Aprimorar a formação de professores é parte fundamental para reverter o baixo desempenho de alunos em matemática

Em parceria com as redes estadual e municipais paulistas, Sesi São Paulo prioriza ações formativas para ajudar docentes a desenvolver o pensamento matemático dos estudantes

A imagem mostra uma mão segurando um marcador branco, escrevendo em um quadro negro. No quadro, há várias equações matemáticas escritas em giz, incluindo expressões com variáveis e números, como '4X + 3X', '(-2X²)', e '(7)'. Algumas partes das equações estão destacadas com caixas ao redor.

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A aprendizagem de matemática é um dos temas centrais do debate educacional na atualidade. Os resultados das avaliações nacionais e internacionais revelam que o desempenho dos estudantes brasileiros está significativamente abaixo das médias internacionais – mesmo quando comparado a países com perfil populacional e socioeconômico semelhantes ao Brasil.

O Saeb 2023 (Sistema de Avaliação da Educação Básica) mostra que somente 5% dos estudantes da 3ª série do ensino médio – ou seja, no final da educação básica – têm um desempenho adequado em matemática. O Pisa 2023 (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), exame internacional que avalia adolescentes na faixa dos 15 anos, mostra que 7 de cada 10 estudantes brasileiros não resolvem problemas simples.

Já os resultados do TIMSS (Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências), outra prova internacional, mostra que os estudantes do 4º ano do ensino fundamental não sabem matemática básica.

Por isso, educadores e especialistas defendem que é urgente adotar medidas e criar políticas para melhorar os níveis de aprendizagem de matemática nas escolas. Além da defasagem em nível internacional, o economista Ernesto Faria, diretor executivo do Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), alerta que, no Brasil, o cenário da aprendizagem em matemática é pior do que em outras disciplinas. "No Pisa, o desempenho dos estudantes brasileiros é pior em matemática do que em leitura e ciências. Por isso, a urgência em matemática é maior", argumenta Faria.

Uma das principais dificuldades reveladas pelos resultados dos exames é o baixo nível da capacidade de resolução de problemas simples e presentes no cotidiano de qualquer pessoa, como comparar distâncias ou converter moedas.

Diante desse cenário, o Sesi São Paulo definiu a melhoria do ensino da matemática como prioridade em suas ações de parceria com as redes estadual e municipais paulistas no contexto do Sesi para Todos - um conjunto de soluções educacionais implementadas na rede de escolas da instituição e disponibilizadas para as redes estadual e municipais do estado.

Entre as ações com ênfase na matemática, destacam-se o PCMat (Pensamento Computacional e Matemática), vinculado ao programa Novo Olhar, voltado para a formação continuada de professores, e o Matemática², uma pós-graduação em matemática para docentes da rede estadual de São Paulo.

Em 2025, o Novo Olhar elegeu como foco a formação em matemática para professores dos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano) da rede estadual de São Paulo. No ano passado, foram beneficiados 17.406 professores de 145 municípios, impactando 504.844 estudantes.

O diferencial do PCMat é o uso nas formações de metodologias ativas derivadas do pensamento computacional e do modelo STEAM, que integra Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática, explica Laôr Fernandes, gerente de Projetos Educacionais do Sesi-São Paulo.

"O objetivo é fazer com que os professores passem a pensar matematicamente e utilizem as estratégias que aprendem na formação com seus alunos", explica Fernandes. Dessa forma, as crianças e adolescentes desenvolverão, também, o pensamento matemático, superando o medo e as barreiras com a disciplina.

Nesse processo, o pensamento computacional - um dos eixos da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) – possibilita um conjunto de ideias, métodos e procedimentos para a resolução de problemas. O modelo STEAM, de sua parte, contribui para a criatividade, pensamento crítico e, também, para a resolução de problemas.

Outro diferencial é que, em cada município, as formações se baseiam nas dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos estudantes no Saeb e nos resultados da avaliação diagnóstica realizada pelo Sesi São Paulo. "Dessa forma, a formação está alinhada às necessidades daquele município", diz Fernandes.

Segundo o gerente de Projetos Educacionais, são realizadas avaliações semestrais, o que permite acompanhar a evolução dos estudantes e o impacto do PCMat na melhoria da atuação dos professores e na aprendizagem dos estudantes. Resultados dessas avaliações indicam, entre alunos do 6º ano, aumento da média de acertos de 30% na avaliação diagnóstica para 52% na avaliação final (veja mais no quadro).

Nessa direção, a pós-graduação Lato Sensu Matemática² oferece a professores da rede estadual de São Paulo um caminho para aprofundar seus conhecimentos, revisar e melhorar a didática, desenvolvendo o pensamento matemático. A iniciativa está dando resultados, como relata o professor Luis Henrique Guedes Monteiro, de 28 anos. Ele atua como docente de matemática há cinco anos no ensino médio noturno da rede estadual de São Paulo e no ensino fundamental da rede Sesi em Sorocaba.

"O curso é transformador, tanto na vida pessoal quanto profissional. Os encontros proporcionam uma compreensão mais profunda do conhecimento especializado, contrastando métodos tradicionais e conteudistas, o que enriquece a prática docente em matemática", conta Monteiro, que diz experienciar a "magia da matemática acontecendo" nas aulas.

"Saio das aulas como um professor renovado, com saberes ressignificados, mais motivado e preparado para os desafios da profissão", complementa." O conhecimento construído aqui tem impactado minha prática e, principalmente, a maneira como entendo o ensino".

Este é, justamente, o objetivo da pós-graduação, afirma Adilson Dalben, supervisor de Projetos de Formação e coordenador da Pós-Graduação em Educação Matemática do Sesi São Paulo.

"Nas escolas ainda prevalecem metodologias de ensino tradicionais, baseada em exercícios e não no desenvolvimento do pensamento matemático", analisa Dalben. Para mudar esse cenário, o Matemática² toma como ponto de partida as práticas adotadas pelos professores em sala de aula para rever conceitos e metodologias de ensino, aprofundando o entendimento que eles têm da matemática.

A pós-graduação foi criada em 2024 e já conta com cerca de 1.500 alunos. A meta é formar 26 mil professores de matemática em uma década.

Ouça o primeiro episódio do podcast "Pra Falar de Educação"

*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha