Conheça as vantagens e os desafios do ensino híbrido

Metodologia promove autogestão, criatividade e resiliência, mas exige do aluno organização, disciplina, proatividade e pesquisa constante

Em semanas, o novo coronavírus mudou a forma de educação em todo mundo. Com salas de aula fechadas, o modelo EaD (ensino a distância) foi imperativo para manter o isolamento social. Agora, especialistas preveem que uma nova modalidade está chegando para ficar: o ensino híbrido.

Mestre em educação pela Universidade Stanford e cofundador da plataforma Geekie, Claudio Sassaki reforça que o ensino híbrido integra as melhores práticas educacionais off-line e on-line: “Em inglês, inclusive, é reconhecido pelo termo blended learning –, em livre tradução, misturar o processo de aprender”.

Nessa metodologia, já adotada pelo Senac, há momentos em que o aluno estuda sozinho e, em outros, a aprendizagem acontece de forma presencial, valorizando a interação entre alunos e professor.

Na prática, o ensino híbrido, pontua Sassaki, traz uma série de vantagens: “Destaco a personalização, o desenvolvimento e a valorização da autonomia do aluno; e a promoção de uma aprendizagem mais colaborativa, com o uso de diferentes recursos”.

Além disso, complementa Luciano Sathler, da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), “permite alguma flexibilidade quanto ao tempo, ao local, ao ritmo de estudos e nas trilhas de aprendizagem a serem cursadas”.

“Se bem planejado e bem executado, o ensino híbrido vai privilegiar a interdisciplinaridade e as metodologias ativas, ou seja, os professores dialogam entre si e as aulas são preparadas para incentivar o pensamento crítico e a autonomia dos alunos”, diz.

Fazer um curso que une atividades presenciais e não presenciais garante ao aluno mais comodidade e flexibilidade, frisa Eduardo Mazzaferro Ehlers, diretor acadêmico do Senac, que implementou nos cursos de pós-graduação do Senac até 40% de atividades não presenciais.

DESAFIOS E OPORTUNIDADES

Para os especialistas, no entanto, há desafios na implementação do ensino híbrido, “principalmente quando há uma simples transposição de uma aula expositiva para o ambiente digital”, exemplifica o cofundador do Geekie.

Um dos maiores riscos na implementação dessa metodologia, avalia o membro da ABED, “é a replicação dos modelos predominantes nas instituições educacionais, ainda muito centrados no professor e nas aulas expositivas, com pouca ou nenhuma personalização das relações de ensino-aprendizagem”.

Por isso, ambos reforçam que é necessário um bom planejamento, a capacitação dos professores e a estruturação da instituição educacional para ofertar um ensino híbrido de boa qualidade.

Por outro lado, “pelo fato de o ensino híbrido dar maior possibilidade de autonomia e promover a personalização, ou seja, levar em consideração características individuais, ele se torna uma abordagem mais aderente a diferentes perfis de aluno”, avalia Sassaki.

Nesse sentido, o ensino híbrido pode ser uma oportunidade de promover habilidades socioemocionais importantes como autogestão, resiliência e criatividade. “O estudante deve estar aberto a novas experiências e tentar avaliar e redirecionar a própria jornada de aprendizagem sem medo”, diz o cofundador do Geekie.

Para um melhor aproveitamento da modalidade, acrescenta Sathler, é preciso ainda ter “organização, proatividade, disciplina e uma atitude permanente de pesquisa, para enriquecer a experiência de aprendizagem”.