A dificuldade de acesso ao diagnóstico e a tratamentos oncológicos no Brasil vai muito além dos exames e terapias de ponta. Enquanto cerca de 60% dos pacientes com câncer já fizeram ou vão precisar de tratamento com radioterapia em alguma fase da doença, há uma concentração dos equipamentos nas regiões Sul e Sudeste, enquanto faltam máquinas nas regiões Norte e Nordeste.
“75% das regiões de saúde do Brasil não têm equipamento de radioterapia. Isso implica o deslocamento dos pacientes para tratamento, o que dificulta ainda mais o acesso”, afirmou Marcus Castilho, presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT).
A pandemia só aumentou esse gargalo, e não apenas para a radioterapia. Segundo Alexandre Ferreira Oliveira, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), entre abril e julho de 2020, houve redução de 70% no percentual de cirurgias oncológicas no sistema público de saúde. “Vale lembrar que 59% dos tumores iniciais são tratados apenas com cirurgia”, afirmou
A parceria público-privada pode ser uma estratégia para ampliar o acesso e diminuir os gargalos para o diagnóstico e tratamento do câncer no país.
Cases de sucesso desse tipo de parceria no enfrentamento da Covid-19 foram apresentados no encerramento do 11º Fórum Nacional de Políticas de Saúde em Oncologia On-line, promovido pelo Instituto Oncoguia, como referência para iniciativas futuras com foco no combate ao câncer.
Gonzalo Vecina, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP e ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) apresentou o Todos Pela Saúde. Criado em abril de 2020, o programa foi uma iniciativa do Banco Itaú para atuar no combate à pandemia e contou com um time dos maiores especialistas em saúde do país.
As ações incluíram ampliação da capacidade de hospitais, compra de insumos estratégicos e testagem populacional. Em fevereiro deste ano, o Todos pela Saúde tornou-se um instituto com a missão de contribuir para o fortalecimento e a inovação na área de vigilância em saúde no Brasil.
Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza e CEO do Grupo Mulheres do Brasil, apresentou o movimento Unidos Pela Vacina, que visa facilitar a vacinação contra a Covid.
“O movimento atua em diversas frentes, mas principalmente junto aos quase 5.600 municípios do Brasil, facilitando a aquisição de insumos como seringas e agulhas, reformando postos de saúde e fornecendo infraestrutura para a vacinação, inclusive notebooks para facilitar a conexão ao sistema de saúde”, disse a empresária.
O Grupo Mulheres do Brasil conta com quase 100 mil mulheres de diversos setores da sociedade civil e tem como objetivo criar um engajamento político e suprapartidário em busca de melhorias para o país. Luiza Trajano se colocou à disposição, em nome do grupo, para desenvolver projetos com o Oncoguia em prol do combate ao câncer no Brasil.