A Argentina é um verdadeiro parque de diversões para quem gosta de neve, com diversos centros de esqui, temporadas longas que vão de junho a outubro e preços imbatíveis. Mas, se à primeira vista, montanhas nevadas podem parecer todas iguais, cada uma vem com aquele temperinho que lhe faz única e perfeita para determinado grupo de pessoas. Qual é a sua?

1. Neve + clima familiar = La Hoya

Talvez você nunca tenha ouvido falar neste centro de esqui localizado a 12 quilômetros da cidade de Esquel, na Província de Chubut. La Hoya, no entanto, não é novidade, mas sim um segredo bem guardado. A estação nunca fica lotada, é colada à cidade, tem uma das temporadas de neve mais longas da Argentina e tarifas bem em conta. Para completar, sua neve é estilo powder –seca e em pó, aquela dos sonhos de qualquer esquiador ou snowboarder.

Inaugurada em 1974, é o segundo centro de esqui mais antigo do país. Gerações de pequenos argentinos aprenderam ali encarar trilhas nevadas, tradição que segue firme até hoje. O lugar é super familiar e perfeito para férias com crianças, que podem ter aulas com instrutores da ótima escola na base da montanha.

A montanha de La Hoya tem um total de 14 quilômetros esquiáveis, 8 meios de elevação que levam a 30 pistas, sendo 2 para iniciantes. Intermediários se dão bem com 12 pistas e os experts podem se esbaldar nas 7 difíceis e fora de pistas. Há dois restaurantes na base e outros dois na montanha. Nada muito sofisticado, mas conveniente. Afinal, quem chega ali quer mesmo é saber de neve boa até meados de outubro, quando muitas vezes já está quente o suficiente para esquiar sem casaco.

SERVIÇO

Temporada: de começo de junho a meados de outubro.

Bom para: famílias com crianças que querem curtir a montanha.

Como chegar à montanha: são 20 minutos de carro a partir de Esquel em estrada não pavimentada. Correntes para o pneu são necessárias. Não há serviços de traslado, mas táxis fazem o trajeto.

Para onde voar: Esquel com conexão em Buenos Aires. A Aerolíneas Argentinas voa.

Esticada legal: Dá para unir uma viagem a Bariloche com La Hoya. Pode ser uma boa oportunidade de conhecer uma montanha diferente, mais barata e ainda voar direto para Bariloche. Bônus: os 284 quilômetros que separam as duas cidades rendem uma bela road trip pela mítica Ruta 40.

2. Neve + jeitão alternativo = Cerro Perito Moreno

Muita gente confunde o cerro Perito Moreno com o glaciar de mesmo nome, aquele em que se fazem caminhadas que acabam com o famoso copo de uísque com gelo milenar. Este Perito Moreno, o cerro, é uma montanha esquiável ainda pouco conhecida dos brasileiros, apesar da proximidade da cidade que é praticamente sinônimo de neve no país: Bariloche.

Há muitas vantagens em conhecer esta novidade do inverno patagônico. Primeiro porque quem esquia no Cerro Perito Moreno se hospeda na pitoresca cidade de El Bolsón, uma versão "bicho grilo" de Bariloche, com um povo sossegado que cultiva produtos orgânicos, produz cervejas artesanais e busca um estilo de vida mais conectado com a natureza. E este novo centro de esqui com pouco mais de uma década de vida já foi criado com este espírito de crescer e preservar a natureza ao mesmo tempo.

A palavra de ordem aqui é variedade. A estação que cresce a cada temporada tem hoje 23 quilômetros esquiáveis e 16 pistas para todos os níveis, permitindo uma boa progressão técnica. Seus 11 meios de elevação levam montanha acima apenas 2 mil pessoas por dia a altitudes que superam as montanhas da região. Aqui, o cume está a 2.216 metros sobre o nível do mar, o que garante belas vistas da região. Além disso, é uma montanha coberta de bosques, que deixa o cenário invernal ainda mais belo.

Outra vantagem é o preço. Os passes custam menos do que os de Cerro Catedral, a montanha de Bariloche, e as aulas de esqui coletivas têm precinhos bem camaradas. Ou seja, é um lugar bom para começar e avançar no esqui ou snowboard. Mas também há uma série de outras atividades, como esqui alpino, nórdico, descidas de "esquibunda", caminhadas com raquetes de neve e um snowpark. Os ainda mais radicais podem fazer snowkite, modalidade em que o snowboarder é impulsionado por uma pipa como a de kitesurf.

Temporada: de junho a outubro.

Bom para: esquiadores iniciantes e intermediários que queiram intercalar o esqui com outras atividades na neve.

Como chegar à montanha: a estação fica a 26 quilômetros da cidade de El Bolsón, percurso que pode ser feito em táxis, carro alugado ou shuttles.

Para onde voar: Bariloche. El Bolsón é uma ótima escapada desde Bariloche. Vale alugar um carro para passar alguns dias por lá.

3. Neve + vista = Caviahue

Praticamente na fronteira chilena, em meio às montanhas andinas, este centro de esqui tem uma vista de cair o queixo. Ao pé do vulcão Caviahue e às margens do lago de mesmo nome, o lugar é rodeado por bosques de araucária típicos da Patagônia. Ou seja, o cenário da pequena vila de nem mil habitantes já valeria a viagem. Que é longa, por sinal. São 352 km a partir de Neuquén, onde está o aeroporto mais próximo. De Bariloche são 574 km em direção norte.

Quem chega encontra não apenas esta paisagem incrível, mas outra surpresa: um centro de esqui relativamente grande para um lugar tão pequeno, com capacidade para 8.800 esquiadores por hora. O Caviahue Ski Resort, a 1,5 quilômetro da cidade, conta com 13 meios de elevação para acessar 22 pistas para todos os níveis de esquiadores. Há também escola para adultos e crianças, loja de aluguel de equipamento, 5 restaurantes, sendo 3 deles na base e 2 na montanha. É até possível se hospedar aos pés da pista, no Grand Hotel e Spa, mas a maioria dos visitantes fica na cidade mesmo.

Em Caviahue há lindos passeios para quem não pretende passar o tempo todo esquiando e isso faz com que seja muito bem avaliado por famílias. Excursões em motos ou tratores de neve levam para lugares fantásticos como a Laguna Escondida, a Cascata Congelada do Vale de Jara ou para Copahue, vila de águas termais. Além disso, há trenós puxados por cães e caminhadas pelos bosques com raquetes de neve.

SERVIÇO

Duração da temporada: de 10 de junho a 30 de setembro

Bom para: famílias, para quem está começando no esqui ou snowboard e para quem quer unir esqui com belas paisagens.

Como chegar à montanha: o centro de esqui é colado à cidade, de modo que uma rápida corrida de táxi resolve.

Para onde voar: Neuquén. Há voos a partir de Buenos Aires pela Aerolíneas Argentinas. De Neuquén, há traslados em micro-ônibus para Caviahue.

Esticada legal: Uma road trip de Bariloche para Caviahue pode ser uma linda aventura, especialmente para quem está acostumado a guiar na neve.

4. Neve + romance = Cerro Bayo

A meio caminho entre Bariloche e San Martín de los Andes, Villa la Angostura é uma cidadezinha que parece de conto de fadas. Às margens do Lago Nahuel Huapi, é ali que oficialmente começa a Rota dos 7 Lagos, o passeio cênico de 105 quilômetros até San Martín. A natureza de outro mundo compõe lindamente com a pequena vila alpina cuja maioria das casas ainda é de madeira.

A 9 quilômetros da cidade, Cerro Bayo é considerado um centro de esqui boutique com 22 pistas que raramente ficam tumultuadas. Os 6 restaurantes da montanha apostam nos cardápios elaborados ao invés do fast food, as escolas de esqui são ótimas e tudo parece seguir um ritmo mais sossegado e intimista.

O charme sofisticado segue nos hotéis e restaurantes da cidade, o que faz dela uma ótima opção para casais que procuram um lugar romântico para passar as férias na neve. Intermediários e iniciantes têm uma boa oferta de caminhos, assim como experts, que contam com fora de pistas desafiadores. Além disso, há algumas atividades para quem não esquia como tubbing, passeio com raquetes de neve, arvorismo e trilhas para caminhada com sapatos de neve.

Duração da temporada: meados de junho a outubro

Bom para: casais que queiram bons restaurantes, hotéis românticos e neve, claro.

Como chegar à montanha: é bem perto da cidade, a apenas 15 minutos. Táxis e remises fazem o trajeto, partindo dos hotéis.

Para onde voar: Bariloche (a 80 km) ou San Martín de los Andes (a 105 km). Em ambas as possibilidades, o ideal é alugar um carro e curtir as incríveis paisagens pelo caminho. Apenas é bom atentar para a necessidade de ter correntes para os pneus no inverno.

