Novos bares e restaurantes tornam vida noturna de Buenos Aires ainda mais vibrante e saborosa

Conheça o sofisticado Bellas Artes Bar, a multiétnica Pasaje Echeverría e os descolados bairros de Chacarita e Villa Crespo, os três mais concorridos points gastronômicos da capital argentina

Prato com polvo grelhado, balcão de bar e copos com coquetéis à base de vermute dos novos bares e restaurantes da capital argentina

Novas opções incluem restaurantes de comida étnica e bares de coquetéis para um público cada vez mais diversificado na capital argentina Divulgação

O brasileiro que volta a saborear a capital argentina após quase dois anos de restrições de viagem vai descobrir que há ótimas novidades em cantos da cidade que não estavam no radar em tempos pré-pandêmicos. Como é impossível deixar de (re)visitar os tradicionais cartões postais de Palermo, San Telmo ou Puerto Madero, o que se apresenta é uma excelente oportunidade para reservar alguns dias a mais e estender sua viagem gastronômica à Buenos Aires.

Entre as novas descobertas estão a despretensiosa Passaje Echeverría, uma ruela de pedestres com uma grande variedade de pequenos e criativos restaurantes, os bairros de Villa Crespo e Chacarita, que atraem jovens boêmios em busca da "Palermo da vez", e até mesmo lugares já conhecidos, mas que agora reaparecem renovados, como o sofisticado Bellas Artes Bar, complexo gastronômico em frente à Faculdade de Direito, na Recoleta.

Multiculturais, cheios de mesas ao ar livre e criatividade, esses lugares são a cara da nova gastronomia de Buenos Aires, que vai ainda além do (maravilhoso) bife de ​chourizo com papas fritas.

O sofisticado Bellas Artes Bar

DJs comandam a trilha sonora no La Ferneteria, uma das três opções no Bellas Artes Bar
DJs comandam a trilha sonora no La Ferneteria, uma das três opções no Bellas Artes Bar - Divulgação

Quem preferir ficar no circuito mais próximo à Recoleta vai se deparar com ótimas surpresas. O melhor exemplo é o Bellas Artes Bar, complexo gastronômico contíguo ao prédio do Museo Nacional de Bellas Artes, inaugurado no final do ano passado. Em meio aos parques da Recoleta e defronte à Faculdade de Direito, o prédio que abrigou até 2019 a loja conceito/restaurante da Mercedes Benz voltou repaginado. Três propostas gastronômicas bem diferentes ocupam o modernoso espaço de quase 1.000 metros quadrados – sendo 400 ao ar livre, bem apropriado para os tempos atuais.

Para um almoço ou jantar bacana, há o La Ferneteria Bar & Eatery, um italiano moderno que já tem um endereço em Palermo Soho. Tanto os pratos quanto a coquetelaria de autor ganharam versões exclusivas, relacionadas ao mundo das artes. Refeições mais despretensiosas têm vez no Trapizzino Shop, cujo carro chefe são os sanduíches de focaccia, e na Colette Caffetteria, especializada em patisserie, saladas e pratos rápidos. O Bellas Artes fecha às 2h em dias de semana e às 4h aos finais de semana. Só para deixar bem claro que não é apenas restaurante de museu.

A Pasaje Echeverría das boas ideias

Clientes ser reúnem em mesas de espaço comum no Pony Pizza, na Pasaje Echeverría, em Belgrano
Na Pasaje Echeverría, em Belgrano, a ideia é comer em espaços comuns, como no Pony Pizza, ou até mesmo na rua - Visit Argentina/DVG

No bairro de Belgrano, colado ao Bairro Chinês portenho, uma ruela de pedestres sem graça escondida atrás da estação de trem Palermo C ganhou vida de uma hora para outra. Ali, na chamada Pasaje Echeverría, os restaurantes são pequenos quiosques, quase como food trucks embutidos em prédios, que servem os quitutes pelas janelinhas. Não há mesas – o negócio é encontrar um lugar para sentar na mureta dos canteiros de plantas ou mesmo na calçada. Perfeito para uma clientela jovem e sedenta por comidas de rua multiculturais, orgânicas e inventivas que viraram a marca registrada desse novo polo gastronômico.

Tudo começou em 2018, com o quiosque da Pony Pizza, com suas redondas de massa de fermentação natural, cobertas por ingredientes orgânicos e versões com queijo vegano. A receita se provou tão bem sucedida quanto o esquema de atendimento. Comer ao ar livre e sem serviço de mesa caiu como uma luva para tempos de pandemia, tanto que, ao longo do ano passado, outros tantos pequenos restaurantes com equipes enxutas e cardápios ousados vieram se juntar à pizzaria.

Algumas das janelinhas mais disputadas são as de inspiração asiática, como a do Orei Ramen, responsável pelos bowls de ramen mais disputados da cidade, preparados da forma clássica, com caldo cozido por 12 horas. Já o Sando de America é um quiosque especializado em interpretações nipônicas de sanduíches latinos. Uma "sanduicheria asiolatina", segundo a definição criada por eles.

