Descrição de chapéu câncer

Especialistas sugerem ações para minimizar impacto da pandemia na oncologia

Segundo médico, risco da exposição ao vírus é significativamente menor do que o risco de atraso no tratamento

O último dia do 11º Fórum Nacional de Políticas de Saúde em Oncologia On-line reuniu especialistas de diferentes áreas para discutir estratégias para reduzir o impacto da pandemia de Covid-19 no diagnóstico e tratamento de pacientes com câncer.

Felipe Roitberg, oncologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), da Faculdade de Medicina da USP e consultor da Organização Mundial da Saúde (OMS) para gestão e controle do câncer, apresentou um programa desenvolvido para pontuar o impacto da pandemia a partir do mapeamento de 159 países.

“Precisamos usar informações precisas e ferramentas adequadas para planejar e definir rumos e estratégias de mitigação do impacto da pandemia na oncologia”, afirmou.

As sugestões de Roitberg:

  • Melhorar a qualidade dos dados coletados;

  • Simular o impacto das interrupções (de exames, tratamentos, cirurgias);

  • Desenvolver estratégias de mitigação personalizadas, alinhadas com desfechos;

  • Envolver-se efetivamente com o estado, advocacy e sociedade civil;

  • Mudar a mentalidade: entender gasto em saúde como investimento na sociedade.

“Para cada dólar investido, US$ 2,30 retornam como ganho de produtividade para a sociedade, ou seja, investir em oncologia, diagnóstico precoce e cuidado da população é produtivo inclusive para a economia”, concluiu.

Paulo Hoff, presidente do Conselho Diretor do Icesp, comentou que, no início da pandemia, nem os médicos imaginavam que duraria tanto tempo. Por ser uma doença nova, também havia pouca informação a respeito.

“Enfrentamos um dilema em relação ao risco de atraso nas consultas, exames e tratamentos versus o risco de exposição à Covid-19. Mas logo ficou claro que o risco da exposição ao vírus é significativamente menor do que o risco de atraso no tratamento”, afirmou Hoff.

Nesse contexto, ele reforçou a importância da criação de áreas seguras nos consultórios e hospitais, com protocolos de separação de fluxos e pacientes, a revisão dos protocolos de acompanhamento e a substituição de parte das consultas presenciais por teleconsultas.

“No Icesp, nosso plano é que até 60% das consultas presenciais sejam substituídas por consultas virtuais”, disse.

“Precisamos conscientizar a população sobre a importância da retomada dos exames preventivos e de diagnóstico. Paralelamente, estudar maneiras de aumentar a oferta desses exames pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a exemplo do que tem sido feito com as UTIs para Covid durante a pandemia”, concluiu.

Gelcio Mendes, diretor-geral substituto e coordenador de assistência do Instituto Nacional do Câncer (Inca), falou sobre o que considera ações de prioridade imediata para o combate ao câncer no SUS.

“É urgente a retomada dos procedimentos de rastreio, como a colpocitologia para o câncer de colo do útero, e a incorporação dos protocolos de segurança para as cirurgias, com testagem de pacientes e ambientes livres de Covid.”

Os especialistas vêem os avanços com a telemedicina como um legado positivo da pandemia. “O teleatendimento é uma grande oportunidade para reduzir o gargalo das consultas, em especial para pacientes em acompanhamento da doença. Tanto para monitoramento como para suporte psicológico”, afirmou.