5. Neve + gosto de aventura = Cerro Castor

Clima de aventura não falta a Ushuaia, a capital da Terra do Fogo, com toda a sua trajetória conectada às histórias das navegações e das explorações antárticas. Este clima reflete em Cerro Castor, a estação de esqui mais austral da América do Sul, que fica a 26 quilômetros de Ushuaia. Além obviamente das vantagens práticas, como ter neve ótima – estilo powder, aquela bem fofa – e por muito tempo. Até final de setembro o esqui é garantido. Tanto que 25 equipes internacionais treinam ali justamente pela qualidade da neve, duração da temporada e estrutura de primeira. Esportistas que vêm da França, Itália e Suíça, por exemplo.

Ir a Ushuaia no inverno significa curtir a montanha, até porque as atividades de verão, como ver pinguins ou fazer cruzeiros pelo canal de Beagle, só a partir de meados de outubro. E por mais que não seja uma cidade cheia de atrações como é Bariloche, por exemplo, Ushuaia é pitoresca e interessante. Tem restaurantes ótimos, pubs animados e museus bacanas como o Museu Marítimo del Presidio e o Museo del Fin do Mundo. Ou seja, no inverno, Ushuaia complementa perfeitamente os dias em Cerro Castor.

E não falta montanha para aproveitar. Cerro Castor é um centro de respeito, com 650 hectares esquiáveis, 34 pistas para todos os níveis, 12 meios de elevação e 8 restaurantes, bares e cafeterias. Além de pista de patinação no gelo, um snowpark, áreas de fora de pista para experts, circuito de ski cross, loja de aluguel de equipamento e escola de esqui e snowboard para adultos e crianças. Outra vantagem é que as altitudes em Cerro Castor não deixam ninguém sem fôlego – não passa de 1.057 metros.

SERVIÇO

Duração da temporada: 20 de junho a 6 de outubro

Bom para: quer quer esquiar numa montanha enorme e variada, além de conhecer a história das explorações.

Como chegar à montanha: são 30 minutos em estrada asfaltada e boa, mas não se recomenda alugar carro. Todos os hotéis e agências de turismo organizam traslados.

Para onde voar: Ushuaia, com conexão em Buenos Aires.

SERVIÇO ESQUI GERAL

Melhor época para ir

A temporada de esqui na Argentina pode ir de junho a outubro, dependendo da estação. No entanto, para garantir uma neve da melhor qualidade, os melhores meses são julho e agosto. Não à toa, essa época é considerada altíssima temporada e as tarifas são mais salgadas. Em muitos centros de esqui há semanas especiais – campeonatos, eventos temáticos, promoções especiais (kids free, por exemplo). Vale estudar a melhor semana para você.

O que levar

A maioria das estações da Argentina conta com lojas de aluguel não apenas de equipamento como também de roupas de esqui. Vale muito para quem não pretende esquiar com frequência ou quer apenas ver se gosta. Mas, se for ficar hospedado na própria montanha, vale investir em uma bota impermeável e bem quentinha para usar à noite.

Passe de esqui

Os pacotes de viagens para esquiar geralmente já incluem aluguel de equipamento e passe de esqui (Ski Pass). Viajantes independentes podem comprar até mesmo online este passaporte que dá acesso aos meios de elevação. Ele pode ter duração de apenas 1 tarde, 1 dia ou até vários dias consecutivos. Os valores dependem da duração e da época da temporada.

Câmbio

O peso argentino está desvalorizado diante do dólar (US$ 1 = 232 pesos) e do real (R$ 1 = 47 pesos, de acordo com a cotação média oficial). Assim, está vantajoso para o turista brasileiro viajar pelo país.

Documentação

Para entrar na Argentina, os brasileiros devem apenas apresentar uma cédula de identidade válida (RG) ou então o passaporte internacional também válido. O período de permanência no país não deve ultrapassar 3 meses.

DICA PARA INICIANTES

Analise as montanhas. Caso a ideia seja aprender a esquiar, antes de fechar a viagem avalie a porcentagem de pistas fáceis (verdes) e intermediárias (azuis). Fuja das montanhas com maioria de vermelhas (difíceis) e pretas (experts). Montanhas com muito pouca opção de pistas verdes acabam forçando uma evolução mais rápida para as azuis, o que pode ser um risco. E, independentemente de seu nível de esqui, nunca faça uma viagem dessas sem contratar um bom seguro saúde com cobertura para esportes de neve.