Celebrações ganham o dia, encurtam distâncias e reaproximam os amigos

Com uma mãozinha da tecnologia, encontros diurnos trazem conforto, alegria e afeto, se consolidando como um saudável hábito social

Normalmente reservados aos domingos em família e datas comemorativas, as celebrações diurnas ganharam espaço ao longo dessa pandemia, como uma válvula de escape e conforto. Com a participação dos amigos e a princípio por meios virtuais, essa agenda foi se consolidando como um novo hábito de uma sociedade que se viu obrigada a revisar seus relacionamentos.

“Aproveitar o dia em ambientes seguros com aqueles que mais prezamos... Termos ficado, de repente, impedidos disso nos fará transmitir às crianças que esses momentos têm ainda mais valor”, avalia a engenheira ambiental Livia Boccia, mãe de Antonio, 1.

Das tantas renúncias impostas pelo isolamento social, com o tempo poucas se tornaram tão caras quanto o impedimento de estar com amigos e entes queridos. E não demorou para que percebêssemos e ressignificássemos a essencialidade do encontro, da amizade e da necessidade de celebrar a vida. Uma lição aprendida de forma dura, mas que, por ter se revelado positiva, deve se manter no futuro.

“Nos constituímos por meio dos nossos laços afetivos. Sem o contato direto com nossas valiosas relações interpessoais e com uma ruptura tão abrupta, sentimos ruir o que entendemos como a nossa rede de proteção”, afirma a psicóloga Anyela Monteiro.

A tecnologia ajudou demais nesse aprendizado. No início da crise sanitária, a exemplo do que ocorreu no ambiente escolar, nas consultas médicas, no mundo do trabalho e nas atividades culturais, rapidamente os encontros migraram para as telas dos celulares e computadores.

Com a agenda cultural e a vida noturna suspensas, os encontros diurnos com pequenos grupos para celebrar a amizade e a vida representaram uma alternativa segura para cuidar da saúde emocional e das nossas relações dentro de uma nova ordem estabelecida. Essas reuniões também ganharam um sabor especial com a troca de receitas e o preparo de drinques, levando muita gente a perder o medo e a se arriscar em casa (confira dicas).

“Em um século, o avanço tecnológico terá mudado o trabalho, a educação e também as relações humanas. O que nos lembraremos é de como esses encontros foram essenciais. Nossos filhos vão assimilar essa ideia, e nossos netos terão prazer em valorizar esses momentos”, diz Livia.

Para ela, não se trata da morte dos encontros noturnos, das baladas, mas do renascimento de um tipo de reunião “que já conhecíamos, mas negligenciávamos”.

“Assim como transmitiremos mais sobre empatia e coletividade, incutiremos nas próximas gerações o gosto por esses encontros que fomos obrigados a redescobrir”, avalia a assistente social Natália Silveira.

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