Para fazer uma pós-graduação é necessário planejamento, tempo, dedicação e uma boa dose de sacrifício. Mas esse investimento impacta diretamente o salário, como mostra um estudo do Instituto Semesp, que representa mantenedoras de ensino superior. Segundo a pesquisa, profissionais com especialização, mestrado ou doutorado têm rendimento de 150% a 255% superior ao daqueles que têm graduação.
Para chegar a esses números, a entidade analisou microdados de 2016 a 2019 da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostras de Dados), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), comparando o rendimento médio dos brasileiros com o grau de escolaridade.
A diferença salarial entre quem fez lato sensu (especialização) e stricto sensu (mestrado e doutorado), explica o diretor-executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, “segue a lei da oferta e da procura: quanto mais gente com aquele nível de escolaridade, menor vai ser o salário ofertado; quanto menos gente especializada, mais valorizado será esse profissional”.
É o que mostra também a 54ª edição da pesquisa salarial do Grupo Catho, consultoria de RH, que entrevistou 2 milhões de profissionais de mais de 25 mil empresas e diferentes níveis hierárquicos, em 2018 e 2019: quem tem pós-graduação recebe até 150% mais, caso de analistas com mestrado ou doutorado.
“As maiores remunerações ainda são reservadas para os profissionais que possuem pós-graduação”, corrobora Patricia Suzuki, diretora de Gente & Gestão da consultoria. “O profissional que compreende a importância de se qualificar sai na frente no mercado de trabalho”, enfatiza.
Como exemplo, ela cita a área de programação, parte fundamental da tecnologia: “O maior desafio das empresas tem sido atrair e reter esse profissional. Cada vez mais essencial para as companhias, esta área, atualmente, possui mais vagas que profissionais qualificados para ocupá-las”.
LACUNAS
Segundo especialistas, o curso de pós-gradução precisa complementar de forma eficaz lacunas de conhecimento ou de competências do profissional. “O profissional supre a necessidade de desenvolvimento através da pós-graduação e, consequentemente, atinge uma performance profissional superior, garantindo melhores salários e mesmo melhores movimentações no mercado”, avalia Nathalia Bustamante, coordenadora de conteúdo na Fundação Estudar.
Já para Silvio Bock, diretor da Nace Orientação Vocacional, a pós “se faz necessária para que o currículo da pessoa, no mínimo, seja analisado quando da procura de um emprego”.
Nathalia afirma que, na hora de escolher uma pós-graduação, o profissional deve identificar quais são as principais lacunas de conhecimento ou de competências para a posição atual ou para a posição almejada – e, para essa análise, precisa considerar que o conteúdo deve ser aplicável na carreira dentro dos próximos dois ou três anos, no máximo.
“Identificadas as lacunas, vale questionar a complexidade de desenvolver esse ponto. Caso se trate de uma demanda específica ou ligada a um momento de trabalho, uma especialização curta ou um curso on-line rápido talvez sanem melhor a necessidade. Competências que exigem mais profundidade demandam uma pós-graduação”, orienta a coordenadora da Fundação Estudar.
E exemplifica: “Um analista comercial percebe, a partir de feedbacks dos seus pares e de uma avaliação das suas reuniões, que poderia fechar mais vendas se fosse mais assertivo nas negociações. Um curso curto de técnicas de negociação pode suprir essa necessidade. No entanto, caso ele almeje profundo conhecimento de vendas para ser promovido a líder da área, vale a pena investir em uma pós-graduação em gestão de vendas ou marketing”.
Uma informação importante: o profissional deve pesquisar as disciplinas do curso escolhido, garantindo que o programa, de fato, contemple a necessidade identificada. Ao optar pela pós-graduação, orienta Bock, “a primeira coisa a verificar é se a instituição está devidamente habilitada e autorizada a ofertar o curso e se tem prestígio”. A titularidade dos professores também deve ser analisada, assim como a experiência dos docentes na área.
Também é importante saber onde estão os ex-alunos daquele curso específico. “Estão trabalhando em posições/mercados em que o profissional gostaria de atuar? Vale a pena fazer uma busca no Linkedin ou até pedir a informação para a coordenação do curso”, aconselha a coordenadora da Fundação Estudar.
ESTUDE SEU ORÇAMENTO
Antes de começar a pós, é necessário organizar as contas para fazê-la caber no orçamento futuro. “É preciso conhecer muito bem o próprio fluxo financeiro, sabendo exatamente o que entra e o que sai mensalmente”, afirma Nathalia Sena, educadora financeira e criadora do canal "Dinheiro sem Neura". “Quando conhecemos o que gastamos com o que é essencial e com o que é supérfluo, fica mais fácil fazer os ajustes necessários.”
E, segundo ela, “só há duas formas de fazer com que algo caiba no orçamento: ou cortando as despesas ou aumentando as receitas. A pandemia trouxe consigo a monetização de vários talentos que não eram utilizados – e este pode ser um grande aprendizado”.
Quando fez sua primeira pós-graduação, a criadora do canal "Dinheiro sem Neura", conta que a mensalidade era equivalente a pouco mais de 40% do seu salário. “Fiz rendas extras ao longo do curso e fui convidada para trabalhar em tempo integral para a outra empresa que eu atendia nos fins de semana.”
O ideal é pesquisar se a instituição de interesse oferece algum tipo de bolsa ou alguma política de desconto. No Senac, por exemplo, há uma política de descontos para quem é pontual ou paga à vista, com reduções de 3% a 8%. Além disso, há descontos de até 20% para quem veio de escolas públicas, participou de um curso ou atividade do Senac e para funcionários de empresas do setor de comércio e serviços. E também a opção de pagar o curso em até 24 vezes.