A importância de respeitar não apenas a biologia do paciente, mas a biografia de cada um permeou todas as discussões do 11º Fórum Nacional de Políticas de Saúde em Oncologia On-line.
Daniel Forte, gerente médico de humanização do Hospital Sírio-Libanês, reforçou a importância do tratamento humanizado e dos cuidados paliativos em todas as etapas do tratamento de câncer, desde o diagnóstico.
“Cuidado paliativo não é sinônimo de fim da vida e não está relacionado com o prognóstico (parecer médico acerca da evolução da doença). É uma abordagem para cuidar do sofrimento, do medo e da dor do paciente e dos familiares diante de uma doença grave que ameaça a vida”, explicou.
Segundo Forte, precisamos ampliar o entendimento em relação ao tema. “Pensar no cuidado paliativo como uma fase da doença, quando não há mais tratamento curativo, é coisa do século passado. Na medicina do século 21 essa é uma abordagem que exige técnica e habilidades que devem ser desenvolvidas pelos profissionais de saúde.
De acordo com a definição da OMS (Organização Mundial da Saúde), “cuidados paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e de seus familiares diante de uma doença que ameaça a vida, por meio da prevenção e do alívio do sofrimento, pela identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais”.
O especialista afirma que os médicos devem focar também os desconfortos dos pacientes oncológicos. Entre os sintomas físicos do câncer estão dores, dificuldade de respirar, falta de apetite, fadiga, boca seca, náuseas e vômitos.
“Os médicos precisam aprender a controlar esses sintomas de maneira estruturada. Isso é técnica, não é bom senso. E se faz com medicamentos, com evidências científicas. No Brasil, as pessoas vivem e morrem com dor e falta de ar. É inadmissível: temos que reverter essa situação”, disse.
Controlando os sintomas, os resultados podem ser melhores do que se imagina. “Pesquisas mostram que adotar os cuidados paliativos de forma integral e precoce aumenta não apenas a qualidade de vida mas a sobrevida do paciente.”
Forte destacou a importância de cultivar a consciência do prognóstico. “Isso significa estudar todas as possibilidades. Ter um plano B, mas pensar no plano Z. Torcer pelo melhor e estar preparado para o pior.”
Ele reforçou que os cuidados paliativos podem e devem ser realizados por todos os profissionais que cuidam de pacientes graves, e é necessário desenvolver habilidades e competências para isso. “Nosso objetivo é ajudar o paciente a atravessar a tempestade com menos sofrimento.”