Uso correto das ferramentas tecnológicas melhora gestão e qualidade do atendimento
Um paciente oncológico registra diariamente no aplicativo do celular todos os passos do seu tratamento: se sente dor ou mal-estar, a que horas toma o remédio, o que come, quanto dormiu. As informações são acessadas pelo médico que, mesmo de longe, acompanha tudo.
Uma impressão em 3D, feita a partir das imagens do ultrassom, reconstitui o rosto do feto para que a futura mãe, deficiente visual, entenda todo o desenvolvimento do bebê.
Aplicativos, relógios digitais, impressões 3D e outra infinidade de ferramentas permitem aos médicos conhecer melhor seus pacientes, tornando esse relacionamento mais humano.
Para Leonardo Vedolin, diretor médico de imagem da Dasa, o uso correto de tecnologias em saúde deve aumentar a eficiência do processo e melhorar a qualidade do atendimento. "Novas tecnologias têm ajudado a melhorar o acesso à comunicação entre médicos e pacientes, incluindo maior controle sobre uso de medicamentos ou de testes diagnósticos. Há diversas ferramentas que estimulam o paciente a ficar mais engajado em seus cuidados com a saúde", diz.
Alguns estudos já começaram a ser realizados para avaliar o impacto das tecnologias na relação entre médico e paciente. Na última reunião da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco), o maior congresso científico da área no mundo, realizado em junho último em Chicago, foi apresentado um estudo que apontou uma série de benefícios advindos do uso da tecnologia.
"Sempre há o receio de que a tecnologia possa tornar a medicina mais impessoal e fria. Mas esse estudo mostrou que pacientes que interagiam com novas tecnologias tiveram, até mesmo, sobrevida maior do que os que interagiam apenas com os médicos", afirma Claudio Domênico, coordenador de cardio-oncologia do Hospital Pró-Cardíaco.
Para Domênico, as novas tecnologias deverão trazer benefícios principalmente para os moradores de áreas mais remotas. "A tecnologia facilita a disseminação de informações. É preciso valorizar o tempo com o paciente, olhar para ele, dar atenção. É a medicina high touch na era high tech."
A tecnologia também tem ajudado, e muito, os pacientes, segundo afirma Merula Steagall, que preside a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia. "É gigantesca a evolução nesse período. O paciente pode entrar em contato com outras pessoas que enfrentam o mesmo problema e essa conexão é importante. Os aplicativos também ajudam", diz.
Roberto Botelho, presidente da Telemedicine Networking do Brasil (ITMS), afirma que o programa Latin America Telemedicine Infarct Network ajuda postos de saúde de todo o país a tratar o infarto pela metade do custo. Nas regiões onde funciona o programa, o índice de mortes por infarto é de 7% _a média brasileira é de 25%
"A tecnologia vai possibilitar ao médico ter mais tempo para se dedicar ao paciente. É claro que isso depende da conduta do médico que atende, mas, seja como for, a tecnologia humaniza. Existe algo mais humano que conseguir salvar vidas?", questiona Botelho.