"Brasil reconhece a China de Mao" foi a manchete da Folha no dia 16 de agosto de 1974, um dia após o país reatar relações diplomáticas com a República Popular da China.
A foto que ilustrava a primeira página do jornal naquele dia exibe o então chanceler brasileiro, Antônio Azeredo da Silveira, o vice-ministro do Comércio da China na época, Chen Chien, e outros representantes brasileiros e chineses, no Itamaraty, brindando com xícaras de café.
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Parecia algo improvável. O Brasil, em plena ditadura militar, retomava relações com o país liderado por Mao Tse-tung que haviam sido rompidas com o golpe de 64.
O pragmatismo falou mais forte que ideologias. Os militares eram pressionados por empresários brasileiros interessados em levar seus produtos para o gigante asiático. Principalmente o café, que foi justamente a bebida usada para brindar o fato histórico dos dois países em 1974.
Havia ainda a intenção do governo brasileiro de mostrar, sobretudo para os EUA, a independência da sua política externa. Além da China, na sequência o Brasil reconheceu a independência de dois países africanos, ex-colônias portuguesas, que passaram a ser dirigidos por governos de esquerda.
Em novembro de 1975, o governo brasileiro se tornou o primeiro do mundo a reconhecer a independência de Angola. No mesmo mês, foi a vez de Moçambique.
Os EUA só foram reatar as relações diplomáticas com a China em 1979, três anos após a morte de Mao.
O país, então, já iniciara uma série de reformas econômicas com a finalidade de desenvolver o país e abri-lo para relações comerciais com os países do ocidente. Eram conduzidas por Deng Xiaoping.
As relações entre Brasil e China tiveram um impulso a partir da década de 80, deixando de ser um relacionamento pragmático para se tornar uma parceria estratégica.
Após o reatamento das relações diplomáticas com os chineses, de todos os presidentes brasileiros, desde Ernesto Geisel (1974-1979), somente Itamar Franco e Fernando Collor de Mello não visitaram o país asiático.
*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha