado à área de atuação. Além disso, “a credibilidade que a instituição formadora possui e detalhes como a área do trabalho de conclusão de curso podem ser diferenciais enormes”.

A conexão de profissionais de mercado com o conhecimento teórico também deve ser considerada na escolha do curso. O Senac-SP, por exemplo, investe em serviços educacionais vinculados ao ambiente de trabalho, para que o aluno ganhe mais confiança frente aos desafios enfrentados no dia a dia.

8. CONTATOS

Coloque o networking entre suas prioridades. Interagindo com pessoas de sua área de atuação, será possível estar por dentro das novidades e das vagas que surgem.

9. INÍCIO

Mais do que um título, os empregadores valorizam o conhecimento, segundo Tais. Por isso, um trabalho pro bono, voluntário ou freelancer na nova área pode contar pontos valiosos no currículo.

“Comece fazendo pequenos projetos e oferecendo seus serviços como voluntário mesmo e, quando estiver mais seguro, pode fazer pequenos projetos como autônomo”, orienta Tais.

10. DIVULGAÇÃO

Use as redes sociais para comunicar aos amigos e conhecidos que está mudando de área. Publique informações sobre ela, fotografe seus projetos e apresente suas realizações.

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