Descrição de chapéu câncer

Patologia tem papel fundamental para diagnóstico do câncer

11º Fórum Nacional de Políticas de Saúde em Oncologia abordou a falta de laboratórios e de profissionais no Brasil

O tratamento correto de um câncer se dá a partir do diagnóstico preciso. Parece óbvio, mas pouco se fala do papel imprescindível do patologista nesse processo. Ele é o responsável pelo diagnóstico do tumor, com tipo e subtipo.

Kátia Leite, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), falou no 11º Fórum Nacional de Políticas de Saúde em Oncologia On-line, promovido pelo Instituto Oncoguia, sobre os desafios para um diagnóstico ágil e de qualidade do câncer.

Ela afirmou que não há laboratórios de patologia suficientes no país. “São 6.000 laboratórios no Brasil, sendo que apenas cerca de 2.000 atendem o Sistema Único de Saúde (SUS). Isso acontece porque a remuneração é defasada, inadequada. O repasse do SUS não cobre nem os custos do trabalho.” Segundo Kátia, por conta da baixa remuneração, faltam patologistas.“Menos de 2% dos médicos formados querem fazer essa especialização.”

Todo diagnóstico de câncer passa pela biópsia: parte do tumor é retirada, e o médico patologista, após analisar o material, redige um laudo anatomopatológico, que auxilia na definição do melhor tratamento pelo oncologista. Por meio da biópsia e de outros exames realizados pelo patologista, como o estudo imuno-histoquímico para a determinação dos receptores hormonais, é possível determinar o melhor tipo de medicação.

Apesar dos problemas enfrentados pelo setor, existem iniciativas que podem ajudar a melhorar a situação da patologia no Brasil. Maira Caleffi, mastologista do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre (RS), apresentou um case inspirador.

A cidade faz parte do City Cancer Challenge (C/Can), iniciativa global que tem como objetivo apoiar as cidades a melhorar o acesso dos pacientes a diagnóstico e tratamento de câncer, oferecendo serviços de qualidade. O programa foi criado pela União Internacional de Controle do Câncer (UICC).

A ideia é formar alianças estratégicas para planejar e implementar soluções de saúde. Em Porto Alegre, a iniciativa reúne a Secretaria Municipal de Saúde, a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), o Hospital Moinhos de Vento e todas as instituições públicas e privadas que prestam serviços oncológicos na cidade.

“O comitê identificou 88 problemas e 13 objetivos que passam por diversas áreas do câncer. Em patologia, o projeto busca melhorar a qualidade e a rastreabilidade dos laboratórios, padronizar os laudos, integrar os dados e desenvolver e implementar um programa de controle de qualidade dos laboratórios”, afirmou Maira.