Há lugar também para os clássicos argentinos com um twist moderninho, como o Vina, com suas empanadas de recheios orgânicos e vinhos naturais. Ou então para um bom café (de grãos especiais) com leite (vegetal, de fabricação própria) do Morro Café. E, para provar que tudo na Passaje Echeverría tem personalidade própria, no minúsculo bar de gin La Chintonería, o GT mais pedido leva iogurte de banana.

Villa Crespo e Chacarita: seguindo a "vibe" de Palermo

DJ comanda o som no interior do bar Sede, lotado de visitantes, em em Villa Crespo e Chacarita
Pequenos bares de coquetéis com música de DJs, como o Sede, são comuns em Villa Crespo e Chacarita - Visit Argentina/DVG

Apesar das múltiplas opções que a capital portenha oferece, há quem não troque o charme dos restaurantes de Palermo por nada. Se esse é o seu caso, vale atravessar a avenida Córdoba, onde os vizinhos Villa Crespo e Chacarita caminham a passos largos para se tornarem os novos polos gastronômicos e boêmios da cidade. Impressionante a quantidade de lugarzinhos descolados abertos por ali recentemente. Muitos deles, inclusive, já nasceram arejados, com pé direito alto e com espaço de sobra ao ar livre.

Bem o caso do Chuí, um enorme salão, grande parte aberto, que combina jardins com ares industriais. O lugar, aberto em março de 2021, faz tanto sucesso que aos finais de semana quem quer uma mesa tem que chegar às 19h. Ou então o C.A.N.C.H.A, que nem salão tem. Numa esquina de Villa Crespo, as pessoas comem as pizzas de fermentação natural na calçada mesmo. E ainda, seguindo essa proposta, há o Mercat Villa Crespo, um complexo com um pé direito altíssimo com mais de 30 quiosques de comidas de rua diferentes, que vão de empanadas típicas da província de Tucumán a sorvetes veganos, passando por kürtos, um cone de massa recheado típico da Transilvânia, na Romênia, sempre acompanhados de cervejas artesanais, vinhos nacionais e os mais diversos drinques.

Restaurantes de tapas exóticas e bares ultra especializados roubam a cena nesses bairros cheios de criatividade e frequentadores jovens. Em Chacarita, La Fuerza é uma "vermuteria", cujo vermute é feito na casa; Sede é um bar que tem o uísque como carro chefe; e Sifon, uma soderia – ou seja, todos os drinques levam soda. Para beliscar, as vedetes da área são o Ajo Negro, com inspiradas tapas espanholas, como o churro de lagostins com maionese de algas, ou ApuNena, que bebe na culinária filipina para criar seus belisquetes. A comida judaica está muito bem representada pelas delicadas porções do Chiri, inaugurado também no ano passado.

A personalidade jovem e criativa dessa nova Buenos Aires tem atraído a atenção do universo gourmand mundial. O Naranjo Bar, em Chacarita, por exemplo, entrou no Hot List 2021 da Condé Nast Traveller, seleto apanhado dos melhores restaurantes do mundo abertos no ano anterior. O bar de tapas e vinhos é fruto da parceria entre o chef Augusto Meyer e Nahuel Carbajo, que trabalharam juntos no Proper, em Palermo, filial do restaurante espanhol de Barcelona, que fechou durante a pandemia. É a prova de que Buenos Aires nunca parou de se reinventar e reabre mais saborosa do que nunca.

‘Catedral’ do polo abriga novo complexo gastronômico em Palermo

Com 15 opções que incluem bares, restaurantes, docerias e sorveterias, local é ideal para famílias aproveitarem o dia ao ar livre

Frequentadores do Bocha Polo aproveitam a ampla área aberta do complexo
Frequentadores do Bocha Polo aproveitam a ampla área aberta do complexo - Divulgação

As boas novas gastronômicas também chegam às mais célebres instituições portenhas. O Campo Argentino de Polo, tradicional estádio do bairro Palermo e conhecido mundialmente como "La Catedral del Polo", acaba de ganhar um centro gastronômico com 15 restaurantes, sorveteria e bares.

Programa perfeito para famílias curtirem o dia ao ar livre esparramados pelo gramado ou nas mesas e balcões das bem arejadas instalações locais, a ideia é que no Bocha Polo seja possível provar as especialidades de restaurantes que estão bombando em outros cantos da cidade, como as tapas filipinas do ApuNena, as costelinhas do Ribs Al Río e as especialidades armênias do Vika Cocina, por exemplo. Um detalhe curioso é o veto à venda de qualquer tipo de refrigerante no local, sugerindo que o visitante beba mais água em nome da saúde.

Complexo no Campo Argentino de Polo, em Palermo, abriga 15 restaurantes, bares, docerias e sorveterias
Complexo no Campo Argentino de Polo, em Palermo, abriga 15 restaurantes, bares, docerias e sorveterias - Divulgação

Também é interessante o fato de o complexo estar localizado entre duas canchas (campos) de polo, uma oportunidade de ouro para conhecer o estádio onde, desde 1928, acontece o Campeonato Argentino Abierto de Polo. O Bocha Polo abre às sextas das 17h à meia-noite, aos sábados das 12h à meia-noite e aos domingos das 12h às 21h. A entrada é gratuita.

>>> Mais informações em Visit Argentina