Cirurgia com robôs exige fator humano

Alta tecnologia em cirurgias, com a precisão de robôs e assistidas por vídeo, é rotina no Hospital Sírio-Libanês, mas nada dispensa o fator humano do médico

A alta tecnologia em cirurgias, com a precisão de robôs e assistidas por vídeo, é rotina no Hospital Sírio-Libanês, mas nada dispensa o fator humano. É o médico que, em conjunto com o paciente, decidirá o melhor método e até que ponto é indicado o uso da tecnologia. "Por maior que seja o avanço tecnológico, ele não substitui a confiança no fator humano do processo cirúrgico. É necessária a compreensão entre médico, paciente e hospital do método que está sendo proposto", afirma Angelo Fernandez, cirurgião de tórax e diretor clínico do Hospital Sírio-Libanês.

Segundo o médico, a técnica é escolhida para tornar a cirurgia menos agressiva. "Mas quem vai conduzir o equipamento é o médico. Nem sempre determinada técnica é a mais conveniente para um caso específico. Por isso, a importância de uma equipe atualizada e multidisciplinar, para discutir o melhor procedimento para cada paciente."

Para Fernandez, o sucesso da cirurgia depende de todas as etapas do processo, do diagnóstico ao pós-operatório. "A cirurgia continua sendo uma atividade artesanal, apesar de as técnicas terem avançado muito desde os anos 1990. Muitas intervenções são multidisciplinares, especialmente as de grande porte, em que o Hospital Sírio-Libanês é pioneiro", explica.

PRIMEIRA TELECIRURGIA D0 HEMISFÉRIO SUL  Realizada em 2000 pelo Sírio-Libanês e pelo Johns Hopkins Hospital, dos EUA, com transmissão simultânea para o Congresso Mundial de Endourologia
PRIMEIRA TELECIRURGIA D0 HEMISFÉRIO SUL. Realizada em 2000 pelo Sírio-Libanês e pelo Johns Hopkins Hospital, dos EUA, com transmissão simultânea para o Congresso Mundial de Endourologia - Divulgação

O Sírio-Libanês liderou os avanços tecnológicos no campo da cirurgia. Foi o hospital que realizou a primeira telecirurgia do hemisfério Sul, em 2000, em parceria com cirurgiões do Johns Hopkins Hospital, dos EUA.

Urologia inova com robótica

A tecnologia permitiu grandes avanços na urologia. O Hospital Sírio-Libanês ajudou a ampliar o conhecimento e o uso desses adventos em prol de uma excelência clínica e assistencial. A instituição está na vanguarda dos tratamentos de cálculo renal, câncer de próstata e de rins e de outras patologias do trato urinário, que usam procedimentos minimamente invasivos.

A cirurgia robótica é uma inovação que está um passo à frente da laparoscópica. Além de realizar a primeira cirurgia robótica no Brasil, o Sírio-Libanês também foi o hospital privado a fazer o primeiro transplante de rim na América do Sul, em 1967. "A urologia foi a área na qual a cirurgia robótica se desenvolveu e uma das que mais evoluiu na busca por tratar o indivíduo sem cortes. É a busca por melhorar a qualidade de vida dos pacientes", diz o urologista William C. Nahas, responsável pelo Núcleo de Urologia e membro do Conselho de Administração do Hospital Sírio-Libanês.

O Sírio-Libanês foi pioneiro em trazer robôs para a prática médica e investir em um laboratório de robótica. A instituição tem ainda uma área de treinamento em cirurgia robótica para capacitar médicos de todo o país. "A inovação e o avanço tecnológico na urologia evoluem cada vez mais para procedimentos minimamente invasivos. Aproximadamente 90% dos tumores de próstata hoje são tratados por meio de cirurgia robótica", diz Nahas. Depois do câncer de pele, esse é o tipo de câncer mais comum nos homens.

Oncologia personaliza tratamentos

O avanço da oncogenética, das terapias-alvo e das imunoterapias permite a personalização no tratamento de diversos tipos de tumores e hoje já é possível procurar e direcionar, a partir dos exames moleculares, qual é a melhor opção de tratamento para cada paciente.

Além das especificidades do tumor, essas terapias levam em conta a hereditariedade e a história do paciente. É o tratamento desenhado para a pessoa, e não para a doença.

Por outro lado, o grande volume de novos estudos e informações continuamente gerados torna virtualmente impossível para o médico se manter atualizado em todas as áreas. "Por isso, nosso hospital mantém profissionais especializados em cada um dos diferentes tipos de câncer", diz Artur Katz, oncologista e diretor do Centro de Oncologia do Sírio-Libanês, em São Paulo.

O médico ressalta que o avanço tecnológico abrange o tratamento, o diagnóstico e a prevenção. "A sofisticação do tratamento depende da sofisticação do diagnóstico. As terapias usam cada vez mais a genética para tratar ou prevenir diversos tipos de câncer", diz Katz.

Para o paciente, os benefícios são enormes. A precisão permite prevenir, curar ou dar muito mais tempo de vida com qualidade ao portador de uma doença mais grave. O paciente recebe uma carga química menor, mais eficaz e com menos efeitos colaterais. Em alguns casos, são tratamentos realizados em casa. O fato de não precisar ir com frequência ao hospital já faz a pessoa se sentir mais livre para manter sua rotina.