Pesquisa mostra que consumidor deseja maior privacidade de dados

Atividades do dia a dia geram milhões de informações sobre hábitos e preferências; Mastercard cria diretriz para proteção de dados e diz que eles pertencem ao consumidor

Cresce preocupação das pessoas com o uso de seus dados

Cresce preocupação das pessoas com o uso de seus dados Unsplash

A tecnologia e o mundo digital, com todas as suas conectividades, facilitam e muito a vida das pessoas. Mas ao navegar na internet, visitar redes sociais, utilizar um aplicativo ou fazer compras online ou mesmo presencialmente as pessoas disponibilizam uma série de dados sobre seus comportamentos, preferências, lugares que frequentam ou grupos sociais de que fazem parte.

Essa imensidão de dados —o chamado “big data”—, alguns privados e sensíveis, se tornou um insumo de alto valor comercial. Um estudo apresentado no Fórum Econômico Mundial de Davos, em 2019, estima que o compartilhamento de dados entre organizações e empresas de diferentes países pode gerar US$ 3 trilhões anuais em termos de negócios e economias de escala.

À medida que cresce, o uso desses dados se torna uma preocupação a mais para seus reais donos. Uma pesquisa internacional encomendada pela Mastercard mostra que nove em cada dez pessoas consideram importante a privacidade de seus dados. No entanto, apenas um quarto dos entrevistados afirma que as companhias estão fazendo um trabalho muito bom ao lidar com essas informações.

Na opinião dos entrevistados, confiança é fundamental. Entre os ouvidos pelo estudo no Brasil e na Índia, a maioria disse preferir produtos ou serviços de uma empresa que seja transparente no uso dos dados.

Para contemplar a preocupação das pessoas e lidar de forma ética com as informações a que tem acesso, a Mastercard estabeleceu um código internacional de responsabilidade de dados (“data Responsability Imperative”, em inglês) com uma série de princípios que orientam desde a coleta até o gerenciamento e o uso de dados.

O código de responsabilidade da Mastercard parte do princípio de que as informações são propriedade de quem as gerou, portanto devem ser utilizadas a seu favor e com seu consentimento. Isso, apesar de as informações originadas das transações financeiras serem todas criptografadas e tratadas para preservar os dados de seu proprietário.

“Os indivíduos são os donos de seus dados pessoais, têm o direito de controlar como essas informações são compartilhadas e de se beneficiar do uso delas”, afirma Leonardo Linares, vice-presidente de Data & Services da Mastercard Brasil. “E cabe às empresas proteger esses dados”, diz.

“Os indivíduos são os donos de seus dados pessoais, têm o direito de controlar como essas informações são compartilhadas e de se beneficiar do uso delas”

Leonardo Linares, vice-presidente de Data & Services da Mastercard Brasil

A empresa criou um portal internacional chamado My Data, com o objetivo de permitir que consumidores em todo o mundo possam conferir e gerenciar quais informações pessoais são detidas pela Mastercard. O controle do uso de dados — para fins de análises e marketing— é feito por meio de formulários online, incluindo ferramentas do tipo “opt-out” que permitem a interrupção de abordagens indesejadas.

Todos os produtos incorporam os princípios de responsabilidade por dados em seu processo de desenvolvimento. Isso significa que não utilizam dados coletados de clientes, como preferência e hábitos de consumo, em seu plano de negócio.

A Mastercard adotou ainda mecanismos robustos, com certificações internacionais, de transferência de dados, incluindo Regras Corporativas Vinculantes (BCR, em inglês Binding Corporate Rules) para envio de dados pessoais globalmente.

USO CONSCIENTE

Apesar da preocupação geral, cientistas de dados reconhecem que o uso apropriado de informações geradas por milhares de pessoas, a partir de transações financeiras e de redes sociais, pode ser determinante no sucesso de políticas públicas para reduzir o impacto das mudanças climáticas, controlar a disseminação de doenças, além de inviabilizar iniciativas do crime organizado, do terrorismo internacional e evitar a lavagem de dinheiro.

“Os dados são uma grande promessa como um recurso transformador para o bem social”, diz JoAnn Stonier, Chief Data Officer da Mastercard. “Na acelerada economia digital de hoje, enfrentamos circunstâncias nunca antes vistas que testam diariamente a nossa ética. Precisamos de altos padrões de dados que nos permitam enfrentar essas situações de frente, sabendo que nossas práticas são consistentes e baseadas no tratamento de indivíduos e de seus dados com decência”, afirma.