Alfabetizar a criança na idade certa, até o término do segundo ano do Ensino Fundamental, é garantir que ela terá condições de aprender com mais autonomia e de desenvolver seus saberes ao longo da vida. Infelizmente, menos da metade dos alunos no Brasil alcança essa meta. Por isso, cidades com histórias de sucesso na alfabetização antes dos 8 anos devem ser reconhecidas.
É o caso de oito municípios paulistas: Braúna, Brejo Alegre, Franca, Fernandópolis, Guariba, Meridiano, Mirante do Paranapanema e Pinhalzinho, que foram os vencedores do prêmio PAR, iniciativa do Serviço Social da Indústria de São Paulo (Sesi-SP) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Eles foram selecionados entre 645 municípios avaliados.
A cerimônia de premiação reuniu, além de prefeitos e gestores da área da educação de municípios paulistas, a secretária-executiva do Ministério da Educação (MEC), Izolda Cela, e representantes de organizações que apoiam a iniciativa, do Sesi-SP e da Fiesp.
Para receber o prêmio, compareceram os prefeitos de Brejo Alegre, Rafael Alves dos Santos; Franca, Alexandre Augusto Ferreira; Meridiano, Fábio Paschoalinoto; Mirante do Paranapanema, Átila Ramiro Menezes Dourado; e Pinhalzinho, Paulo Rogério Pereira.
Dois municípios foram representados pelos secretários de Educação: Guariba, João Marques Gouvêa Neto, e Braúna, Maria Luciene do Carmo. O prêmio de Fernandópolis foi entregue à assessora de gabinete da prefeitura, Jessica Guimarães.
Os vencedores receberão um Espaço Maker completo. O objetivo é dar oportunidade para os estudantes ampliarem suas experiências de aprendizagem.
Boas práticas
O prêmio PAR tem o objetivo de dar visibilidade a boas experiências nessa área e chamar a atenção para a importância do tema. Ele está associado ao Programa de Alfabetização Responsável, lançado pelo Sesi-SP em 8 de setembro, Dia Mundial da Alfabetização.
"A alfabetização na idade certa é um esforço de todos nós. O Sesi e o Senai são instituições modelares, mas tínhamos que fazer mais, e a maneira de fazer mais era dando as mãos para a escola pública no estado de São Paulo", afirmou Josué Gomes da Silva, presidente da Fiesp, do Sesi-SP e do Serviço Nacional da Indústria de São Paulo (Senai-SP), referindo-se ao PAR.
O PAR é um programa do Sesi-SP para apoiar redes públicas de São Paulo a melhorarem seu desempenho na alfabetização. Ele será implementado a partir de 2024 em 405 municípios, que já aderiram ao programa. A iniciativa abrange recursos didáticos para serem usados em sala de aula e formação presencial de professores da educação infantil e do ensino fundamental, ofertados gratuitamente às prefeituras.
O presidente da Fiesp enfatizou ainda a importância da alfabetização na idade certa para o enfrentamento das desigualdades. "É um imperativo garantir às crianças um futuro como cidadãos produtivos, consumidores e pessoas que vão poder levar um país tão rico para um cenário de menos desigualdade", disse.
União de forças pela alfabetização
Izolda Cela reiterou a relevância da iniciativa por promover a união de forças em torno do desafio de garantir o sucesso das crianças na alfabetização.
"Eu acredito cada vez mais nas parcerias, que têm por objetivo fortalecer a educação pública de qualidade, para permitir que a trajetória na escola seja regular e que os estudantes tenham bons resultados", declarou a secretária executiva do MEC. Na visão dela, o desenvolvimento do Brasil está diretamente relacionado à melhoria da escola pública.
A importância das parcerias na educação e a necessidade de os gestores públicos perceberem a urgência de priorizar a alfabetização foram enfatizadas por Veveu Arruda, diretor executivo da Associação Bem Comum.
"É impossível o setor público fazer sozinho. Se todos os prefeitos e prefeitas do Brasil, governadores e governadoras resolvessem fazer da alfabetização prioridade, ainda assim seria difícil cumprir a agenda da alfabetização na idade certa", disse Arruda.
Por isso, o sentido de urgência precisa estar presente na cabeça das lideranças do país. "O ser humano só faz 7 anos uma vez e ele tem que estar alfabetizado até os 7 anos", afirmou.
A alfabetização na idade certa tem um grande impacto positivo na vida de uma pessoa, pois aumenta as chances de sucesso na trajetória escolar e na vida adulta, com impactos positivos na renda e na qualidade de vida.
Olhar para os vulneráveis
Nesse sentido, Adriana Alvarenga, chefe do escritório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em São Paulo, chamou a atenção para a abrangência do compromisso em torno da garantia da alfabetização, que envolve a união do governo com a sociedade civil.
"Além de alfabetizar na idade certa, é preciso olhar para as populações mais vulnerabilizadas ao longo da nossa história. Crianças negras, periféricas, indígenas, quilombolas e com deficiência são mais afetadas", destacou Adriana. "O desafio ainda é colocar todas as crianças na escola e garantir que quem está na escola esteja realmente aprendendo", complementou.
Critérios
As redes de ensino premiadas foram selecionadas com base em critérios técnicos elaborados com apoio do Unicef, da Associação Bem Comum e do Canal Futura.
Os municípios do estado de São Paulo foram divididos em oito categorias e classificados de acordo com o número de escolas e matrículas no 2º ano do ensino fundamental (de acordo com o Censo Escolar de 2022). A avaliação considerou ainda dados do Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) e o nível socioeconômico do município, medido pelo Inep.
*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha